O outro lado da lua

  • O DN tem hoje uma manchete forte, diria mesmo à JN, mas que passou ligeiramente ao lado do epicentro da questão.

    O Dr. Sampaio não travou, coisíssima nenhuma, a substituição do Dr. Souto Moura, travou, isso sim e com estrondo, foi a tentativa de o substituir pelo Dr. Rui Pereira. A intransigência - excesso de confiança - de certos sectores do PS, e do Ministro Alberto Costa em especial, em aceitarem Rui Pereira, foi o que transformou Sampaio, que às vezes também tem memória, em aliado acidental do actual PGR. Outras leituras mais generalistas são fruto de meras tricas internas no seio do PS e do Governo e sinal por demais evidente da falta de tudo - literalmente - de que sofre o actual titular da pasta da Justiça.

  • Mais abaixo discute-se a bondade, ou falta dela, deste governo ao por a zero as contas das grandes empresas de transportes públicos. Não há bondade, quanto muito haverá ingenuidade porque não pode haver inocência. A medida tipologicamente não é nova, o Prof. Cavaco, no passado, pôs as contas da Madeira, o Sr. Alberto nunca lho perdou aliás, em ordem para nada, lembram-se ? Também se tentou uma coisa parecida com os hospitais S.A. e a coisa também não foi longe, e os exemplos poderiam continuar. O saneamento financeiro avulso e artificial é uma medida avulsa e que por si só não atrasa nem adianta, pode até ser perversa pois não se mudando hábitos e práticas aumenta sobremaneira a tentação e a folga para excessos.

    O que eu gostava realmente de ver, e antes de qualquer saneamento financeiro, era um plano estratégico integrado, de alto a baixo, que desse sentido às actuais empresas públicas de transportes. Que definisse o que é assessório, e privatizável, e o que é core business, que acabasse com as duplicações, que forçasse sinergias e definisse objectivos e deadlines concretas. Que os conselhos de administração, demasiados, fossem compostos por gente com qualidade e que percebesse do ofício. Falou-se de moralização, alguém conhece algum trabalhador da TAP que refile com o salário auferido pela equipa capitaneada pelo Fernando Pinto ? Eu não conheço e prefiro-o uma infinidade de vezes, principescamente pago, a um Cardoso e Cunha ou um Ferreira do Amaral a trabalharem de borla... Mas, começou-se tudo pelo telhado como habitualmente, saneia-se financeiramente sem se perceber realmente como se chegou ao buraco, meio caminho andado para cavar outro.

Publicado por Manuel 14:16:00  

1 Comment:

  1. irreflexoes said...
    Caro Manuel,

    Falando só do que conheço. Existe um dossier para a reestruturação da CP e da REFER, que tem mais de duas mil páginas. Eu até, veja lá, o li.

    Estudos não faltam.

    O que não se consegue é privatizar seja o que for com 2.5 mil milhões de euros de passivo.

Post a Comment