"o essencial da questão"

José António Barreiros é provavelmente um dos melhores advogados do País, tem pois sorte Abel Pinheiro em poder contar com a preciosa ajuda daquele jurista, para se tentar safar no Espirito Santogate. Dito isto não deixam de ser curiosas as declarações de Barreiros na última edição do Expresso, em que desvaloriza os indícios recolhidos pela PJ, por estarem suportados apenas em escutas telefónicas, cujo teor, garante, revela uma actividade de lóbi e não de tráfico de influências rematando que...

«O essencial da questão consiste em saber quais são os limites da actuação dos partidos políticos na intermediação dos interesses da base social que os apoia»


Tem razão José António Barreiros, demasiada razão, mas será que já percebeu que no momento em que se souberem de facto quais são os tais "limites" e qual é a tal "base social de apoio", e que tem pouco a ver com o país real e com demografias eleitorais, Abel Pinheiro, e os seus compagnons de route - serão - politicamente, pelo menos - inapelavelmente condenados ? É que aquilo que implicitamente sintetizou não é um estado democrático, é simplesmente um estado corporativo onde as corporações, gerem os seus interesses entre sí e para si... A não ser que com o seu habitual brilhantismo José António Barreiros nos queira convencer a todos que sempre foi assim em todas as democracias, e que não há outra via. Nem ele consegue.
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Publicado por Manuel 21:55:00  

11 Comments:

  1. Nino said...
    A arte estará em fazer dizê-lo sem dizê-lo.
    Anónimo said...
    reguila o escriba. Se eu percebi bem está a insinuar que JAB deu de barato que o Abel Sobreiro é culpado (politicamente) se bem que não necessariamente judicialmente. certo ?
    Joao said...
    Eles falam falam falam e não dizem nada e... nada acontece. Deste post o que salta à vista é o "sintetisou"
    Carlos Rodrigues Lima said...
    Pois o problema - sem fazer qual tipo de pre-juízos - está aí, meu caro dr. JAB. O que entender por "base social de apoio"? é uma noção demasiado ampla para se confundir com o aparelho partidário. E, se assim for, já n estámos a falar de lobing.

    Penso eu de q...


    Carlos Rodrigues Lima
    josé said...
    Esta questão parece-me muito complexa e demasiado simples, simultaneamente.
    É complexa na medida em que lida com negócios nos quais participam entidades públicas que têm por missão decidir sobre aspectos técnicos, obedecendo a disposições legais que nem sempre se interpretan linearmente, para gáudio da indústria do parecer. Indústria com muito poucos profissionais, em que oferta é escassa para uma procura relativamente importante.

    É simples, uma vez que lida com um aspecto que toda a gente percebe, entende e consegue ver: a honestidade individual!
    Todos os intervenientes sabem se pisaram ou não o risco e sabem muito bem se fizeram algo que não deviam. Além do mais, porque a educação presumida dos envolvidos, na base cristã e até de sacristia, é suficiente para presumir que têm essa obrigação estrita.
    Mas ainda ponho mais na cara: todos os envolvidos deveriam saber que deveriam dar o exemplo, porque foi assim que se apresentaram ao eleitorado- como exemplos de ética e de comportamento acima dos interesses individuais ou particulares.
    Deste modo, a confirmarem-se os factos, a decepção ainda é maior e fatal o diagnóstico de que "são todos iguais".

    Quanto ao papel de JAB, não se pode esquecer que é advogdo; como tal, defende o interesse dos clientes e por isso devia estar em reserva absoluta- até porque sendo uma pessoa inteligente, também deve saber exactamente o que significa a tal honestidade que neste caso nunca é um valro relativo...
    josé said...
    Contesto vivamente que o advogado JAB se pronuncie abertamente sobre os factos, após ter sido constituido advogado.

    Do mesmo modo que o próprio JAB não admitiria que um qualquer procurdor ou agente da PJ viessem para a rua, perante os jornalistas, fazer declarações sobre o assunto, assim também deveria manter reserva absoluta, porque é apenas advogado de arguidos e nesse papel compete-lhe defendê-los- mas no processo, não na rua...
    Para vergonhas deste género, basta o que aconteceu com o processo Casa Pia.
    Anónimo said...
    O José põe o dedo na ferida. Ferida aberta por muitos que da advocacia não têm a noção do recato com que devem ser tratados e defendidos os interesses dos clientes. JAB, como diz Manuel, pode ser um brilhante advogado. Mas como a muitos falta a resistência ao apelo do protagonismo fácil.
    Se o argumento que JAB avançou fosse válido (e há nele aspectos que devem levar a refletir nos concretos contornos do tipo legal de crime em causa), a verdade é que foi JAB que o desvalorizou ao utilizá-lo fora do processo. E suspeito que o fez não para defesa do seu cliente mas para defesa da imagem do advogado que só é brilhante se brilhar. Infelizmente criou-se ideia de que pouco brilham os advogados que reservam os seu saber para os tribunais.
    Anónimo said...
    Tu escreves e logo condenas. Mas a Justiça felizmente não actua de acordo com o Grande Queijo. É a vida, meu caro,
    Anónimo said...
    Venerável Irmão José, devo dizer que gostei da tua prosa.
    Quanto à afirmação de JAB é interessante, como estratégia de defesa. Coloca o acento tónico nos partidos, à boleia do financiamento partidário. Todavia, o corte de sobreiros e azinheiras escapa aos órgãos decisórios dos partidos. È assunto estritamente de interesse pessoal, "supra-partidário".
    Por outro, ninguém fala do Costa Neves!? O homem não é do PSD! "Qué passa hermano Manoel? Non hay naranjas?"
    Anónimo said...
    Venerável Irmão José, devo dizer que gostei da tua prosa.
    Quanto à afirmação de JAB é interessante, como estratégia de defesa. Coloca o acento tónico nos partidos, à boleia do financiamento partidário. Todavia, o corte de sobreiros e azinheiras escapa aos órgãos decisórios dos partidos. È assunto estritamente de interesse pessoal, "supra-partidário".
    Por outro, ninguém fala do Costa Neves!? O homem não é do PSD! "Qué passa hermano Manoel? Non hay naranjas?"
    Anónimo said...
    Boa noite.
    A única forma que o José António Barreiros encontrou de manter a reserva possível neste caso foi encarar a configuração geral de um problema que, como caso judicial, está a ser tratado como questão particularizada.
    Ou seja: há uma questão subjacente, a de saber se é legítimo ou não aos partidos exerecerem intermediação de interesses em favor da base social que os apoia.
    No mais, se alguém à conta disso enriquece ilegítimamente ou causa dano aos interesses públicos, então acuse-se, julgue-se, puna-se. Nesse aspecto, o do caso particular sob alçada da Justiça, o José António Barreiros não falou nem fala, porque não vem para os jornais discutir processos. Apesar de estar a assistir pelos jornais á revelação total e diária do que se passou e do que se vai passar, não cede neste princípio.
    É só isso. Obrigado pela referência e pelos comentários.
    José António Barreiros.
    P. S. Acabao de saber que um jornal de amanhã de manhã traz em manchete mais revelações sobre o que está a ser investigado. Sintomático e edificante. Mas não é por causa disso que eu virei para a praça pública: desculpem a ironia, mas não sou boi para uma tal «faena».
    José António Barreiros

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