deconstruções...

relevado daqui...


Lido no próprio boletim publicado pelo INE.

PIB cresceu 0,5% no 2º trimestre de 2005

O PIB português cresceu, em termos reais, 0,5% no 2º trimestre de 2005 face ao período homólogo, acima do verificado no trimestre anterior (0,1%).

Relativamente ao 1º trimestre de 2005, o PIB aumentou 1,0% em volume, em virtude do crescimento das Exportações de Bens e Serviços. No conjunto do 1º semestre, o PIB cresceu 0,3% em volume, face a igual período do ano anterior.

EXPORTAÇÕES DE BENS E SERVIÇOS?

Ao nível das Exportações de Bens, a recuperação foi mais notória, tendo-se registado uma variação em volume de 1,0% face a igual trimestre do ano anterior (-0,7% no 1º trimestre).

Pelo contrário, as Exportações de Serviços apresentaram uma variação homóloga de -4,2%, agravando-se face ao registado no trimestre anterior (-1,7%). De realçar a quebra da generalidade dos serviços, mas particularmente ao nível do turismo, com um comportamento muito desfavorável no 2º trimestre de 2005, face ao período homólogo. Este facto estará também relacionado com um efeito de base, tendo em conta a realização do Euro 2004 no 2º trimestre desse ano.

Em termos nominais, o saldo da Balança de Bens e de Serviços registou uma ligeira melhoria, cifrando-se em -8,3% do PIB (-8,9% no trimestre anterior).

CONTRADIÇÃO? TALVEZ!

Sobre confiança empresarial, tão apregoada hoje pelo sr. Primeiro-Ministro:

Investimento intensificou quebra homóloga No 2º trimestre de 2005, o Investimento caiu 4,5% em volume face ao trimestre homólogo, o que denota uma deterioração face ao registado no período anterior, no qual a variação tinha sido -1,3%.


Mas temos mais dados curiosos e interessantes.

Se o contributo da procura externa liquida recebeu tão forte impulso das exportações, para onde foram as exportações? Cresceram apenas 1%? Logo houve uma redução forte nas importações?

Pois o consumo privado subiu mais de 3%? De onde veio o consumo? Das importações não foram, foi da nossa indústria? Mas a nossa indústria continua em queda, ou os dados estão errados?

Ao nível do VAB dos ramos de actividade, destaque-se o ramo Indústria, que passou de uma quebra homóloga de 3,3% em volume no 1º trimestre de 2005, para uma quebra de 1,3% no 2º trimestre.

Após alguns trimestres em que a produção dirigida ao mercado nacional sofreu sucessivas reduções, no 2º trimestre de 2005 foi sobretudo esta componente que
mais contribuiu para o desagravamento, bem patente no Índice de Volume de Negócios da Indústria para o mercado nacional.

A indústria nacional foi a principal responsavel pela satisfação das vendas nacionais? E mesmo assim, com um crescimento económico muito elevado, no global a nossa indústria continua sob recessão? Como pode isto ser possível?

Mas os próprios dados anteriores do INE desmentem essa possibilidade. O volume de negócios da industria em Abril subiu apenas 2%, em Maio caiu 0,3% e em Junho subiu 7,7%, mas que não foi suficiente para justificar a aparente boa "saúde" da indústria. Afinal a produção indústrial em Abril subiu apenas 0,3%, em Maio caiu 4,3% e subiu apenas 2,4% em Junho.

Ou tivemos a maior multiplicação dos pães desde os tempos idos de Cristo, ou podemos estar perante a maior falsificação das nossas Contas Nacionais, desde que há memória.

O mais interessante é comparar os dados hoje publicados com os do Banco de Portugal, que regista uma queda da actividade económica no mesmo período. O que aliás, é uma tendência registada desde o fim do Euro 2004.

Este é um país de artistas na arte de enganar tolos. Todos economistas, mas quase todos mesmo, desde os das principais casas de investimento portuguesas até ao Banco de Portugal enganaram-se, mesmo conhecendo a maior parte dos dados publicados. Como é possível que todos os economistas se tenham enganado e o INE tenha revelado ao mundo que Portugal teve uma das melhores perfomances económicas da europa?

E que essa perfomance económica não é traduzível nos indices de confiança, seja dos consumidores, comérciantes, industriais e demais agentes económicos?

Portugal hoje vive num oásis interessante. Crise? Qual crise económica? Isso só existe na cabeça de alguns profetas da desgraça.

E no entanto...

Se o autor encarecidamente se decidir a contactar-nos por e-mail...

Publicado por Manuel 18:40:00  

4 Comments:

  1. Anónimo said...
    Não há aí mistério nenhum. A coisa é muito simples.

    Com as reformas profundas em andamento e outras que se anunciam, o país só pode ir para a frente. O empresariado começa a acreditar que com este governo Portugal vai dar a volta.

    Veja-se o caso de Troia. Foi preciso este governo para este projecto ir para a frente e arrancar defintivamente. Embora já no tempo de Guterres tenha levado um empurrão, era Augusto Mateus o ministro. Depois ficou tudo parado no governo do PSD/PP.

    Veja-se o caso da Solvay, foi preciso este governo para trazer para cá um serviço de alta qualidade que vai empregar centenas de licenciados, quando havia mais 96 cidades no mundo a disputarem a preferência.

    Lembram-se de Sócrates ter disputado a realização do Euro2004? Foi ele e Portugal que ganharam, não foi? Um evento que prestigiou Portugal e criou riqueza, ao contrário do que dizem alguns analfabetos em economia.

    É o que dá fazer o trabalho de casa e não andar entretido em negociatas, como faziam alguns ministros do anterior governo.

    Portugal tem futuro. Desde que não se entrege o poder a negociantes de negociatas encapotados de políticos.
    Anónimo said...
    Este gajo é burro
    Anónimo said...
    Caro Manuel

    Acredita mesmo que se o autor do comentário tivesse encontrado algo relevante desta magnitude andaria a gastar o seu tempo a comentar no seu blog???

    Estará nesta altura a consultar o índice de Introdução à Economia para ver se descobre o que se passa...

    Palpita-me que deverá esperar sentado por uma revelação...
    Anónimo said...
    Caro Manuel,
    Com tanta perspicácia e tanto saber da sua parte, pergunto-me o que anda por aqui a fazer. Tão brilhante mente já deveria ter sido aproveitada em prol da nação.

    Mas adiante.
    As respostas a grande parte das suas dúvidas estão precisamente nas linhas que escreveu ou trascreveu. Mas por vezes há coisas que nos toldam as ideias e as vistas.

    Então acha que é uma contradição as exportações de bens melhorarem e as de serviços piorarem? Então mas elas têm necessariamente de andar a par? Sobretudo quanto teve o Euro 2004 no 2º trimestre desse ano, efeito que se verificou em grande parte ao nível das exportações de serviços, no que diz respeito a serviços bancários e de comunicações? Mas que tem isto a ver com bens?

    Como bem referiu, o investimento cai e muito. Nada que aponte confiança. Muito pelo contrário, só mostra a desconfiança das empresas no futuro.

    Quanto à satisfação da procura interna, esta não veio exclusivamente do mercado nacional. Nem tal seria possível. Se quiser procurar convenientemente, há um efeito negativo ao nível das existências. Acha que as importações de TODOS os produtos conseguem reagir de uma forma tão rápida a partir do momento em que foi anunciado o aumento da taxa de IVA?

    E deixe-me contribuir um pouco mais... há uma diferença grande entre produção industrial e vendas... chama-se variação de existências...

    E para finalizar, gostaria de deitar por terra outro mito. O efeito do petróleo.
    O preço tem subido muito, é certo. Mas estamos a falar de contas do 2º trimestre, ou do 3º? Quando vejo tantos a falarem do petróleo, fico na dúvida... é que o aumento mais substancial do preço do petróleo aconteceu desde Junho para cá.
    E, informação importante, as importações de petróleo portuguesas têm um desfasamento de cerca de um mês face às cotações internacionais do crude.
    Há ainda outra questão importante: valor de importações = quantidade x preço. E no segundo trimestre, apesar do aumento do preço (não tão significativo quanto o que iremos observar no 3º), as quantidade importadas baixaram. Natural. Só temos de dar os parabéns aos colegas da Petrogal que gerem os stocks e as compras, que sabem a analisar os mercados e reduzir as importações. Utilizando o que têm em stock.

    Não percam tanto tempo com teorias da conspiração e tenham mais o cuidado de se informarem e esclarecerem convenientemente.

    E digo o que já disse noutro comentário: só embandeira em arco quem quer. Os números são o que são e os efeitos pontuais e reversíveis são notórios.

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