Ainda o prós e prós

Fala-se agora no segredo de justiça e na possibilidade de os jornalistas não ficarem abrangidos por tal obrigação e não deverem ser punidos pela sua violação. Concordo e já o escrevi, contra a opinião de Vital Moreira e Artur Costa que entendiam o contrário, provavelmente com maior razão formal.

Fala-se na "perturbação familiar dos visados", para se equacionar a importância do segredo de justiça com a necessidade da informação.

E fala-se num assunto muito importante - todos os casos de corrupção conhecidos foram todos, todos "denunciados" na comunicação social! E então?! Como se equilibra esta equação.

A prof. de Coimbra cita novamente o Van Zeller para rebater a história da cada de uísque e da garrafa, para dizer no seu saber teórico que a lei penal não deixa nem uma coisa nem outra...

Por aqui se pode ver o nível de evolução cívica em termo de ética...

A prof. de Coimbra repisa teoricamente o facto de todos estarmos adormecidos perante o fenómeno da corrupção e fala até numa história de uma juba de leão... enfim.

Saldanha Sanches, faz o paralelo entre os países que punem a corrupção a nível de opinião pública e particulariza dizendo que o financiamento dos partidos deve ser sempre público.

F. Negrão, acredita na corrupção e até acredita que os próprios empresários não querem tal sistema... e estão contra! Negrão reafirma um princípio de que as autoridades judiciárias devem saber comunicar com a opinião pública.

Para terminar, Cravinho, diz que a luta contra a corrupção não é luta de D. Quixote e que é preciso a força da opinião pública.

Diga-se em abono da verdade que Cravinho é dos poucos políticos que desde há vários anos a esta parte tem denunciado publicamente a importância do fenómeno e ressalta o anestesiamento de todos os partidos para o problema. Cravinho cita A. Barreto (no Público de ontem) para dizer que o que doía não era a corrupção mas a Justiça - e a falta dela...

Assim acabou o prós e prós.

Uma nota final: como é possível um prof. Diogo Leite Campos?!! Como?!!! Como?!!!!!
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Publicado por josé 00:33:00  

2 Comments:

  1. Anónimo said...
    Interessante, interessante é recordar que a cruzada de Cravinho começou exactamente no dia posterior ao seu abandono do Governo. Só então explodiu de revolta, só então não se fez surso aos uivos dos lobis. Antes, enquanto desempenhou funções no Governo, conteve-se.
    Como é curta a memória e a história acelerada faz perder a noção dos factos, poucos se lembram de episódios e de actos desse tempo. O que foi consentido em matéria de obras públicas. O que foi autorizado no domínio do ordenamento do território. Quem foi benefciado com a distribuição de verbas comunitárias cuja gestão estava a vargo de Cravinho, o impoluto. Quem era a chefe de gabinete e que papel desempenhou noutras orientais histórias de por os olhos em bico.
    Enfim, o caldeirão habitual de hipócrisia e cinismo que pelos vistos a alguns convence.
    josé said...
    Caro anónimo:
    Acho que está enganado e que a cruzada como lhe chama do Cravinho, já vem de longe e aparentemente é solitária, lá nos lados por onde o mesmo costuma andar.
    Em entrevistas sucessivas, antes de estar no governo do Guterres e depois disso, há provas de que pelo menos publicamente disse o que tinha a dizer como poucos o fizeram.
    Pode discutir-se o acerto da decisão acerca do desmembramento da JAE, mas foi realizada certamente com o mesmo objectivo de combater uma certa corrupção que para alguns, como esse inenarrável professor/jurista/advogado de luxo, nem sequer existe em Portugal.

    Este tipo de afirmações, aliás, lembra perigosamente o que acontecia no final dos anos oitenta na Itália em que tipos conceituados afirmavam com toda a naturalidade que a Mafia não existia porque nunca se manifestava enquanto organização e portanto, sendo tudo invenção de comunistas...

    Reafirmo que João Cravinho é dos únicos políticos da área do PS ( e da maçonaria, já agora) que escreve denunciando o fenómeno. E isso é notável, embora fosse preferível que fosse normal.

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