geneticamente burros ?

Nada como uma noite sem sono, a ouvir a TSF, para perder o sono todo. A TSF passou a santa noite, noticiário sim, noticiário sim, a relevar um estudo revolucionário de um tal Instituto da Inteligência. Ao que parece, e segundo um estudo do tal Instituto, a falta de queda dos portugueses para a matemática não é culpa dos professores, não é culpa do sistema de ensino, é, antes, segurem-se, um problema... genético.

Assim, e geneticamente, as tais alminhas terão demonstrado que os portugueses não terão - azar - queda para a matemática, falta de queda essa hereditária, e, mais, para consolar as massas, ainda apareceu a papaguear uma luminária a dizer que mesmo os génios, desses só 1% é que era bom a matemática (!) e que essa capacidade se esgotava a partir dos 35 anos. Não consta que isto fosse uma produção para uns quaisquer apanhados.

Este "problema genético" - mais conhecido por preguicite aguda - curiosamente só existe no rectângulo, e manifestamente, mesmo em Portugal, não atinge filhos de emigrantes do Leste, nem os chineses, muito menos os indianos. Este problema genético - e é pena não se conhecer o calibre científico do estudo que o revelou mesmo, já que o dito Instituto não o revelou ainda no seu blog, de sabor tropical - pode ser visto como a prova de que, quando muito, a preguiça, em Portugal, é, essa sim, hereditária, e a sua alegação é a prova factual de que vai valendo tudo, mesmo tudo, para - no que ao ensino da matemática diz respeito - não se fazer rigorosamente nada para combater as causas reais dos problemas.

É imbecil alegar, para justificar a incompetência e laxismo de um sistema de ensino, maximizado pelo laxismo e conformismo dos pais, que somos - geneticamente, registe-se - burros, por muito prático, reconfortante e até politicamente correcto que isso possa parecer.

O futuro deste país, a sua competitividade, passa, e muito, pela competência, pelo mérito, pelo esforço que for capaz de incutir nos seus alunos. A matemática estuda-se, aprende-se, e se tem algo de inspiração tem concerteza muito mais de trabalho, e esforço, conceitos - exógenos - a que muitos não estão verdadeiramente habituados. Ah, é verdade, às vezes também é difícil, mas viver não é fácil, ou julgam que é ?

Para terminar, digam-me, garantam-me, que esse tal Instituto da Inteligência não anda a disparatar à custa de verbas directa ou indirectamente do Estado!

Publicado por Manuel 10:39:00  

13 Comments:

  1. Anónimo said...
    Em primeiro lugar, ser mau aluno (a) a Matemática não é sinónimo de burrice, forçosamente, pois eu fui sempre uma aluna brilhante no secundário, excepto nas disciplinas de Matemática e Física, que detestava e para as quais não tinha a mínima aptidão. Em segundo lugar, o insucesso em Matemática não é também forçosamente sinónimo de laxismo e facilitismo, pois eu fui aluna no "tempo do Salazar", em que o ensino era supostamente rigoroso! E agora, o que me diz a isto?
    Anónimo said...
    EStou pasmado, pois há pouco tempo li um estudo de um Instituto norte-americano que avalia mundialmente QI's. Nesse estudo Portugal está á frente não só dos E.Unidos(!), como Reino Unido(!!),Noruega(!!!),Dinamarca(!!!!),Espanha(!!!!!).Bélgica(!!!!!!),Finlãndia(!!!!!!!.......),etc,etc.
    Anónimo said...
    Pela primeira vez estou completamente de acordo com o Manuel.

    Este tipo de "Institutos" se dependem do estado devem é ser encerrados.

    Por outro lado a TSF-Rádio Bagdad ( e que é a verdadeira rádio do regime) também deve ser responsabilizada pela intoxicação metódica e sistemática utiliza para defesa da actual situação.
    lino said...
    Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
    lino said...
    http://righthandside.blogspot.com/2005/04/haver-vida-inteligente-no-instituto-da.html

    Haverá vida inteligente no Instituto da Inteligência?
    Luís Bonifácio said...
    Salazar afirmava que a democracia não era um sistema político adequado às capacidades dos povos peninsulares.
    Ele não se referiu à genética, mas andava lá perto.
    Esta afirmação do "Instituto da Inteligência" (quem serão os "inteligentes" que o compõem), no fundo não passa da reformulação moderna do postulado Salazarista, em que a democracia é substituída pela Matmática.
    Anónimo said...
    "Com certeza" e não "concerteza". É preciso ter ainda mais cuidado quando se critica a escrita dos outros, não é verdade?
    Anónimo said...
    Declaro aberta a silly season!
    Anónimo said...
    Claro que eu fico pasmado, como, ainda quem ouça a TSF, radio de aldrabões ao serviço da baixa politica! foi assim toda a vida e parece que pelos vistos continua.
    Quanto a essa aluna que diz não ter geito para esta cadeira ou aquela, não passa de uma desmiolada, que vive num sistema de ensino que desde a abrilada è
    exterco que è...........
    Anónimo said...
    Cara crítica,
    Claro que nem toda a gente tem de ter vocação, ou capacidade para a matemática. Há muitas profissões de valor em que esta disciplina não é importante.
    Mas um país, uma economia, para gerar inovação tecnológica - que é o que pode aumentar a produtividade e o nível de vida - necessitam de gerar profissionasi em áreas em que a matemática e a física são fundamentais. E em Portugal isso não está a acontecer. Ao contrário do que se passa com os "tigres" asiáticos e mesmo com o Leste Europeu. A continuar assim, poderemos gerar muito turismo, lazer, mesmo actividades artísticas, mas ficraemos inevitavelmente cada vez mais pobres.
    Anónimo said...
    O burro não é estúpido é sobretudo teimoso.
    Podendo a teimosia ser sinal de estupidez ela é de facto indispensável até encontrarmos a solução de um problema.
    Haja então a lucidez de nos assumirmos como totalmente burros e escoucear as evidências desses inteligentíssimos institutos, TSF's e demais... !
    António Torres said...
    O tal Instituto é uma tanga.
    O director, que conheci há anos, é um nabo de primeira água.
    Depois, deve ter arranjado este instiuto, que é uma impostura vil, mas que volta, não volta, regressa com comentários e análises de uma banalidade (e frequentemente disparates), que mostram o que se trata ali.
    Espero que não seja também dos meus impostos que estejam a escorrer verbas para mais este instituto de burrice.
    Anónimo said...
    Gozam gozam, mas olhem que até tem a sua lógica:

    Voltemos às velhas teorias do Darwin, aquele tipo que se divertiu a fazer teorias sobre a evolução das espécies. Então, segundo ele, a evolução das espécies depende sobretudo da sobrevivência do mais apto. Ora, se nós pensarmos um bocadinho, vê-se que esta teoria se encaixa perfeitamente no problema matemático dos portugueses.

    Então é assim - um português que tire um curso superior de matemática (ou seja, que tem o fabuloso "gene da matemática"), no nosso país, acaba a dar aulas (ok, não todos, mas não compliquemos a coisa). Ora, como todos sabem, de professores está o país cheio, portanto a grande maioria dos matemáticos não tem emprego. Se não têm emprego, não ganham dinheiro ao fim do mês, se não ganham dinheiro não compram comida, se não compram comida morrem, e com eles morre também o "gene da matemática". ( :D ) O que leva ao desaparecimento do "gene da matemática" do nosso patrimonio genético, e isso ao longo dos anos fez com que os portugueses actualmente não sejam bons a matemática. (Digam lá que não tem lógica!! :D)

    Então, esclarecido isto, podemos agora pensar em vários pontos:

    1) Se aquele pequeno gene está condenado ao desaparecimento, porquê insistir no ensino da matemática em portugal?! Apenas será fonte de depressões para tantos alunos que se calhar até tentam, mas por causa da falta do gene, simplesmente não conseguem.... E nós não queremos Portugueses tristes...

    2) E está explicado também o problema do défice em que o país se encontra! Ora, primeiro, se não temos o gene da matemática, como esperam que o governo consiga fazer contas com numeros tão grandes?! Mesmo com o auxílio da calculadora, torna-se complicado... até para determinar o verdadeiro valor do défice foi o que foi, quanto mais ainda tentar encontrar soluções para o superar?! Não, acho que o melhor que temos a fazer é importar matemáticos que saibam lidar com os nossos problemas financeiros, uma vez que já está "provado" que o português e os números não se dão bem!

Post a Comment