exames nacionais para os professores, JÁ!
terça-feira, julho 12, 2005
A Associação de Professores de Matemática (APM) considerou hoje que o enunciado do exame nacional do 9.º ano para a disciplina contribuiu para os maus resultados dos alunos, por ter um grau de abstracção elevado e por fazer exigências «dispensáveis».
Segundo dados divulgados segunda-feira pelo Ministério da Educação, mais de dois terços dos 84.980 alunos do 9.º ano sujeitos a exame tiveram nota negativa na prova de Matemática, que a APM classifica de «exigente».
Num parecer sobre o enunciado do exame, a associação refere que «a maior parte das questões exige um trabalho elaborado de interpretação e análise das situações propostas, com algumas exigências que neste nível de ensino seriam dispensáveis».
Os professores de Matemática consideram, por exemplo, que a última questão da prova «exige um grau de abstracção e formalização muito superior ao normalmente trabalhado no 9.º ano».
«Pensamos que uma parte dos resultados se deve à prova em si, que exigia um grau de formalização elevado e tinha critérios de correcção demasiado restritivos, além de alguns aspectos que podem ser demasiado exigentes», disse à agência Lusa Manuela Pires, da direcção da associação.
[continua aqui]
E que tal e já para o ano a tal prova nacional ser também feita, ao mesmo tempo e nas mesmas condições, pelos senhores professores ? Palpita-me que os resultados seriam surpreendentes... Dito isto, é pesaroso ver professores a alegarem que no final de NOVE anos de escolaridade é expectável os alunos não saberem português - i.e., não conseguirem interpretar uma reles questão, no caso bem formulada - e sobretudo não terem a mínima capacidade de pensar em abstracto.
O facto é que, por muitas e variadas razões, muitos daqueles que hoje ensinam matemática no ensino básico (como muitas outras matérias) não têm, pura e simplesmente, categoria para tal, muitos nem sequer sabem (!) a tabuada, e enquanto não houver coragem de assumir esse facto e o solucionar o problema vai pura e simplesmente persistir.
O enunciado da "exigente" prova, com «a maior parte das questões exige um trabalho elaborado de interpretação e análise das situações propostas, com algumas exigências que neste nível de ensino seriam dispensáveis», pode ser encontrado aqui. Da prova pode dizer-se muito, agora que as perguntas são de díficil interpretação e altamente abstractas, enfim... É claro que se tomarmos a matemática essencialmente uma abstracção da realidade e levando à letra esta associaçãozeca de "professores" (?) então o melhor se calhar é só começar a leccionar a coisa a maiores... Em Portugal, o ridículo ainda não mata.
Publicado por Manuel 21:05:00
16 Comments:
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Curiosidade: na resolução do exame, no site da APM, há um passo em que se escreve que P=31,4159 e P=31,42cm são afirmações equivalentes. Grande desfeita a Constâncio, logo no ano em que teve o trabalho de aproximar o défice às centésimas! E logo professores de matemática! Não se faz.
diogenes
Qual a média de saída dos alunos nos cursos superiores para Matemática, nos últimos 20 anos?
Qual a taxa de abandono durante a frequência universitária de cursos de Matemática?
E 1 + 1 = 2!!!
diogenes
Se a Cecília é professora percebe-se porque é que as coisas chegaram a este estado. Deixo-lhe uma sugestão Cecília: veja bem onde lhe doi antes de vir para aqui dizer disparates. É capaz de concluir que deve seguir o conselho que dá ao autor do post, informe-se antes de escrever. E não se faça mandatária de interesses alheios.
Agora esta visão de que os alunos estão todos empenhadissimos e desejosos de aprender e que os pais estão empenhadissimos em que em acompanhar os estudos dos filhos é uma ideia ingénua e utópica. Não tem nada a ver com o "país real".
José Manuel
Sou matemático (pouco aplicado); chega ?
este descalabro. Esta discussão sobre a burrice genética é uma burrice.
X
Não será que o problema também radica na atitude dos pais e alunos?
José Manuel
sou prof de matemática há 29 anos.
Conheço uma professora deligente
formada nas Belas Artes. Como tinha mais habilitações, que a maioria, na escola, era maltratada e convidada a sabotar os actos de escolaridade! Já viram que corpo
de professores existem? esta professora tem hoje 33 anos.
Exames para os Professores portugueses já (e, já agora, exames para os alunos e comparação entre as notas dos alunos dadas pelos docentes e obtidas nos exames).
Fernando Martins (Professor há 15 anos)
este comentário aplicava-o DIREITINHO aos que elaboram as provas do CEJ........