uma questão de imagem
quarta-feira, agosto 03, 2005
Em Portugal só mesmo o Francisco José Viegas é que levou, desde o início, o affair que já deu o mensalão, a sério. Os outros, mesmo os que até tratam com alguma sobriedade a notícia, angélicos, não resistem à tentação de pintar o caso como algo de exclusivamente brasileiro, próprio da realidade daquele país tropical, logo impassível de ocorrer em Portugal, até pelas diferenças substanciais ao nível do modelo de sistema político, sendo que o o envolvimento de empresas portuguesas é relevado pelo picante ao mesmo tempo que é relativizado enquanto custo de contexto, já que se lá é assim e querem estar lá, logo... O requiem do Brasil de Lula será assim, apenas e só, uma metáfora, um último estertor, de uma certa corrente de ideais. Dá-se porém o caso de muitos estarem a ver o filme com a mesma veia poética, e ingénua, que acusam outros de no passado ter tido para com Lula, e o contexto que lhe permitiu emergir. Os negócios já a descoberto no Brasil já movimentaram verbas bem superiores, descontada a inflação, às que apareceram citadas no escândalo que arrumou com Collor, e que começou como uma coisinha localizada em Alagoas, e só por distração, pura distração, pese o nome, mensalão, é que se pode dizer que o epicentro do escândalo é o pagamento de luvas a deputados brasileiros. O verdadeiramente interessante, e grave, no mensalão, na CPI dos correios, e numa sucessão de pequenos-grandes casos, como o envolvendo a empresa do filho de Lula, é a relação, não tanto de promiscuidade, existente no triangulo grande capital, o sistema político organizado, Estado, mas mais de cumplicidade. No Brasil, o que contava era a imagem, sempre a imagem, ou se existia, ou não, e era sempre por empresas de comunicação e imagem que o dinheiro saía do Estado, que precisava de aparecer bem, como era sempre, quando não entregue em cash, através das empresas de comunicação e imagem que entrava no sistema político, muitas vezes na forma de campanhas pagas "lugar na mão".
Em Portugal é diferente, o Parlamento é uma anedota e há, sempre, a disciplina partidária, mas há secretarias gerais, autarcas e gestores ambiciosos, construtores e empreiteiros, e ... bancos, tudo aliado a um cuidado extremo com... a imagem. Sempre com a imagem, muitas vezes tratada pelos mesmos marketeiros brasileiros agora metidos em sarilhos. Em Portugal o que nunca há é arrependidos. Historicamente saem-se sempre mal. Também, por cá, arrependerem-se porquê ?
Publicado por Manuel 14:10:00
E nós por cá ?´Pelo que estamos a ver nos ultimos dias, e principalmente por todas as ligações que começamos hoje em dia a fazer entre pessoas, instituições, partidos, estado e obras publicas, nós por cá estamos afogados num pantano e que se calhar com alguma sorte será com a ajuda da investgação do país do 3ºmundo e das favelas que alguma coisa se recomperá. Mas isso seria sorte a mais.