'malabarismos'

Num violento editorial, hoje no Público, Nuno Pacheco desanca num dos dois autarcas favoritos das élites lisboetas - Avelino Ferreira Torres (o outro é o major Loureiro). Nuno Pacheco escandaliza-se com uma habilidade de Avelino, candidato à Câmara Municipal de Amarante, que para efeitos de apresentação de contas ao Tribunal Constitucional apresentou as despesas da sua candidatura independente como sendo de... duas candidaturas dispares, uma à Câmara Municipal e a outra, à Assembleia Municipal. Desta forma Avelino pode gastar o dobro do permitido por Lei, não violando a letra mas assassinando o espírito. E Nuno Pacheco termina questionando(-se) 'Será possível corrigir a desvergonha ?'. É, claro que é, quando se tiver coragem de não olhar apenas para questões avulsas em deterimento da floresta, e esta é uma quesTão avulsa. Até, porque do ponto de vista da chico-espertice esta, mais uma, golpada de Avelino não é em nada diferente, no espírito, da feita pela candidata do CDS/PP à Câmara de Lisboa ao ter um mandatário no papel, e outro na prática, e, nessa altura, não me lembro, se calhar distração minha, de ver quaisquer indignação... Nuno Pacheco ignora as razões profundas da atracção - muito pragmática - que muitos tem pelos avelinos deste mundo, os seus eleitores conhecem-lhes os defeitos, sabem dos desvios, mas os avelinos 'trabalham' e 'roubam' para eles, são os 'ladrões' deles, por oposição aos outros, aos de Lisboa, que se sabe que existem, que só se conhecem da televisão, mas que não se misturam com o povo nem vão à Quinta das Celebridades. Enquanto existir esta dualidade de critérios, entre os grunhos, e os outros, os de colarinho branco, não se vai a lado nenhum, apenas se glorificam - na prática - ainda mais os chico-espertos que dão baile às leis de Lisboa.

Ainda sobre Avelino Ferreira Torres há que convir que, num ponto, o Público tem vido a fazer absoluto serviço público. A descrição que vai fazendo do desenrolar das investigações áquele autarca valem mais que mil entrevistas, como a de ontem publicada na Visão. Não há insinuações, palpites nem insinuações, apenas a crueza, e rudeza, dos factos.

Publicado por Manuel 19:02:00  

1 Comment:

  1. Anónimo said...
    Meu caro. E se fosses ver quem é, no papel, o mandatário do Carmona? Vê lá se é mesmo o Rui Machete. Só um ignorante (como tu!) é que não sabe que os mandatários formais são quase sempre diferentes dos mandatários substanciais. Ou estavas à espera que o Júdice, ou qualquer outro mandatário com algo que fazer, passa-se a vida a suprir as irregularidades (que sempre existem) das listas do PP.

Post a Comment