Algarve S.A.

A água, ou melhor a falta dela, tem pautado alguma discussão pelo país, e as notícias que dão conta de tranvasses em Espanha no rio Tejo e no rio Douro, vem apenas agravar um problema que não é, e ao contrário do que se possa pensar, única e exclusivamente causado pela escassez de chuva.

O caso algarvio é sintomático. Uma única barragem para o Barlavento Algarvio - Arade - e um projecto de barragem que se encontra em papel - Odelouca - encalhada em bruxelas, motividada por uma queixa de uma associação ambientalista, que assim impede o financiamento do projecto.

Em Outubro de 2004, o ex-ministro do ambiente, Luís Nobre Guedes, falava que provavelmente a água ia faltar no Algarve no Verão de 2005. Muitos defeitos se podem apontar a Nobre Guedes, mas o dom de visionário ninguém lho pode tirar. Nessa altura Macário Correia, na condição de líder da Associação de Municípios do Algarve, afirmava que tal não passava de um "disparate", e que não faltaria água no Algarve.

O Inverno não foi tão rigoroso como se pensava, mas a verdade é que na semana passada, o observatório do Algarve, lançou um relatório assente na seguinte conclusão.

As redes de distribuição das autarquias do Algarve têm fugas por onde desaparece 45% do precioso líquido, entre as perdas físicas e as perdas comerciais.A “ intervenção imediata nas fugas detectadas” é uma das medidas de poupança decidida em reunião conjunta da AMAL, a CCDR e Águas do Algarve, S.A. que, segundo o presidente da C.C.D.R., visou a redução dos consumos de água.

Ora, perante esta informação, parece descabido que uma região que tenha beneficiado de 3 quadros comunitários de apoio para questões relacionadas com salubridade e abastecimento público de água, não tenha resolvido um problema com esta dimensão, e tente encarecer, no consumidor um erro, que é acima de tudo político.

Espera-se de Macário Correia, uma justificação...

Publicado por António Duarte 11:56:00  

4 Comments:

  1. Luís Bonifácio said...
    A questão dass fugas nos sistemas de abastecimentos resolvia-se, se o estado cobrasse a diferença entre os m3 de água captada e os m3 de água cobrada aos consumidores. A nova lei da água não faz nada sobre este aspecto, apenas diz que se passará a cobrar a água captada pelos grandes consumidores privados para cobrir as perdas dos sistemas públicos de abastecimento.
    Penso que o único motivo disto é que os barões políticos que dormem nos gabinetes das "Aguas de Portugal" não podem ser incomodados com um virus chamado "Trabalho"
    Anónimo said...
    Desculpe?!?!?
    Será que percebi bem?
    O consumidor é que pagará as ineficiências do sistema?!?!

    Ou o estado passa a cobrar a diferença entre a água captada e cobrada à empresa de distribuição, proíbindo-a de repercutir esse custo aos consumidores?
    António Duarte said...
    Infelizmente percebeu bem...

    Ao grande consumidor será repercutido, o custo das perdas do sistema...

    ...Ao mesmo tempo, ainda ninguém questionou o que foi feito aos milhões de euros que foram recebidos pela UE...para obras de saneamento e captação...
    Luís Bonifácio said...
    Chamo a atenção sobre dois poistais escritos no meu blogue no passado mês de Abril
    O retrato de um país por água(bem poluída) abaixo:
    http://novafloresta.blogspot.com/2005/04/um-abril-de-guas-turvas.html

    http://novafloresta.blogspot.com/2005/04/um-abril-de-guas-turvas-2-parte.html

    e ainda:
    http://novafloresta.blogspot.com/2005/06/guas-muito-lucro-para-pouco-trabalho.html

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