Ota é um Erro Histórico


O debate sobre a Ota não deve acabar com a demissão de Campos e Cunha. Pelo contrário. Trata-se de um dever de cidadania.

Inserção no território

A Ota inserir‑se‑á num eixo rodo ferroviário a norte de Lisboa, já actualmente muito sobrecarregado. Além do custo da obra em si a OTA obriga a construir uma nova auto-estrada (a A10), paralela à actual A1, a necessidade de inventar um canal de entrada para o TGV, a par dos já existentes Linha do Norte, A1 e IC2, em terrenos fortemente povoados, com custos de expropriação elevados, para além da saturação no eixo Lisboa - Vila Franca – Santarém. Uma visão limitada, mesquinha, e que significa desperdiçar boa parte do pouco território que temos. Não só nesta matéria como em tantas outras.

A zona para onde está planeado o Aeroporto não permite expansões. A zona de implementação técnica apenas permite duas pistas. A zona da OTA tem também problemas ao nível dos solos, muito barrentos e arenosos e atravessados por linhas de água à superfície, sendo por isso de assumir que o risco geológico é, muito elevado, associando-se por isso o elevado custo de implementação.

O Efeito multiplicador

Em primeiro lugar, há que assumir, que na OTA, já se encontram estabelecidos custos imobiliários elevadíssimos. Em segundo lugar, o investimento público dadas as externalidades que lhe são associadas, não é automaticamente rentável nem as suas vantagens automaticamente assumidas por serem mais difusas. Assumindo o efeito multiplicador a realizar na área da construção civil, não é menos verdade que o emprego gerado será sempre definido pelo ciclo de construção. Tudo transitório. Tudo ilusório. Portugal carece não de mais investimento público mas sim de melhor investimento público. Mas acima de tudo de uma estratégia concertada, algo que nem este nem os anteriores governos, conseguiram criar. O défice não é a causa dos problemas, mas sim uma consequência do simples facto da economia não convergir devido as más opções tomadas. Como a Ota. Depois a relação entre investimento público e crescimento económico mostra-nos, que aumentando o investimento público, não se tem conseguido, mais crescimento económico.

A capacidade da Portela

Não está esgotada a capacidade de expansão, quer pela absorção do espaço ocupado por Figo Maduro, quer pela racionalização das estruturas existentes, tendo em conta o espaço a libertar pelas empresas de transporte de carga aérea. Ora tal permite ganhar capacidade para absorver mais de 25 milhões de passageiros/ano, valor que nunca se atingirá antes de 2020, mesmo sem ter em conta o efeito das ligações ferroviárias Lisboa-Porto, Lisboa-Faro e Lisboa-Madrid na redução do tráfego aéreo, e na criação de um verdadeiro hub de transportes. Em suma, a Portela pode ter fôlego para mais 30 ou 40 anos de bons serviços ao País.

Dado importante, no mercado europeu da localização de conferências, a proximidade do Aeroporto ao centro das cidades é de vital importância. O caso da conferência da Microsoft, que será realizada em Lisboa, é sintomático. Mais-valia que a Ota nunca terá.

A solução alternativa

As alternativas que se propõem são claras e partem desta ideia central: bem melhor e mais barato para o país era segmentar o tráfego e criar um cluster de aeroportos, ligados por TGV, entre si e Lisboa, em que teríamos:

  • i) O renovado Aeroporto da Portela para os voos de valor acrescentado.
  • ii) Tires para a aviação particular, recreativa e de luxo.
  • iii) O Aeroporto de Beja para mercadorias e charters de baixo custo, servindo simultaneamente Lisboa, Algarve e todo o Sul de Espanha.
  • iv) Manutenção do Montijo como base militar com funções de apoio em situações excepcionais (como fez no Euro 2004).

Este cluster está a duas horas e pico de Madrid (Portela e Beja), a uma hora de Sevilha (Faro) e a duas horas da Galiza (Lisboa). A fachada Atlântica, apoiada a norte pelo renovado Francisco Sá Carneiro (mera hora de viagem) seria toda ela servida pelos aeroportos nacionais, com capacidade para atracção de todo o tráfego oriundo desde Madrid (inclusive) até à costa atlântica.

O aeroporto de Beja, em termos técnicos, possuí uma pista de aterragem que está classificada como pista de emergência dos vaivéns da NASA, associada a disponibilidade dada a ausência de pressão urbanística, e a capacidade de receber aviões em rotas de aproximação a 360.º da pista, sem qualquer constrangimento.

Beja funcionaria como verdadeiro entreposto de passageiros das chamadas companhias de aviação low-cost, com verdadeiros ganhos de competitividade aérea face a Espanha.

A sua proximidade com o Algarve iria permitir, que funcionasse como aeroporto de retaguarda a Faro nas complicadas operações de Verão. A sua proximidade com a Costa Vicentina, iria permitir a exploração do turismo da Costa Vicentina, nos mercados internacionais. Já para não mencionar os novos fluxos turísticos a gerar pelo maior lago artificial da Europa, que resultará do enchimento da albufeira do Alqueva.

E não se pode deixar de ter em conta que o mercado low-cost para o Sul de Espanha poderia vir a ser atraído, especialmente se estiverem criadas condições de deslocação ao destino em menos de 1 hora (em suma, estamos a falar da zona entre Ayamonte e Huelva, em que concorreríamos com Sevilha). Para isto, basta apenas concluir a ligação entre Beja e a A2 em auto-estrada, e terminar a ligação Grândola-Sines.

Isto no que respeita a passageiros. Quanto a mercadorias, o modelo é ainda mais doce, conseguindo uma das melhores integrações de um porto de águas profundas (Sines), com apoio a Norte (Setúbal e Lisboa), com uma linha de caminho-de-ferro para a Europa (a construir, e já prevista no Plano Ferroviário Nacional), acesso à Rede Transeuropeia de auto-estradas e um aeroporto à mão de semear para a mercadoria mais frágil. Junte-se a isto espaço, muito espaço, para instalar empresas e temos o céu de qualquer encarregado de logística. Depois há ainda a cereja no bolo, o abastecimento de combustível ao aeroporto, poderia ser feito em pipeline directamente de Sines. Ambientalmente correcto e muito mais económico.

È claro que, em Portugal, provavelmente poucos pensaram nisto. Talvez por isso estejamos condicionados à opção espanhola do TGV. Alinhar pela construção da OTA, irá abrir um oportunidade de ouro para Espanha. A construção de um aeroporto em Badajoz com ligação de alta velocidade, que curiosamente ou talvez não, os espanhóis não abrem mão, que por lá passe, irá permitir que a partir de Badajoz, todo o tráfego aéreo do sudoeste ibérico se centralize ali, com inerentes consequências para Portugal, remetido num plano se actor secundário. Com Beja, o actor principal seria Portugal. A dinamização do Terminal XXI uma realidade, e o desenvolvimento uma certeza.

Portugal pode e deve olhar para as alternativas que existem. Agora. Com seriedade. O futuro de todos nós assim o obriga.

publicado na última edição do jornal Expresso


Publicado por António Duarte 10:11:00  

18 Comments:

  1. Anónimo said...
    E a opção ALverca?
    Também pode receber as low-cost para Lisboa e mercadorias, além de estar a 15 minutos da gare do oriente e, por conseguinte do metro.
    Anónimo said...
    É fantástico! De repente, tanta gente sabe tanto sobre a OTA! E no tempo dos governos PSD, onde estava esta gente toda que não se pronunciou? Esquisito, não é? Estou farta das críticas ao avanço da OTA decidido, e muito bem, pelo governo (foi eleito com 45% dos votos, lembram-se? E a OTA está no programa, lembram-se também?). Ainda não vi uma única crítica negativa que tivesse pés e cabeça! Ora façam o favor!
    Anónimo said...
    Crítica diz: "Ainda não vi uma única crítica negativa que tivesse pés e cabeça! Ora façam o favor!"

    Um gajo lê uma coisa destas e fica mesmo preocupado ...
    Anónimo said...
    O desejo de controle o centralismo continua...

    Não percebo essa de segmentar um aeroporto a 300 km de distância. Beja para carga? Deixem o mercado decidir.

    lucklucky
    Mário Chainho said...
    Muito, muito preocupante...
    António Duarte said...
    Caro Anonimo...sobre a Opção Alverca...

    Alverca tem um problema. Ou melhor três problemas...

    a. Esta demasiado próximo do Rio Tejo, e nao raras vezes, aquela infra estrutura ficou sem capacidade de utilização devido as cheias. É verdade que Schipol ate esta abaixo do nivel de agua do mar, mas deduzo que nao se pretenda efectuar diques no Tejo.

    b. Do aeroporto da Alverca até ao apeadeiro de Alverca da linha do Norte, sao sensivelmente 1.000 metros. O que fazem os turistas ? Apanham um taxi, ou vao de malas ás costas ?

    c. A utilização de Alverca para as low cost, advem de um contrato entre as OGMA e a Embraer, onde a Embraer paga 1.000 euros/ano pelo aluguer da pista..Ora estamos a falar de uma pista cujo uso esta alugado...a um privado !
    António Duarte said...
    Critica...

    Os governos do PSD, cometeram imensos erros, e certamente se consultar os arquivos da Loja, encontrará o que por aqui se disse, de determinadas decisoes.

    Acontece que bem ou mal, Durão Barroso, ainda que pelo motivo errado, decidiu não avançar com a Ota...

    Quanto ao que esta em programa eleitoral e nao está, infelizmente este governo ja mostrou, que o que escreve nem sempre corresponde ao que é executado.

    Quanto a criticas com pés e cabeça, há sempre quem goste de viver de pernas para o ar...
    António Duarte said...
    Anonimo..Desejo de Centralismo...

    Ninguem pretende centralizar nada em Beja. O que se pretende é colocar a disposição de um país pobre em recursos, uma infra estrutura existente com capacidade de mobilizar nao so o transporte aereo como o tranporte maritimo e ferroviario...
    Anónimo said...
    Caro António Duarte:
    Não o conhecia e não sei a que partido pertence, mas deixe que lhe diga que é pena que não seja você o ministro das obras públicas. Tenho mesmo muita pena!
    Quanto a Alverca, se calhar poderia dar apoio à Portela em certos períodos, sem grandes investimentos. Fora isso, só lhe posso dizer que espero que quem decide tenha lido o seu artigo para saber a asneira que está prestes a fazer...
    Anónimo said...
    Caro António Duarte
    Um dos problemas que aponta para a aeroporto em Alverca é estar a 1000 metros da estação. E então o aeroporto da Portela? Acho que está a um bocadinho mais. Apenas quero registar que, na minha opinião, um novo aeroporto não se justifica, por enquanto... Nem Ota, nem Alverca. Fiquemos como estamos que cá nos arranjamos. Durante o Euro tivemos a enchente que todos vimos e não se registaram problemas. Será que os aeroportos existentes estão assim tão saturados?
    Anónimo said...
    Comentário ao Anónimo das 2 da manhã:
    A construção de novas linhas para um TGV é obra para se fazer ao longo de 10 anos. Qualquer que seja o aeroporto escolhido, ele vai ser "construído", e não "montado" :)

    Os fundos europeus afectos a obras de infraestrutura têm um prazo para serem aplicados. Adiar estas decisões, além do risco de saturação das instalações existentes, incorrem em custos adicionais para nós, por não contarmos com a ajuda exterior.

    O momento para agir parece ser agora. Vamos a ver se a opção é enriquecer os promotores imobiliários ou contrariar a saturação da construção ao longo do litoral ....

    NLima
    Anónimo said...
    Sr. António Duarte:

    Desculpe mas acho a sua proposta de três aeroportos um disparate.

    A Portela, mesmo com ampliação sobre Figo Maduro, ampliação que nunca custará menos de mil milhões de euros a preços variáveis, estará saturada dentro de cerca de dez anos, se não estiver antes. Segundo o ex-ministro do PSD Oliveira Martins, o tráfego duplicará em cerca de dez anos, com taxa de crescimento anual de 7%. Como em 2005 teremos seguramente cerca de 12 milhões de passageiros, em 2015 teremos cerca de 24 milhões de passageiros. A Portela, uma vez ampliada para Figo Maduro, nunca ultrapassará os 18-20 milhões de passageiros (por causa do número de slots possíveis). Portanto, novo aeroporto terá de ser feito de modo a que em 2015 ou perto disso já esteja operacional. Isto é absolutamente inquestionável.

    Alverca tem dois problemas importantes: um, o de sofrer cheias do Tejo que ameaçam a própria pista, e se pensarmos na evolução do clima, isso pode acontecer frequentemente e cada vez mais. Outro problema é o do transporte para Lisboa, pois a estação de comboio está algo afastada e os comboios nessa zona andam geralmente cheios. E não pode haver mais comboios porque as linhas estão saturadas. É um mau cartão de vista para quem chega a Lisboa. Alverca pode servir enquanto o novo aeroporto não está pronto (durante os próximos dez anos), mas nunca pode ser uma solução de futuro.

    Tires é uma solução de recurso. O espaço é acanhado para aviões de longo curso. Pode ser usado para uma ínfima parte do tráfego, mas não resolve o problema. E tem muito casario à volta, como na Portela. Só que na Portela o tráfego do aviões incomoda gente mais modesta, do lado norte (Camarate, Bobadela, etc.). Em Tires incomoda turistas e gente da classe média e alta. E esta gente não gosta de ser incomodada...

    Beja, para mercadorias (importadas ou exportadas) é só para rir, pois os importadores e exportadores interessados estão quase todos perto de Lisboa ou a Norte. E como rectaguarda de Faro também é para rir, pois Faro pode perfeitamente aumentar a sua capacidade actual (segundo Fernando Pinto, director executivo da TAP).
    Se criticam a OTA por estar longe de Lisboa, então Beja, como rectaguarda do Algarve, seria para rir à gargalhada. E para servir Espanha então a gargalhada seria geral, porque no sul de Espanha há aeroportos muito bons para viagens de low cost (Malaga é um deles, Sevilha, Huelva e Cadiz outros). E para os espanhois mais próximos do nosso Algarve existe Faro, caso eles queiram.

    Ligar todos estes três aeroportos - Portela, Tires e Beja - por TGV é também para rir. Pois se a Portela nem tem sequer Metro! TGV de Lisboa para Tires???? Mas como e para quê, se a distância entre a Portela e Tires, talvês uns 25 Km, nem dá sequer para aquecer o motor da locomotiva?
    Entre a Portela e Beja? Com uma nova ponte sobre o Tejo para o efeito? E que passageiros teria essa linha de TGV para o rentabilizar, quando muitos dizem, e talvês com razão, que nem o Lisboa-Porto terá passageiros suficientes para rentabilizar uma linha de TGV?

    Por estas razões e outras, como as ambientais no caso da Portela e de Tires, acho este seu artigo apenas delirante.

    Que precisamos de outro aeroporto de Lisboa e com urgência (que esteja pronto nos próximos dez anos), disso não há a menor dúvida.
    Se a OTA é o melhor local ou não, essa é outra história. Mas que este Governo deve decidir rapidamente sobre a construção de um novo aeroporto, disso também não há dúvida.
    Para erro a pagar pelo atraso na decisão bem basta o que já vamos pagar por ele: custo da ampliação da Portela (para obviar à saturação eminente, enquanto o novo aeroporto não estiver operacional) mais o custo do novo aeroporto. Se já tivéssemos decidido há dez anos atrás, escusávamos agora de gastar dinheiro na Portela - cerca de mil milhões de euros! -, mas, se decidirmos rapidamente e em força, ainda podemos evitar essa despesa, usando Alverca como complemento transitório. É que se ampliarmos a Portela para Figo Maduro e se entretanto se fizer o novo aeroporto, dentro de dez anos ou pouco mais irá tudo o que for aí feito para a sucata. E lá se irão mil milhões de remendos por água abaixo...

    Concluindo: novo aeroporto, já! Porque fica mais barato. Seja na OTA, em Rio Frio ou noutro sítio qualquer nos arredores de Lisboa.
    Joselito said...
    Até que enfim, alguém com juízo... refiro-me ao último comentário antes deste, claro.

    "A Ota inserir‑se‑á num eixo rodo ferroviário a norte de Lisboa, já actualmente muito sobrecarregado."
    Ah, e como alternativa propõem Tires, Montijo e Portela... tá bem...

    "Dado importante, no mercado europeu da localização de conferências, a proximidade do Aeroporto ao centro das cidades é de vital importância. O caso da conferência da Microsoft, que será realizada em Lisboa, é sintomático. Mais-valia que a Ota nunca terá."
    Este é um argumento idiota. Está prevista a criação de infraestruturas para a realização de eventos do género nas imediações da Ota. E até no próprio aeroporto. Para que raios é que eles querem o centro da cidade?

    "bem melhor e mais barato para o país era segmentar o tráfego e criar um cluster de aeroportos, ligados por TGV, entre si e Lisboa"
    Nem vou comentar. O comentário anterior já é bastante esclarecedor nesse ponto.

    "com capacidade para atracção de todo o tráfego oriundo desde Madrid (inclusive) até à costa atlântica."
    Oh sim, os madrilenos vão mesmo gastar um balúrdio em AV até Beja ou Lisboa para apanhar um avião, algo que poderiam fazer ali mesmo ao pé...

    "A construção de um aeroporto em Badajoz com ligação de alta velocidade"
    Mais uma vez, o pessoal da Extremadura iria escolher Badajoz ou... Lisboa? Adivinhem...

    Ok, chega de crítica. Vamos desfazer alguns mitos.
    1 - A OTA NÃO FICA LONGE de Lisboa. A tendência é precisamente para afastar os aeroportos do meio das cidades.
    2 - Beja não é alternativa a ninguém, porque está longe de (quase) tudo. Até das mercadorias. Quanto muito, um aeroporto regional...
    3 - No que toca a acessibilidades, bastam algumas infraestruturas bem gizadas para resolver o problema. Aliás, a Portela está bem pior nesse capítulo. Quem costuma andar na 2ª circular sabe do que falo... juntando a isso, o facto de não haver comboio nem metro...

    Ah, só mais uma coisa.
    A380 (e o futuro congénere da Boeing).
    A Portela não pode. A Ota, sim.
    Perceberam?
    Anónimo said...
    Eu, como muitos Portugueses, sou contra o “Novo Aeroporto Internacional de Lisboa”.
    Porque:
    Trata-se de um autêntico crime de delapidação do património público, um assalto e um insulto aos pagadores de impostos.
    É desnecessário e prejudicial aos utentes do aeroporto de Lisboa.
    Basta olhar para o céu e comparar com outros aeroportos para perceber que a Portela não está saturada, nem se vê quando o venha a estar.
    Mesmo que esteja, já existe o Montijo e a Base Militar de Alverca, mais próximos.
    A deslocação do aeroporto de Lisboa para cerca de 40 kms de distância retirará à cidade uma vantagem comercial decisiva e acrescentará despesas, consumo de combustíveis, problemas de trânsito na A1 e perda de tempo dos utentes do aeroporto, enriquecimento dos especuladores de terrenos na zona da Ota, empreiteiros de obras públicas e à confraria dos taxistas do aeroporto.
    Os "prejuízos ambientais", decorrentes do ruído que afectam a Portela são uma completa demagogia, já que pressupõem não prejuízos actuais, mas sim futuros e resultantes de se permitir a urbanização na zona de protecção do aeroporto. (Trechos de Miguel Esteves Cardoso)

    É o que dá sermos ricos com o dinheiro dos outros e pobres com o próprio espírito. Alguém tem de tirar os dividendos dos terrenos comprados nos últimos anos. Ninguém investiga isto?

    É mais fácil iludirmo-nos e deixar esses acéfalos gastar o nosso dinheiro, cagarem nos hospitais e no lamentável serviço de saúde (até porque eles não os usam), cagarem de alto no sistema de ensino e mais.

    Não é porque sou do Porto, ou de outra cidade qualquer, que eu estou contra o novo aeroporto ou o TGV mas sim porque sou um Portugues e acho totalmente desnecessario gastar milhões em projectos como esses, assim como fui contra a construção do Alqueva e dos "Euro-Estádios".
    Acho que em vez da Ota, deveriam mudar os aviões comerciais de pequena escala para a Base aérea do Montijo, renová-la e fazer uma ligação ferroviário (Metro) entre elas e os aviões correios e de cargas para a Base Aerea Militar (que está quase ao abandono), o que iria diminuir o fluxo aereo da Capital e economizar milhoes de Euros.
    Ter um novo aeroporto e um TGV em nada vai significar no Desenvolvimento do país... também diziam isso dos estádios e agora mais de metade deles estão desertos e sobrecarregados de dividas!

    O Desenvolvimento faz-se com investimentos no ensino basico, médio e superior; Renovar as bibliotecas do país inteiro, descentralizar o poder; estradas novas que liguem o interior, centro e litoral - Pelo mesmo dinheiro das duas obras seria possivel construir uma estrada que ligasse Chaves-Bragança-Guarda-Covilhã-Castelo Branco-Portalegre-Evora-Beja-Faro (isso é desenvolvimento) - Liga Tras-os-Montes, Beira Interior, Ribatejo (Interior), Alto e Baixo Alentejo (interior) e Algarve.

    Se pegarmos num mapa da densidade populacional e num de desenvolvimento e crescimento económico vamos ver que as cidades que mais cresceram são as que estão proximas e coladas a grandes estradas e consequentemente ligadas a outras tão ou mais evoluidas. Ou seja, as cidades costeiras e centrais. Por outro lado, e toda a gente sabe, as cidades do interior estão cada vez mais deixadas ao abandno, com uma população idosa. Porque? Porque ninguem investe no desenvolvimento do interior, porque só querem saber de Lisboa e Porto.
    Centros de pesquisas e estudos; recuperaçõa de centros urbanos e habitacionais degradados; Hospitais e programas de saude actualizados...
    Existe também um abandono politico á tão prometida reforma agraria e pesqueira, há mais de 10 anos que se fala nisso mas ninguem faz nada... só prometem durante as campanhas.
    O que muita gente não sabe é que os politicos ganham dinheiro com a construção civil, com a especulação de terrenos. O sonho de qualquer politico é fazer obras, quanto maior melhor porque, para lém de mostrar algo bonito e diferente (mesmo que sem utilidade) ao povo ignorante, consegue arrecadar milhares e até milhões de Euros saídos dos impostos pagos pelos ignorantes que os idolatram!
    Joselito said...
    "A deslocação do aeroporto de Lisboa para cerca de 40 kms de distância retirará à cidade uma vantagem comercial decisiva"

    Já viu a distância a que os aeroportos construídos nos últimos anos se encontram das cidades que servem?

    "Os "prejuízos ambientais", decorrentes do ruído que afectam a Portela são uma completa demagogia, já que pressupõem não prejuízos actuais, mas sim futuros e resultantes de se permitir a urbanização na zona de protecção do aeroporto."

    Demagogia?
    É realmente uma demagogia muito barulhenta para as DEZENAS DE MILHAR de residentes, estudantes e trabalhadores que têm de levar com o estardalhaço dos aviões... falo com conhecimento de causa!
    Demagogia, meu filho, é comparar um investimento em transportes com um investimento em saúde ou educação ou cultura. Pois, é o que você faz.

    "Pelo mesmo dinheiro das duas obras seria possivel construir uma estrada que ligasse Chaves-Bragança-Guarda-Covilhã-Castelo Branco-Portalegre-Evora-Beja-Faro (isso é desenvolvimento)"

    IP2. Só falha aquela de Chaves. Para essa há o IP3.
    Ao menos não seja ridículo...

    "Se pegarmos num mapa da densidade populacional e num de desenvolvimento e crescimento económico vamos ver que as cidades que mais cresceram são as que estão proximas e coladas a grandes estradas e consequentemente ligadas a outras tão ou mais evoluidas."

    Hmmm... se calhar construíram lá as estradas precisamente porque era lá que havia quem as usasse. Ou pensa que as vacas andam na auto-estrada?
    Anónimo said...
    estas contas sobre o aeroporto novo não são minhas- copiei dum forun

    Vejamos as contas do NAL. O governo avalia em cerca de 3,5 mil milhões de euros o custo global da obra. Mas eu vou ser pessimista e digo que a obra vai custar 4 mil milhões.
    O Governo diz, por exemplo, que mete lá do Estado cerca de 10%. Eu vou ser pessimista e vou prever que o Estado vai lá meter, não 10%, mas mais algum, para os acessos e acessórios, digamos ao todo mil milhões de euros (cerca de 25% dos 4 mil milhões que virão dos privados). A obra vai custar ao todo 5 mil milhões, dos quais mil milhões são dos nossos impostos, isto é, do Estado.

    A obra vai ser feita em X anos.

    Pelas estatísticas dos construtores civis, eles dizem que nessas obras cerca de 40% do preço final da obra vai para impostos. Eu vou ser mais pessimista (sob o ponto de vista do Estado), e vou prever que em vez de 40%, o Estado vai arrecadar apenas 30% em impostos, isto é, 30% dos 4 mil milhões. Sobre os outros mil milhões adiantados pelo Estado também vão recair impostos (IVA, IRS, IRC, imposto sobre combustíveis, descontos para a Segurança Social, etc.). Se admitimos que no somatório dos impostos, eles repesentam 30% do custo total da obra, então temos que o Estado arrecadará, ao longo da obra, 30% de 5 mil milhões, isto é, 1,5 mil milhões.

    Conclusão: o Estado meteu lá mil milhões e recebeu 1,5 mil milhões. O Estado ganhou com o negócio 500 milhões.

    Quanto à exploração futura, ao Estado basta fazer como faz com a ANA. Entrega isso ao privado que se abalançou a fazer a obra e a explorá-la no futuro (se houver de facto privado interessado, se não houver quites como dantes ). Claro que pode haver prejuizo futuro e o Estado lá terá de acudir ao fogo, pondo dinheiro. Até admito isso. Mas, se o privado arriscou, o risco será mínimo. Mas mesmo que tenha prejuizo futuro, quanto dinheiro não tira o Estado em impostos sobre mil coisas relacionadas com o novo aeroporto (turismo, impostos sobre combustíveis, IVA, IRC e IRS de mil pequenos e grandes negócios ligados ao aeroporto, desde os shopings até aos taxistas, passando por muitas outras actividades)?

    O Prof. Marvão Pereira, que não é burro nenhum, de contrário não trabalhava na América, já calculou isso e o lucro para o Estado é praticamente certo.
    Joselito said...
    Nunca tinha pensado nisso...
    Um "in-your-face" para quem anda para aí a falar em despesismo estatal... claro que isso só por si não justifica o aeroporto, mas é um argumento...
    O que justifica o NAL é a proximidade absurda da Portela a Lisboa. Quem gosta de falar de Málaga esquece-se que nesse aeroporto os aviões não têm de passar por cima da cidade...
    É também o advento dos novos super-aviões que não podem aterrar na Portela (p.e., o A380).
    Para não falar nos acessos. A Portela tem PIORES acessos que aqueles que a Ota vai ter.

    Claro que há interesses. Claro que há quem vá lucrar com o NAL na OTA. Mas, parece-me, isso irá acontecer independentemente da localização do NAL... a menos que queiram meter o aeroporto no meio do mar. Aí, realmente, não deve haver grandes interesses... :p
    xistosa, josé torres said...
    SNR: PRIMEIRO MINISTRO, AFINAL HÁ PETRÓLEO !
    Sou um português, como o senhor e como mais uns milhares, que darão uns milhões!
    Pela imprensa de 13 de Julho, deste ano de 2006, li algo muito ALARMANTE!
    Então ainda não começaram com o aeroporto da OTA e já se fala que vai custar o dobro do previsto.
    Fica já a visado que lhe vou retirar o meu voto.
    Tanta confiança depositei em si e afinal, esvaiu-se ... assim que a alguém lhe cheirou a euros.
    O vil metal, a todos enlouquece.
    Como é possível, que uma coisa que ainda não o era, já não o seja.
    Somos todos OTArios !
    Não sei se serei capaz de me abalançar a um movimento anti-OTA.
    Como é que um único indivíduo, compra os terrenos, ao preço que quer e agora, vão ter de lhos pagar ao preço que ele quer, (fala-se 500 vezes o valor dado, não acredito, só se for alguém isento de mais valias.)
    O INDIVÍDUO EM QUESTÃO, É BEM CONHECIDO E SÓ UM "AMIGALHAÇO" O PODERÁ TER AVISADO DE TAL JAZIDA DE PETRÓLEO.

    O Snr. PRIMEIRO MINISTRO, deve ter lido e percebido muito melhor do que eu, que a Portela é o local para apostar.

    Sabe o que fizeram os espanhóis, aquele povo ignorante e subdesenvolvido, que mora ao nosso lado, num aeroporto de 320 hectares e com UMA ÚNICA PISTA de aterragem e para um tráfego de perto de 14 milhões de passageiros.
    Onde os aviões sobrevoam a cidade, como em qualquer cidade que tem um aeroporto!!!
    Gastaram 191 milhões de euros, num novo terminal, para oferecerem condições a 20 milhões de passageiros, com UM CRESCIMENTO ANUAL DE 7 a 8 %.
    O aeroporto, fica a cerca de 9 quilómetros da cidade.

    A Portela, tem 520 hectares, DUAS PISTAS, só recebe 11 milhões de passageiros. A taxa previsível de crescimento anual é de 4 a 5 % e estão a pensar em gastar milhares de milhões de euros.
    O novo aeroporto, ficará a cerca de 40 quilómetros da capital. (será uma boa solução, o novo aeroporto para os OTArios, se depois, uns "amigalhaços", (aparecem sempre), arranjarem uma companhia aérea, para transportar os passageiros OTArios, para a Portela).

    AGORA, SNR. PRIMEIRO MINISTRO, PONHA AS MÃOS NO CHÃO E DÊ UMA PARELHA DE COICES NESSAS LIBELINHAS QUE ESVOAÇAM À SUA VOLTA.
    ESSAS LIBELINHAS, TÊM UM NOME SÃO L A D R Õ E S

    O MELHOR MESMO É TODOS EMIGRARMOS, DEPOIS QUERIA VER QUEM PAGAVA AOS CORRUPTOS E AOS CORRUPTORES !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

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