Pózinhos ...

Para ti, meu caro ...

O TGV não pode ser pensado separado da questão dos aeroportos nacionais, dos portos e do desenvolvimento do Plano Nacional Rodoviário, já para não falar do resto do transporte ferroviário, de passageiros e mercadorias.

Esse tem sido o erro. Ninguém consegue tomar uma decisão sobre o TGV com os pés no chão sem ter estas coisas todas presente.

Eu sei que é muito. É preciso pensar em Sines sem esquecer a Linha da Beira Alta e ver a relação entre o Aeroporto de Faro e uma possível ligação por TGV no Sul do País versus a porcaria do Aeroporto de Badajoz, a A2 e o novo IP2 em versão SCUT (?), ter em conta a dimensão da área urbana de Sevilha e o impacto da ligação desta cidade a Madrid/Barajas via TGV, que já existe, já para não falar de um hipotético (mas desejável) Aeroporto de Beja e do impacto do Alqueva nos fluxos migratórios internos e turísticos sazonais, muito cross-afected pelo turismo no Sul de Espanha.

Só um exemplo, de dezenas, para não dizer centenas ou mesmo milhares de vectores de análise que, para mais, interagem uns com os outros. Mexe-se num e tem de se voltar atrás para ver o impacto em todos os outros. Há tantas decisões por tomar que a margem de erro é gigantesca.

Mas não deve ser desculpa para não se tentar, pelo menos.

Eu só acredito em anúncios sérios sobre o TGV quando vir um Ministro dos Transportes enquadrar essa questão numa visão estratégica dos transportes como suporte de uma economia saudável e em crescimento e de uma sociedade solidária e com elevados níveis de bem-estar.

Mas do que é estou a falar. Desde 2000 os transportes, um sector onde o planeamento se faz a décadas de distância e a curva de conhecimento é muito inclinada nos primeiros anos, já tiveram como Ministros (espero não me esquecer de nenhum), Jorge Coelho, Ferro Rodrigues, Valente de Oliveira, António Mexia e ... Mário Lino!

Há condições? Não há ...

P.S. - Montijo não. Há interferências mútuas de rotas de acesso e circulação com a Portela. Beja!
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Publicado por irreflexoes 19:02:00  

8 Comments:

  1. Anónimo said...
    Se o senhor mandasse no estado de New York mandava já fechar La Guardia e Newark porque "colidem" com JFK.

    Felizmente para as centenas de voos diários que saiem desses aeroportos e para felicidade dos seus passageiros, o senhor e o Cravinho que já defendeu a mesma "análise" só podem atrasar o progresso aqui.
    Rui MCB said...
    Obrigado a todos (que comentaram aqui e no outro post) pela discussão.
    Há vários anos que tento encontrar uma solução equilibrada ouvindo diversos especialistas e representantes de loby e a solução parece-me difícil. Mas o pior é não decidir. Talvez a abordagem de eliminar as piores soluções seja a melhor neste caso e aí a opção OTA parece-me demasiado frágil, despendiosa e arriscada, em suma muito frágil.
    Talvez ainda regresse a este assunto.
    zazie said...
    é pá, então és tu que andas a tratar da cena dos aviões na OTA e não dizias nada... fónix... e eu a chamar-te macabe ":O)))
    Anónimo said...
    Na revista da TAP há uma tabela que resume todos os tempos de ligação aos aeroportos dos destinos servidos, junto com a distância ao centro da cidade em questão.

    Assim de repente, creio Beja seria o unico sitio dessa lista que estaria a 1 hora de distância, implicando o custo de bilhete e da construção de uma linha de alta velocidade específica para essse percurso.

    Os meus aeroportos preferidos até à data são o de Bruxelas e de Amesterdão. Tanto um como o outro têm uma estação de comboio na cave, que fica em caminho para inúmeros outros destinos, permite frequências de 8 minutos entre comboios (AMS) e custos baixos (desde €2,4 - BRU)

    Considerando que a Portela terá acesso à linha do Oriente em breve, parando em Moscavide e Encarnação depois de sair da Gare do Oriente (reparem no esquema sobre as portas do metro, cabem 2 estações antes de se sair da zona L e o aeroporto há-de ter uma tarifa L1 ou específica), falta aumentar a capacidade e possibilitar a entrada de companhias de baixo custo, que não se servem da Portela.

    Não creio que se conseguirá isso amortizando um aeroporto construído de raíz, ainda mais que implique usar uma nova linha de alta velocidade para lá chegar.

    NLima
    irreflexoes said...
    O sistema de navegação aérea que permite a convivência dos três aeroportos de Nova Iroque custa mais do que a construção da OTA. Mas que isso não nos impeça :)

    Falando sério. O Montijo tem "ene" problemas: a questão ambiental, o facto de se situar numa zona com uma pressão urbana razoável, que impede o desenvolvimento de serviços de apoio, etc. E está demasiado perto para ser uma alternativa, v.g., em caso de mau tempo, à Portela.

    É uma má opção. Um aeroporto como o de Beja não tem esses problemas e permite à Portela lidar com muitos mais voos, porque absorve as escalas técnicas, as mercadorias, os charters, etc.

    Para além do mais, com a alta velocidade lisboa-porto-madrid há uma data de voos que deixam de se fazer na Portela.

    Isto quer dizer que aquele aeroporto tem uma vida útil mais longa do que querem fazer crer.
    irreflexoes said...
    Nota ao NLima:

    Beja não é construído de raíz. Já lá está e precisa de meia dúzia de tostões de investimento. A pista de Beja é tão boa que está eleita como pista de aterragem de emergência dos vaivéns da Nasa.

    Quanto ao TGV: até vendas novas, mais coisa menos coisa, é comum com a construção da ligação a Espanha. Depois disso são poucos mais quilómetros.

    Em todo o caso, para as escalas técnicas, charters e mercadorias, a acessibilidade a Lisboa não é tão importante como para o tráfego de passageiros.

    Ah, e não é uma hora, é ligeiramente menos. Em Bruxelas também é uma boa meia hora, ou mais. Em Londres, pode ir até quase uma hora (voe com a Ryanair e depois falamos).
    Anónimo said...
    Nota à nota ao NLima :)

    Eu tenho estado atento a este tema por interesse com o que sucederá ao aeroporto de *Lisboa*, e as acessibilidades a esta região.

    A pista de Beja pode ser fabulosa, mas para fazer o papel de aeroporto de Lisboa, que acessos é que terá?

    Se eu estiver em Bruxelas, o comboio que passa na cave do aeroporto também serve para ir a outros sitios. O mesmo se passa com Schiphol, e a diferença entre estes dois e Gatwick/Stansted é a existência de alternativa "expressos" cidade-aeroporto, ocupados mesmo custando esse percurso de 50/60km o equivalente a 18€ (pagamos hoje €24,5 para Lisboa-Porto no alfa...).

    Existe uma pista (pequena) em Alverca, que se vê ao aterrar na Portela pelo Norte, que tem a estação de comboio mesmo ao lado. Os comboios que ali passam estão ligados a Lisboa-Oriente, Chelas, Areeiro, Entrecampos, Sete-Rios...

    Era uma coisa deste tipo que eu consideraria uma acessibilidade comparável a essas capitais que serviram de exemplo. Os comboios seriam "normais" suburbanos, a frequência e o preço não deveriam obstar ao uso para voos regulares de passageiros.

    Se o uso de comboio de alta velocidade for condição necessária para se chegar ao aeroporto, o preço dispara e a frequência do comboio dificilmente será satisfatória.

    NLima
    Anónimo said...
    aaaah Ok, lendo os dois posts de Irreflexoes de seguida já percebi :D


    NLima

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