um epitáfio

Todos os dramas são, antes de mais, humanos, e manifestamente o Dr. Portas está, e vai continuar, a passar um mau bocado. Descobriu, ou está prestes a descobrir, da pior maneira possível que não é afinal o centro do mundo, e que, pior, também ele é, afinal, dispensável, expendable como se diz nos filmes...

Alexandre Dumas pôs em tempos na boca de Richelieu
, Cardeal, que (o conceito de) "traição era uma mera questão de datas" e por isso, independentemente de desfechos judiciais e políticos, é que os presentes fenómenos são tão interessantes. É ver Jorge Coelho, solidário, a desdobrar-se em explicações para ilibar o topo da cadeia alimentar (os ministros) relegando tudo para os serviços, é ver a TVI e o Correio da Manhã, subita e miraculosamente, a lembrarem que Bagão Félix, autor de um dos piores OEs de todos os tempos e livre agora da fidelidade ao Dr. Portas, era afinal um moralista que não autorizou despachos milionários à última da hora e que até deixou bilhetinhos a pedir inspecções que não fez, aquí, alí, e acolá..., é ver a rapaziada do Dr. Portas, nada e criada no Indy a clamar contra a selectividade (!) da justiça, dando de barato que de facto algo aconteceu, mas que sempre foi assim... É ver a forma como circula a informação e a forma cuidadosa esta como é tratada, como se desfoca, como se chuta para o lado, como se tentam afastar as coisas do epicentro...

Voltando ao Dr. Portas, cresci a ler O Independente, e a ler o dr. Portas, dos tempos em que escrevia ao domingo n' O Primeiro de Janeiro. Independentemente do que se passe, ou deixe de passar, esta noite nos telejornais, ou amanhã no Expresso, o Dr. Portas acabou politicamente. Bem pode, ele e os seus, queixar-se de tudo, do mundo, do azar e da traição de que estará agora, dispensado, a ser vítima.

É que o Dr. Portas é de facto uma vítima, mas única e exclusivamente dele mesmo, foi traído, mas primeiramente por sí próprio... Podia ter sido, e tido, um fim, não passou nunca de um meio.

Que sirva a outros de lição, nos entretantos a vaidade continua a ser o meu pecado favorito.
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Publicado por Manuel 19:07:00  

1 Comment:

  1. Anónimo said...
    Está explicado o sentido geral do que o Manuel esvreve aqui.
    Finalmente revela-nos que cresceu a ler o Independente do tempo de Paulo Portas.
    Não digas mais, pronto...

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