Ainda o prós e prós
terça-feira, maio 17, 2005
Fala-se agora no segredo de justiça e na possibilidade de os jornalistas não ficarem abrangidos por tal obrigação e não deverem ser punidos pela sua violação. Concordo e já o escrevi, contra a opinião de Vital Moreira e Artur Costa que entendiam o contrário, provavelmente com maior razão formal.
Fala-se na "perturbação familiar dos visados", para se equacionar a importância do segredo de justiça com a necessidade da informação.
E fala-se num assunto muito importante - todos os casos de corrupção conhecidos foram todos, todos "denunciados" na comunicação social! E então?! Como se equilibra esta equação.
A prof. de Coimbra cita novamente o Van Zeller para rebater a história da cada de uísque e da garrafa, para dizer no seu saber teórico que a lei penal não deixa nem uma coisa nem outra...
Por aqui se pode ver o nível de evolução cívica em termo de ética...
A prof. de Coimbra repisa teoricamente o facto de todos estarmos adormecidos perante o fenómeno da corrupção e fala até numa história de uma juba de leão... enfim.
Saldanha Sanches, faz o paralelo entre os países que punem a corrupção a nível de opinião pública e particulariza dizendo que o financiamento dos partidos deve ser sempre público.
F. Negrão, acredita na corrupção e até acredita que os próprios empresários não querem tal sistema... e estão contra! Negrão reafirma um princípio de que as autoridades judiciárias devem saber comunicar com a opinião pública.
Para terminar, Cravinho, diz que a luta contra a corrupção não é luta de D. Quixote e que é preciso a força da opinião pública.
Diga-se em abono da verdade que Cravinho é dos poucos políticos que desde há vários anos a esta parte tem denunciado publicamente a importância do fenómeno e ressalta o anestesiamento de todos os partidos para o problema. Cravinho cita A. Barreto (no Público de ontem) para dizer que o que doía não era a corrupção mas a Justiça - e a falta dela...
Assim acabou o prós e prós.
Uma nota final: como é possível um prof. Diogo Leite Campos?!! Como?!!! Como?!!!!!
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Publicado por josé 00:33:00
Como é curta a memória e a história acelerada faz perder a noção dos factos, poucos se lembram de episódios e de actos desse tempo. O que foi consentido em matéria de obras públicas. O que foi autorizado no domínio do ordenamento do território. Quem foi benefciado com a distribuição de verbas comunitárias cuja gestão estava a vargo de Cravinho, o impoluto. Quem era a chefe de gabinete e que papel desempenhou noutras orientais histórias de por os olhos em bico.
Enfim, o caldeirão habitual de hipócrisia e cinismo que pelos vistos a alguns convence.
Acho que está enganado e que a cruzada como lhe chama do Cravinho, já vem de longe e aparentemente é solitária, lá nos lados por onde o mesmo costuma andar.
Em entrevistas sucessivas, antes de estar no governo do Guterres e depois disso, há provas de que pelo menos publicamente disse o que tinha a dizer como poucos o fizeram.
Pode discutir-se o acerto da decisão acerca do desmembramento da JAE, mas foi realizada certamente com o mesmo objectivo de combater uma certa corrupção que para alguns, como esse inenarrável professor/jurista/advogado de luxo, nem sequer existe em Portugal.
Este tipo de afirmações, aliás, lembra perigosamente o que acontecia no final dos anos oitenta na Itália em que tipos conceituados afirmavam com toda a naturalidade que a Mafia não existia porque nunca se manifestava enquanto organização e portanto, sendo tudo invenção de comunistas...
Reafirmo que João Cravinho é dos únicos políticos da área do PS ( e da maçonaria, já agora) que escreve denunciando o fenómeno. E isso é notável, embora fosse preferível que fosse normal.