raciocínio lento...
segunda-feira, julho 18, 2005
TGV, uma resposta ao ralentiEsta tréplica do jmf é a muitos títulos exemplar, e é-o porque exemplifica uma boa parte dos vícios de que padece o sistema e uma boa parte da nossa classe política.
Há dias, registei a coincidência de Espanha e França estarem a anunciar planos de investimentos muito semelhantes aos de Sócrates. Registei, apenas.
O Manuel [Grande de Loja do Queijo Limiano], olho vivo, logo viu nisso gesto de propaganda. E desata numa arenga sobre o TGV, o desgraçado deste país e mais umas coisas que podem ler aqui.
Não sou nem contra, nem a favor do TGV. Não conheço estudos, impactos e etc. Não tenho competência técnica. Outra coisa, bem diferente, é considerar que o Estado português, seja qual for o Governo, tem, obrigatoriamente, de ter um papel, decisivo, dinamizador, na economia. Se ficamos à espera da iniciativa privada... Nesse contexto, parecem-me do maior interesse iniciativas como os planos de investimento anunciados pelo Governo.
Ao Manuel, isto faz confusão. Como pode um país com um défice deste tamanho, fazer investimentos avultados? A minha resposta é outra pergunta: devemos, então, ficar quietinhos à espera que o défice se resolva e que tudo à nossa volta apodreça?
João Morgado Fernandes
Por um lado, é tudo pela rama, os planos de de Espanha e França são "semelhantes" aos de Sócrates (são ? são mesmo ? são comparáveis ?), logo, o plano de Sócrates deve ser bom. Por outro, e para ficar bem com a consciência, o João ainda diz que "Não sou nem contra, nem a favor do TGV. Não conheço estudos, impactos e etc. Não tenho competência técnica"; mas confia, confia porque considera, e eu também, pasme-se, " que o Estado português, seja qual for o Governo, tem, obrigatoriamente, de ter um papel, decisivo, dinamizador, na economia" e como o TGV e a Ota têm impacto na economia, logo a ideia é boa.
O que falta ao João, como a muita gente, é uma ideia! Uma simples ideia. Uma ideia para Portugal. Porque o que está em causa é saber-se o que queremos que Portugal seja no futuro. Ser um estaleiro permanente é a solução ? O João se calhar acha que é... Eu, que não pertenço a nenhuma élite, que não pertenço ao clube restrito dos opinion makers, que não faço capas de jornais, nem decido o que é ou não notícia, ingénuo porventura, atrevo-me a pensar que há investimentos mais prioritários, por exemplo, e na impossibilidade de os despedir, manter afastados do Ministério da Educação os maus professores (daqueles que NÃO sabem mesmo nada, mesmo e há demasiados). Uma medida muito mais barata que muitas anunciadas, e com resultados muito mais úteis a prazo.
Antigamente, e no tempo da juventude do jmf, o que contava era o colectivo; hoje, para alguns, o que conta é o betão, esse coisa abstracta e intangível que pelos vistos alimenta a nossa economia; mas o que conta, o que realmente continua a contar são as pessoas. E se o Estado quer desempenhar um papel realmente útil tem é que apostar na qualificação - e não apenas para fins estatísticos ou para manter o desemprego artificialmente baixo - e apostar a sério. Porque do que a economia precisa é de pessoas bem formadas, com garra e competentes, muito competentes. E num país onde tudo se trafica, tudo cai do Céu, tudo se pedincha, a competência, o mérito têm contado muito pouco.
No dia em que (o mérito) começar a contar - e isso começa nos bancos da escola primária - a crise acabou. É tudo uma questão de prioridades.
Percebeu agora, João ?
Publicado por Manuel 13:11:00
2 Comments:
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Está cada vez mais em causa apenas o uso do TGV e da Ota como armas de arremesso político num país em que nada de “sério” se discute.
Porque razão, depois de tantos estudos feitos e/ou encomendados por sucessivos governos ao longo de tantos anos (e do dinheiro nisso gasto), não são apresentados aos cidadãos os argumentos pró e contra das diferentes opções de cada um desses projectos?
Não seria isso transparência?