o "sr." Bin Laden já está a ganhar

Passou na TSF, no Fórum, esta manhã. Um proclamado especialista na Sociedade da Informação, docente da Nova de Lisboa, não se coibe de afirmar que "entre privacidade e segurança, escolhe a segurança". Outro papagaio já defende, como método de combate ao terrorismo, um sistema agilizado de denúncias à boa maneira da STASI da defunta RDA. Assim vai a Europa, assim vai Portugal.

O problema é que a tecnologia, as máquinas, nunca irão fazer um serviço que é essencialmente humano. Nenhuma overdose de tecnologia derrotará o terrorismo, nenhuma. Nesta sociedade mais ou menos digital em que vivemos é trivial, ou quase, alguém manter-se invísivel e não é por acaso que os Estados Unidos, detentores da mais avançada tecnologia na área, e conhecidos por nem sempre se preocuparem por aí além com a burocracia, ainda não conseguiram caçar o "sr." Bin Laden.

A luta contra o terrorismo não é uma luta asséptica, cinzenta, é uma luta de pessoas contra pessoas, de um conceito de civilização contra outro, totalitário e de terror. Não é preciso ser-se gurú da NSA ou da Mossad para se saber que o que conta, muito mais que um qualquer Big Brother à escala global, é ter gente no terreno, na lama, infiltrada mas, mesmo assim, o dislate continua.

Democracia é sinónimo de liberdade, e liberdade é sinónimo de privacidade, não faz sentido sequer pensar em segurança se não se tiver democracia, liberdade, e privacidade. E não fazendo qualquer sentido o "sr." Bin Laden já está a ganhar, porque quase que está a conseguir obrigar-nos a moldar o nosso mundo à imagem do dele - fechado e totalitário. Ora, eu, entre a liberdade e a segurança escolho obviamente a liberdade. E se isso implicar mais uns atentados bombistas, e não implica, que venham os atentados, são afinal um preço muito baixo a pagar.

Publicado por Manuel 12:24:00  

8 Comments:

  1. Anónimo said...
    "ter gente no terreno, na lama, infiltrada" ???
    Está quieto!!!
    Para isso era preciso ter espirito de sacrifício, desprezo pela vida boa e competências.
    A coisa não se faz por menos do que hoteis de ***** , gajas, perdiems, boa comida, muita bebida, sol e praia e disto a al-quaeda não gasta.
    Anónimo said...
    Desde que Vexa seja um dos alvos, por mim tudo bem.

    Se a sociedade fosse justa, estaria dividida em duas: as dos filósofos das liberdades e garantias e a dos realistas da segurança.

    O alvo dos terroristas seriam os primeiros, visto que não se importam de morrer pela liberdade e democracia.

    Bin Laden não está a ganhar. Já ganhou e ele sabe disso.

    Não sei se é por causa da tecnologia que ainda não apanharam o Bin Laden, se por dificuldades logisticas. Coisas bem diferentes.
    zazie said...
    é óbvio que a grande perversidade deste terrorismo sem rosto, em franshising e sem pedir nada de objectivo em troca vida precisamente isto: as bases da boa demoracia ocidental. E qualquer crença na defesa de uma (sociedade) mantendo a outra (liberdade) é um engano. Restam equilíbrios provisórios e tempo, mais nada.
    Zu said...
    Se a segurança passar por controlo de passaportes nas fronteiras, não vejo qual o problema; não considero isso nenhuma ameaça à minha liberdade, apenas uma questão de bom-senso. Também não considerei invasão da minha privacidade ter um polícia a inspeccionar o interior da minha bagagem e a mexer na minha roupa interior, quando me ia meter num avião poucos meses depois do 11 de Setembro. Entre isto e outras medidas que facilitem o trabalho da polícia e a imbecilidade das denúncias de que falava o dito "papagaio", a distância é muita.
    É muito fácil dizer, da nossa confortável casinha, que venham mais uns atentados bombistas - desde que elas não nos caiam em cima nem matem quem nós amamos. O terrorismo não é um preço muito baixo para pagar.
    Anónimo said...
    Totalmente de acordo com o irmão Manuel.

    'André'
    Anónimo said...
    Já tinha dito isto no BRITEIROS:

    Será essa a vitória do terrorismo.
    Levar-nos, em nome da segurança, a aceitar que as nossas liberdades sejam coarctadas
    Anónimo said...
    Bin Laden(vivo?) não está a ganhar, perdeu o Afeganistão e "viu" por exemplo milhares de muçulmanos a ficarem ao lado dos americanos ao candidatarem-se á policia Iraquiana...

    lucklucky
    Anónimo said...
    Nova York, Madrid, Londres,... Os governos e respectivos ministérios do interior reforçaram as medidas de segurança com a ultima palavra em tecnologia e utilizaram os dispositivos julgados necessários. Mas a segurança já deu provas que não é eficaz.

    Rigorosamente não é visível solução a curto prazo. Quem planeia e executa acções terroristas são homens. Não são robots.

    São homens que se deslocam, viajam, instalam, fazem os levantamentos necessários as vezes que forem precisas, reúnem-se várias vezes, estabelecem os planos, conferem horários, viagem n vezes, escolhem os meios e os locais para fazer as deflagrações, escolhem datas e alvos e marcam o dia e a hora. Nesse dia e nessa hora já estarão colocados os explosivos nos sítios previamente seleccionados e preparados com os sistemas de deflagração cuja ignição poderá ser feita por comando à distância de alguém estrategicamente colocado para carregar no botão à hora prevista.
    Por absurdo, os homens da Al Queda, nos ataques aos comboios, até poderão ter sido eventualmente contratados como trabalhadores de via ou com outras funções análogas perfeitamente inofensivas e que os põe junto às Gares e ao material circulante de passageiros. Até serão poucos. Como peixes num rio. Iguais entre si, iguais entre todos.

    A vigilância sobre este tipo de acções ao longo de dezenas de estações e milhares de quilómetros é ciclópica.

    Mas há o factor H.

    A natureza humana não é perfeita. Não há dois homens iguais entre si. Dois homens não gostam exactamente das mesmas coisa. Com o passar do tempo as dissidências no interior da organização irão surgir. Os pecados dos homens acabarão por se revelar em qualquer altura ou quando menos se espera.. Os jovens que cresceram no regimen espartano da Al Qaeda são hoje homens que são como nós. Anseiam, desejam, invejam, cobiçam, e são capazes de atraiçoar. E por razões das mais fúteis.
    E creio que Judas continuará a pregar a inveja, a cobiça e a traição. O desaparecimento de Bin Laden pode ser um rude golpe na organização. Mas irá suspender as acções?

    Morrendo o bicho acaba-se a peçonha! A Al Qaeda irá provavelmente consumir-se por dentro. Irá implodir. Mais tarde ou mais cedo.

    O que nos resta é muita vigilância e sobretudo muita paciência e sorte.

    Kalonge

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