closet technocrat
sábado, junho 25, 2005
O João Morgado Fernandes com a lábia que lhe é reconhecida resolveu contestar a minha defesa de uma reforma a sério no sistema político argumentando...
Seja português. Diga não à «reforma»
Portugal tem uma saúde abaixo de cão. A justiça é uma lástima. Da educação é melhor nem falar. O tecido produtivo é uma imensa gargalhada.
Há culpas da estrutura, do sistema, em tudo isto. Mas o fundamental são as pessoas. O pior da educação são as pessoas que a fazem, o que torna a justiça uma inexistência são os seus agentes. A economia só mudará quando empresários e trabalhadores entenderem qual é o seu papel.
O Manuel [GLQL] insiste na reforma (eu acho que ele quer dizer revolução, mas tem medo da palavra...) do sistema político. É um discurso gasto, este. Desculpabilizador, porque assenta sempre nos outros. Ineficaz, porque nenhuma reforma seria suficiente.
Eu acho que Portugal só será um país decente quando tiver melhores portugueses (não apenas políticos, nem principalmente políticos...). Melhores cidadãos, melhores profissionais. Os melhores políticos virão por arrasto. Querer o contrário é pedir a Lua.
E isto só se faz com trabalho. Não há volta a dar.
Não vou sequer pereorar sobre se o João percebeu o verdadeiro alcance do que escreveu, mas não posso deixar de registar a candura implícita nas suas palavras. Existindo também um problema de competência e competências o facto é que a existência desta na sociedade civil não resolve automaticamente os problemas, e tanto não resolve que há por aí uns ditos liberais que se pudessem acabavam com o Estado, que para eles não serve para nada. O cerne da questão está em conseguir que as pessoas sejam cometentes e empenhadas não só para sí, naquilo que lhes diz directamente respeito, mas tambémcom e para com os outros, para a comunidade. O João parece ignorar que um dos problemas da sociedade actual, e maior que o da falta da competência, porque ainda vai havendo gente dedicada e competente, é o do egoismo, um egoismo cego e atroz que afasta as pessoas umas das outras, numa espécie de múltiplos apartheids sociais, culturais, económicos e até locais, é este egoismo aliás que torna também muitos (ainda mais) incompetentes, porque se estão nas tintas, a borrifar para isto ou aquilo. Isto só se resolve com uma inclusão de todos na sociedade plena, inclusão esta que terá de passar imperiosamente por novas fórmulas que reduzindo o overhead da máquina do Estado aumentem a eficácia deste e o grau de envolvimento e participação neste de todos os cidadãos. Pensar de outra forma é ignorar o verdadeiro problema, porque o problema é político e social, é um de cidadania, antes de ser apenas e só um de competências "técnicas". Quem diria que o João Morgado Fernandes, esse mesmo, era afinal um tecnocrata ?
Publicado por Manuel 12:44:00
5 Comments:
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Até posso tar d'acordo contigo (é conhecido o meu ódio à tecnocracia).
Mas, enquanto não existir um sistema que premeie efectivamente o mérito e faça compreender aos portugueses que a competência, o mérito e a objectividade na avaliação são reconhecidos.
Enquanto o sistema de ensino (e o sistema social, funcionalismo público nomeadamente) não utilizar instrumentos que demonstrem que só a competência e o mérito, avaliados de um modo objectivo, são os únicos factores determinantes, os estudantes, os funcionùarios e todos os restantes trababalhadores fazem aquilo que vêm fazer: incompetência, mediocridade, pedir mil para obter cem dando apenas dez, etc.
Não são os portugueses que irão fazer o que quer que seja (salvo meia dúzia de carolas honestos e empenhados). O que se exige é vontade política. Vontade política que introduzisse instrumentos na escola, no funcionalismo público e na sociedade, instrumentos esses que permitissem a toda a gente compreender que a única coisa que contava era o mérito e a competência avaliados de um modo totalmente objectivo. E que tudo o resto era simples perda de tempo.
Mas é essa vontade política que me parece que falta em todo o espectro político português. Porque isso sigificaria perda de poder. E este é, em grande parte, pensado para satisfazer amiguismos e clientelismos.
Assisti recentemente a uma conversa edificante entre alguns jovens no intervalo do trabalho. O assunto era a repugnância que a um deles lhe causava o facto, anúnciado à mesa do almoço com evidente satisfação, de outra ir adquirir um portátil roubado por 450 euros. Outra concordou, pois se ela nunca tinha comprado um telemóvel que não fosse roubado (era pelo menos o sexto)... Claro, não viam nenhum mal nisso. Nem se punham na pele de quem sofria o roubo. O que interessava era "aproveitar e não ser parva, pois não tenho dinheiro como outros para dar pelo portátil ou telemóvel topo de gama". E recusava, com o mesmo dinheiro que deu pelos roubados, a comprar coisas "piores", mas legais...
A discussão foi de tal modo de surdos, que só restou uma conclusão: o sistema de valores não é o mesmo. Infelizmente, digo eu por experiência, este sistema de valores é prevalecente no Portugal activo de hoje.
E são estes que votam e fazem "andar" o país que temos... calcula-se o que estão a fazer nas nossas empresas e no funcionalismo público...
Fónix... Estamos mesmo perdidos...
PS A proporção entre as partes era de 6 para 1... só 1!!!!
O que fazem fora do governo? Ou da Assembleia? Em especial o Manuel, prenhe de sabedoria, o que faz ele fora das fontes do poder onde poderia tornar util a sua infinita verborreia, desculpem, sabedoria?
Está tudo fora do lugar!
Como é que depois podia passar o dia todo sentadinho no office a ler blogs dos outros e a postar no(s) dele a um ritmo absolutamente inacreditável??
"porque estes gajos falam falam, falam, falam, mas eu não os vejo fazer nada"
Como é que depois podia passar o dia todo sentadinho no office a ler blogs dos outros e a postar no(s) dele a um ritmo absolutamente inacreditável??
"porque estes gajos falam falam, falam, falam, mas eu não os vejo fazer nada"