Especulemos um pouco sobre estatística e política (act.)
terça-feira, abril 05, 2005
Curiosidades do Inquérito de Conjuntura aos Consumidores dedicadas ao Venerável António da Grande Loja e ao João Miranda do Blasfémias (Carregue na imagem para ver maior)
Nota: duas das séries (devidamente assinaladas na legenda) apresentam valores em médias móveis de três meses (MM3M) não centradas, ou seja, a última observação resulta da média aritmética simples dos três últimos valores observados.
Publicado por Rui MCB 17:46:00
10 Comments:
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Logo a seguir às eleições tive um debate com o JM por causa destas coisas. Em termos genéricos ele defendia a ideia que o PS tinha ganho as eleições porque tinha feito propaganda que o tuga quer. Prometia facilidades estatais a um povo em a maioria depende desse apoio estatal. E até se tinha baseado em estatísticas para vender o produto mais apetecido pelo mercado.
Às tantas o debate inquinou porque se atribuía as culpas de maus governos ao povo.
A pergunta que eu lhe fiz foi mais directa: afinal de contas tinha sido propaganda demagógica ou tinham sido promessas verdadeiras? Podia ou não podia o governo cumprir o que dissera e aguentar o défice ao mesmo tempo que esbanjava em apoios para além dos orçamentos. È que se podia não era demagogia. E se não podia então não fazia diferença a cor de quem estava no poder.
Eu avancei com a ideia que pode-se esticar a corda em tempos de vacas gordas, como no gueterrismo, mas em tempos de vacas magras e com as exigências da UE não via hipótese de manter artificialmente um bluff.
A resposta do JM foi que sim. Que em termos de leis económicas pode manter-se um bluff e só muito mais tarde se dar por isso. E que por isso mesmo é que era mau porque era ganho a curto prazo e dano a longo. As gerações futuras haviam de o pagar e o país não enriqueceria por isso.
Eu não sei responder a isto. Nem sei se alguém sabe porque parece-me que essa é a grande questão de Portugal.O tal circulo vicioso de que fala o VPV.
Mas agora, perante estes gráficos optimistas e ideológicos faço a pergunta: que querem dizer? A confiança traduz-se na prática em que tipo de crescimento económico? Como é que em tão pouco tempo pode ter crescido algo se nada mudou em termos de produção?
Estamos apenas no campo dos efeitos psicológicos? E em que derivam esses efeitos? Como se traduzem em algo mais palpável? Na produção, na exportação, no investimento, na compra, no endividamento?
Eu cá não sei.
Em que os efeitos psicológicos se traduzem? Não sei. Mas sei que se eu, pessoalmente estiver deprimido, dificilmente desempenharei bem uma função produtiva. Talvez até me inspire para escrever um grande romance, não sei, mas isso será bom para o PIB?
Também sei que se estiver eufórico posso perder a noção dos riscos e da razoabilidade, fazendo alguma grande asneira pelo caminho.
Acho que este boneco que aqui deixei serve essencialmente para por umas areias na simplicidade de engrenagem analitica do António. E deixar, de caminho, algumas hipóteses.
José Sócrates tem neste momento menos um problema grave entre as mãos: o da confiança dos consumidores.
Transformar as medidas políticas em facto concretos, também depende um bocadinho disto, mas falta o resto.
De qualquer forma, acho que o JM também tem demasiadas certezas quanto ao fracasso, não achas?
Ai a economia, a economia... é uma linda História com muitas estórias.
Mas JM à parte (cujo sentido de humor dá para desculpar as certezas) o que eu gostava era de uma opinião de expert.
E amanhã tenho de ler o texto do António que ainda não tive tempo (sorry António, não foi de propósito que passei à frente)
Inté
Agora vou finalmente ler o nosso caro António que é sempre tão rigoroso e sério no que escreve. Um positivista da blogosfera, é o que ele é...
Bjs rui macabe.
E ele deixou por lá questões que o teu boneco não responde. E muito menos eu que sou apenas curiosa:
"E para um país de serviços não é mau que a indústria transformadora suba, mas sim que as expectativas nos serviços, descam.
Finalmente uma pequena nota no que aos consumidores diz respeito e que certamente este indicador não reflecte ainda. A recente reforma(?) do PEC, irá traduzir-se numa subida dos juros e consequente aumento do serviço da dívida de famílias."
et alors?
Aqui que ninguém nos ouve, não só concordo com o António como ando há largos meses a defender a "dama dos serviços" como sector a merecer mais destaque do que tem tido, por exemplo, nos indicadores de síntese do INE. Felizmente, a justiça foi feita há poucos meses com a sua incorporação no Indicador de Clima - havia algumas justificações razoáveis para que só agora tenha aocntecido mas que não vou aqui desenvolver.
Quanto aos consumidores... Há-de haver poucas medidas ou factos singulares que consigamos vislumbrar isoladamente nos níveis de confiança dos consumidores. Parece-me que o aumento ou redução do desemprego, as alterações políticas e as oscilações significativas das taxas de juro serão alguns deles. Antecipar a PEC e daí alterar as respostas? Há "consumidores" para tudo. Qualquer postuguês pode ser chamado a responder ao inquérito (ou quase) e é da síntese de cerca de 2000 opiniões mensais que obtemos estes indicadores um consumidor tipo António, ou tipo Rui, provavelmente poderá incorporar informação económica de "ponta" na formulação de expectativas, a maioria, desconfio que se deixa influenciar mais pelo presente (pela sua vidinha) e para confiança ou ausência dela face aos políticos para estimar como estará daqui a 12 meses.
Em suma, o que é que o que o António escreve têm de rebate face ao que eu digo?
Eu só quis mesmo sublinhar que uma das condições necessárias para o sucesso económico está relacionada com a forma como o poder político é percebido pelas pessoas e usei os dados deste inquérito como um atestado para essa mesma relevância, não quis dizer que vem aí o el dourado. Achei curioso foi o afã do António e do JM em negarem que a oscilação dos níveis de confinaça dos CONSUMIDORES tenha a ver com esses sentimentos. É a economia! Basta olhar para a Europa! Disse o nosso A. Essa não compro.
Os nossos consumidores não são assim tão "economicamente abertos" ao que se passa no resto da Europa; por arrasto acompanhamos o andamento (via a tx de juro, percepção da variação dos preços, desemprego, etc), mas os trambulhões ou subidas vertiginosas encontram explicação noutros lugares.
Nem só de racionalidade económica se forma a opinião das pessoas e consequentemente a própria economia está (em parte) à merce da vibração do momento.
Desculpa lá a dispersão de pensamento mass a esta hora (e por escrito) é o melhor que se pode arranjar.
O sr. dr. Rui mudou de opinião (ou estado de alma?) sobre a nossa economia em poucos meses?
Aqui há uns meses atrás acusava o governo do Dr. Santana Lopes de irresponsabilidade por tentar elevar as expectativas dos nossos agentes económicos. E dizia que era pernicioso para a nossa economia. Agora mudou o governo, o dr. Rui Branco excita-se com o aumento da confiança. Triste analista e político de gatas.
Sr. Dr. Rui, quando conseguir o tão almejado tacho, diga-nos. Pode ser que metamos umas cunhas para resolvermos alguns problemas pendentes com o Estado.
Infelizmente o dr. Rui, como reconhece algures numa sua mensagem, vivia deprimido com o governo do dr. Santana Lopes e só via desgraças no futuro da economia portuguesa. Sem mudar nada, ainda, uma migalha sequer, o sr. eng. José Sócraes já excita o divertíssimo dr. Rui, que já deve antever um esplendoroso boom económico.
Mas se o sr. dr. Rui fosse estudar o padrão da retoma portuguesa do anterior ciclo, repararia que nada surpreende neste comportamento actual dos índices de confiança. É quase uma cópia perfeita da anterior retoma económica, onde antes o famoso dr. Rui negava a pés juntos.
Pobre diabo, este dr. Rui. Agora é que é capaz de investir para aproveitar o tal boom esperado. Mas se calhar vai-lhe sair o tiro pela culatra. É que os índices de confiança económica subiram para valores idênticos à da actividade económica. Mas se calhar, tão excitadíssimo que anda com este novo governo, nem repara nestas coisas tão simples e evidentes. Como ele disse aqui há uns tempos: "É a economia, estúpido!"
Mas o sr. dr. Rui não atire foguetes antes da festa. Se antes da revisão do PEC, as taxas de juro indiiciavam uma "acalmia" interessante, agora o bias está do lado dos "bulls". Mas, é claro, explicar isto ao dr. Rui deve ser complicado. Afinal os seus estados de alma influenciam a sua análise politiqueira, perdão! Análise económica.
O dr. Rui devia ler mais o seu companheiro de escrita, o dr. António, que ele sabe muito mais de análise económica que ele, pobre politiqueiro.
Pena que assim seja. Mas tem que haver carneiros para alimentar os lobos, não é verdade?
Dr. Rui, "É a economia, estúpido!"
Acho que o troco ao que merece ser respondido está dado no texto que entretanto escrevi no corpo de blogue dedicado ao António.
Estou cada vez mais espantado com as reacções a tão poucas linhas onde em nenhum momento emiti opiniões sobre retoma económica, variáveis quantitativas, whatever. Esta malta que se põe a falar para adversários imaginários é tristemente engraçada de certa forma.
Avaliam os outros pelos padrões que seguem, será?
Para luta de trincheiras em defesa de um qualquer governo arranjem outro.