Não sei

Não sou advinho. Não tenho grandes fontes previligiadas. Deu para saber uns minutos antes de dar na SIC Notícias e pouco mais. A demissão de Campos e Cunha, parece claro, resulta das suas posições sobre dois grandes projectos de investimento: Ota e TGV.

O V. António já explicou muita coisa. O Manuel também, e ainda não acabou.

Eu, por mim, acho que pouco posso contribuir. Não era fã de Campos e Cunha. Para mim, a estória das acumulações foi decisiva. Endeusar hoje um homem que ontem mostrou que não tem ética republicana parece-me hipócrita, mas está a ser alegremente feito por essa blogosfera fora - dos jornais já não espero nada.

O que não impede que tenha uma enorme simpatia pela sua posição nessa matéria. Eu também acho que estes investimentos não estão ainda justificados. Pese embora a fortuna gasta em estudos.

Pessoalmente, e acho que já escrevi o suficiente para se perceber isso, a Ota não me convence, especialmente se se fizer o TGV. Aliás, e para mim, um dos argumentos a favor de uma visão maximalista da futura rede de TGV, que em tempos recusei, é exactamente o de permitir evitar gastar os 5 mil milhões de euros, pelo menos, que a Ota vai custar.



Parece, e a demissão do Ministro das Finanças assim o confirma, que a Ota não pode ser posta em causa. Há quem diga que isso tem a ver com um credo keynesiano do Governo. Outros, mais pragmáticos, falam em interesses imobiliários (na Ota e, aspecto pouco referido, na própria área que a Portela agora ocupa, e que será em breve servida pelo Metro). Eu, pessoalmente, não sei.

Sei isto. Podem ter calado Campos e Cunha, ou ele deixou-se calar, mas não nos podem calar a todos.

A Ota não faz sentido. Demonstrem o contrário ...

Publicado por irreflexoes 14:34:00  

14 Comments:

  1. Anónimo said...
    `´E a sua opinião, mas quem governa é o PS, Sócrates e o seu governo sufragado por 45% dos portugueses. Vai avançar a OTA e vai avançar o TGV. Daqui a 4 anos, se outro governo de outro partido ganhar as eleições (o que duvido...), então, se quiserem, desfaçam tudo e voltem à estaca zero! Certo?
    irreflexoes said...
    Oh Clara,

    Eu fui um dos que sufraguei este Governo. Aqui na Loja até sou acusado de ser um fundamentalista defensor do PS por comentadores menos iluminados.

    A legitimidade eleitoral não é um cheque em branco. Ou acha que se o Governo se lembrasse de instaurar a pena de morte eu tinha de me calar?
    Anónimo said...
    Minha cara Clara Figueiredo

    Tal como o irreflexões, tambêm eu sou apoiante do PS e por isso tenho levado muita pancada. Mas isso são outras histórias.

    O fundamental é percebermos que o PS ou qualquer outro partido só nos "governa" na medida em que nós nos calamos.

    É que o PS ou qualquer outro partido não existe para nos governar, mas sim para governar segundo o nosso interesse.

    É utópico ? Talvez !

    Mas se não lutarmos por utopias, o que nos resta ?

    E olhe que temos muito mais força do que a Clara Figueiredo pensa.

    Acredite !
    Dr. Assur said...
    Parece-nos que a OTA tem mais importância que o TGV em termos de estratégia geográfica. Só que parece não haver dinheiro ...
    irreflexoes said...
    A Ota não serve para quase nada. e mesmo para quem vê méritosno projecto, há sempre esta verdade:

    - o tgv melhora a mobilidade interna e as ligações internacionais. E a ota?
    José Ferreira Marques said...
    O que não faz sentido é pensar que o Aeroporto da Portela é eterno. Aconselha-se a leitura do DN on line - negócios,onde se explica porque a Portela é inviável.
    Anónimo said...
    O TGV melhora a mobilidade interna e as ligações internacionais?!
    A que custo por quilómetro?

    TGV é muito mais caro que a OTA e servirá muito menos pessoas.
    Note-se que não concordo também com a OTA.


    lucklucky
    Luís Bonifácio said...
    Se Campos e Cunha tivesse ética "republicana", Sócrates teria sido abatido com um tiro pelas costas.
    irreflexoes said...
    Caro José Ferreira Marques:

    1 - A Portela até pode funcionar de noite, de forma limitada. Os aviões modernso fazem menos barulho. Cresci num prédio por baixo da rota final de aproximação à pista principal, entre entrecampos e a av. brasil e nunca me fez confusão;

    2) Bruxelas ainda não manda em tudo e não pode desclassificar a Portela.

    3) A portela, se rejeita voos é por falta de capacidade para escoar passageiros e bagagens e não por limitações estruturais da pista. Tire-se da portela figo maduro, os jactinhos particulares (para tires), as mercadorias (para beja?), etc. e há espaço para escoar mais passageiros. Com a entrada do tgv o número de voos acaba por cair;

    4) A maior parte dos voos intercontinentais podem sair de outros aeroportos (again, beja), com vantagens para todos.
    irreflexoes said...
    Caro lucklucky,

    O custo é de cerca de 9 milhões de euros por quilómetro. Só não fazer a Ota (mais a A10 e o resto das infra-estrutras de apoio) paga Lisboa-Porto e Lisboa-Elvas (e nem estou a ter em conta que o TGV tem maior comparticipação).

    5 mil milhões de euros da OTA vs 5400 mil milhões de euros para aquelas duas ligações de que falei.
    Anónimo said...
    Neste resumo de um estudo (que não responde a algumas questões )
    http://www.rave.pt/estudos/
    estudos_realiza2.htm

    (...) nas Opções A e C, para tráfego misto, seria da ordem dos 418 milhões de contos, em infra-estruturas, e de 457 milhões de contos, com a inclusão dos investimentos em meios de exploração;(...)

    875 milhões de contos = 4,4 mil milhões de Euros para a Linha Lisboa-Porto isto em 1990.

    Mais estudos aqui:

    http://www.rave.pt/estudos/
    estudos_realiza.htm

    Resalva: não me dediquei muito tempo a esta questão. Mas na minha opinião é sistema inflexivel numa altura em que o avanço da tecnologia aconselharia a haver o minimo de obras permanentes. O TGV é suposto estar pago quando, mesmo assumindo as perspectivas optimistas?

    lucklucky
    Anónimo said...
    Aquilo que se vê lá ao fundo é um monte na rota de aproximação?
    irreflexoes said...
    Sim, é um monte :)
    irreflexoes said...
    Caro lucklucky,

    os valores que está a citar são de 1990, altura em que este tipo de tecnologia estava por massificar.

    Actualmente, best guess, são 9 milhões de euros por quilometro, logo 600 km, mais ou menos, dão os tais 5,4 mil milhões de euros.

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