De antologia

É o mínimo que se pode dizer do artigo de opinião assinado hoje por Mário Lino no Diário Económico (sumário aqui).

Em primeiro lugar, e esta é uma questão mais genérica, não deixa de fazer confusão esta mania dos que nos governam de opinarem na imprensa escrita como se fossem comentadores políticos e não actores políticos. Um Ministro pode e deve ter mais o que fazer. Isto num cenário ideal, claro.

Em segundo lugar, o Ministro barafusta, barafusta, mas a verdade é que o único estudo que cita e que está dis ponível é o estudo prévio de impacto ambiental (veja-se um bom apanhado aqui e a documentação original aqui), que toda a gente efectivamente conhece, mas que sabe a pouco face aos cento e não sei quantos citados pelo Ministro da Economia.

Aquele estudo, para além de prévio, vale o que vale, uma vez que foi feito sem estar concluido qualquer projecto concreto de construção. E avalia o impacto ambiental. Mais nada.

O Estudo não aborda a racionalidade do investimento do ponto de vista da ortganização geral dos transportes no país, não especula sobre a sustentatbilidade intrínseca do projecto, face a número de passageiros esperados, não avalia os custos e os benefícios económicos de tal medida. Nada. E esses são aspectos muito importantes.

Não enfio a carapuça do "Falta de informação sobre Ota e TGV é mentira descarada".

Pelo contrário. Achar que um estudo prévio de impacto ambiental permite fundamentar uma decisão destas é ridiculo. E é mentira. Pensar que os portugueses são tolos e acreditam nisso um erro político de palmatória.

Publicado por irreflexoes 11:08:00  

2 Comments:

  1. Anónimo said...
    Li o artigo de Mário Lino e um outro que vem ao lado desse.
    Esmagam completamente a oposição política, com factos e datas.

    Um estudo de viabilidade económico-financeira em detalhe só pode ser feito por privados, pois só eles sabem o que querem fazer do aeroporto.
    E como o investimento é essencialmente privado, mal parecia que o Estado ou o Governo viessem dirigir a mente dos privados que lá vão investir.
    Se esse estudo existisse, uma nuvem de críticas cairia em cima do estudo, não por ele estar errado, mas por o Estado se substituir aos privados.

    Portanto, na minha maneira de ver, o seu comentário é incoerente, porque critica o Estado por ser dirigista e interventor na economia, e critica o Estado neste caso concreto por não ser dirigista nem interventor na economia, ao não ensinar as contas do novo aeroporto a quem lá vai investir do sector privado.

    Seja coerente e diga assim: "não gosto deste governo e do PS, por isso devem ser presos por terem cão e por não terem". Assim evitavam-se embustes partidários.:-)
    Jose Moreno said...
    Era o que faltava, que um ministro, por ser ministro, não pudesse usar os mesmos meios que os que o criticam (assim lhos disponibilizem) para defender as suas políticas. Claro que um ministro "pode e deve ter mais que fazer", mas, para além disso, também pode fazer isto.

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