Aviões e combóios
quinta-feira, maio 05, 2005
Gostaria de vos referir e de comentar o artigo de hoje do arquitecto José Tudella presente no Público, no qual se refere a questão do TGV e do Aeroporto Internacional de Lisboa. Basicamente a opinião é crítica de construção de um novo aeroporto, apresenta a conversão do aeroporto do Montijo como resposta às necessidades de reforçar a oferta para a aviação comercial, sugere uma paragem do TGV no Aeroporto do MOntijo (que parece ser definitivo entrará em Lisboa pelo Sul) tendo como terminal em Lisboa em Santa Apolónia que ficará destinada exclusivamente ao TGV.
Como disse gostaria de referir e comentar mas fico-me pela referência que não tenho tempo para mais. Acrescento apenas que fiquei com umas perguntas engatilhadas que gostaria de ver respondidas antes de se lançara primeira pedra. No fundo pelo que já li anteriormente fico com a sensação de que esta é uma solução muito interessante e aparentemente muito (?) mais barata e, talvez mesmo muito mais rápida de implementar. Pelo menos olhando para a Lisboa e para o País de 2005. Estou meio convertido mas falta a crítica, alguém tem a bondade?
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Publicado por Rui MCB 14:32:00
tenho acompanhado o que se tem escrito na imprensa e também já li muito sobre o assunto neste site:
http://www.maquinistas.org/
sei que há 10 anos, quando se decidiu pela OTA, estavam também em jogo Rio frio e Montijo. Pelo que tenho lido sou completamente contra a OTA e até hoje estava esquecido do Montijo...
Acho que o mais importante para o pais, neste momento, é a ferrovia e penso ser nela que se podem tirar partido de avultados fundos comunitários. Li, hoje, que a ministra espanhola do fomento (a tal que cá esteve ontem), presenciou a abertura do tunel de guadarrama. esse tunel com 27 km é o 5º maior da europa e vai permitir a passagem co cf de alta velocidade para o norte e noroeste de espanha. custo aproximado do tunel - 1500 milhões euros.
comparticipação UE - 73%.
http://www.mfom.es/noticias/noticias/notas/050505-0.pdf
estamos nós ainda em projectos e os espanhóis não brincam em serviço....
1) É ou não necessária uma alternativa ao aeroporto da Portela (i.e. um aeroporto que substitui o actual)?
2) Em que medida uma a localização dum novo aeroporto condiciona os planos da rede ferroviária de alta velocidade?
Em relação à primeira questão vamos admitir que se confirmam as previsões de crescimento de tráfego que apontam para uma exaustão da capacidade disponível nos próximos 5 anos. A confirmar-se este cenário (e tudo indica que sim) parece-me indiscutível a necessidade dum aeroporto com maior capacidade.
Quando me refiro a um aeroporto de maior capacidade, estou óbviamente a excluir uma solução do tipo Montijo. E as razões são multiplas: os problemas de capacidade não se esgotam na simples disponibilidade de pistas e zonas de parqueamento para os aviões, mas também todas as infraestruturas que estão associadas ao acolhimento e reencaminhamento dos passgeiros. Para além da duplicação dos investimentos necessários para garantir a operacionalidade destes serviços de acordo com critérios compatíveis com as necessidades actuais (i.e. não se pode imaginar um tempo de transferência até ao centro da cidade superior a 1 hora) acresce que estariam excluídos do "aeroporto" do Montijo quaisquer voos que exijam ligação a um voo destinado a outra localidade (p.ex. Madeira ou Açores - eventualmente Faro). Penso por isso que a ideia de manter em operação dois aeroportos não é sustentável (nenhum deles atingiria a dimensão crítica para fazer dele um aeroporto verdadeiramente internacional).
Em relação ao segundo ponto, a rede ferroviária de alta velocidade. Muitas das análises que têm vindo a ser feitas sugerido paragens distantes de 50 Km parecem ignorar que isto vai apenas transformar o comboio de alta velocidade num comboio "mais rápido". A eficiência do "TGV" é (dentro de certos limites)proporcional à distância a percorrer entre paragens consecutivas. Em todo o caso o "TGV" é manifestamente inadequado para distâncias inferiores a 50Km.
Uma questão que veio ser colocada de forma implícita pelo ministro é a adequação da opção OTA. Tive oportunidade de trocar impressões com várias pessoas que participaram em estudos preliminares sobre esta matéria e todos me dizem que a OTA é, comparativamente com as outras localizações (nomeadamente Rio Frio) a menos adequada. A este propósito sugiro a leitura do artigo do General Kruz Abecasis ( http://www.maquinistas.org/media/KRUSPO1.PDF) que inclui uma análise detalhada dos condicionalismos operacionais da OTA.
Carlos José