manifesto para aqui, manifesto para ali

Também eu, confesso, partilho do meu cepticismo sobre a onda de manifestos que tem emanado da dita sociedade civil. Não que esteja em causa a estimabilidade e boas intenções de muitos dos seus signatários mas, simplesmente, porque estes parecem ainda não ter percebido meia dúzia de coisas básicas.

Sobretudo não perceberam ainda que as pessoas não querem mais diagnósticos, estão fartas destes, ainda não perceberam que muito mais do que elencar de catédra princípios estimáveis os que as pessoas realmente querem é soluções, e que lhes sejam indicadas formas práticas destas contribuirem para o sair da crise.

Não basta dizer que há funcionários públicos a mais, é preciso explicar, que até no interesse destes, e dos seus filhos, é melhor para estes terem menos regalias e estarem - se necessário for - no desemprego, não basta dizer que as obras públicas são más, é preciso explicar que algumas podem chegar a custar a cada um de nós vários meses de salário/ano sem que se perceba benefício evidente, não basta perorar por reformas na saúde e na educação - sem explicar cabalmente que estas não implicam apenas menores custos mas sobretudo melhores serviços, e mais qualidade para os cidadãos.

O pior que a dita sociedade civil esclarecida pode fazer é transformar o debate político em questões meta-filosóficas, mais ou menos axiomáticas, mais ou menos de princípio, que per se pouco dizem às pessoas.

A crise, que existe, é real, e sendo real traz problemas concretos às pessoas, para a resolver serão necessários sacríficios e enquanto não houver um esforço real de as conscencializar dos benefícios a prazo desses sacríficios, num estado mais eficiente, mais prestável, em melhor educação, melhor assistência/segurança social, saúde - públicas ou privadas, de nada servirá andar por aí a clamar aos céus.

Mais do que de teóricos as pessoas querem ouvir verdades, soluções e explicações, simples - concretas. Não querem, nem gostam, de ser tomadas por parvas, e apenas levarem com as conclusões, de uns e de outros.

Até lá, enquanto uns falarem apenas para o umbigo dos outros, nada mudará.

Publicado por Manuel 18:21:00  

2 Comments:

  1. Anónimo said...
    "(...)até no interesse destes, e dos seus filhos, é melhor para estes terem menos regalias e estarem - se necessário for - no desemprego(...)"

    Explica lá como é do interesse dos filhos que os pais estejam no desemprego. Comem o quê?

    Cada tirada mais boçal...
    Anónimo said...
    Ó Manuel,
    você vai polvilhando este blog com o perfume da vacuidade e dos lugares comuns na esperança que se reproduzam, não é?
    Já se lembrou de pedir a alguém que saiba ler que lhe explique o que você escreveu?

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