Barómetro Grande Loja

A divulgação hoje dos indicadores de confiança pelo INE, revela que a confiança das empresas recuperou na indústria transformadora, na construção e no comércio, degradando-se nos serviços. Mas mais animador, é o facto da expectativa dos consumidores ter recuperado ao melhor valor desde Novembro de 2004.

Tal facto pode indiciar, como o Venerável Irmão Rui Branco, por aqui escreveu, que os consumidores reagem às decisões políticas e institucionais que são, tomadas. Mas não indicia nada disso.

Tal subida, agora verificada, vem apenas, na consonância das verificadas desde Janeiro de 2003, altura em que o indicador de confiança, atingiu o seu valor mais baixo. Alias é hoje possível verificar, para um passado não menos longíquo, que se a queda em Portugal foi bastante mais forte que a verificada na zona euro, a subida que se lhe seguiu foi naturalmente mais concisa que a verificada na zona euro. Correcção típica dos mercados.

A subida agora verificada em março é exactamente igual à que a zona euro, experimenou em igual período, pelo que , não há qualquer relação de causa-efeito, entre as eleições legislativas e uma subita confiança depositada no governo.

De qualquer forma, para um país de serviços, a queda da expectativa, reflecte algo que a economia portuguesa e os seus governantes, decidiram para já, passar ao lado...a directiva dos serviços...ou a famosa directiva Bolkenstein. E para um país de serviços não é mau que a indústria transformadora suba, mas sim que as expectativas nos serviços, descam.

Finalmente uma pequena nota no que aos consumidores diz respeito e que certamente este indicador não reflecte ainda. A recente reforma(?) do PEC, irá traduzir-se numa subida dos juros e consequente aumento do serviço da dívida de famílias.

O futuro... está aí.
.

Publicado por António Duarte 17:38:00  

1 Comment:

  1. Rui MCB said...
    Tantas certezas António... Olhe que não, olhe que não...
    Espreita lá bem as séries em valores efectivos, não alisados e compara lá com os últimos momentos políticos marcantes. Recomendo-te que explores bem as doze variáveis disponíveis (não só as quatro do indicador que atestam exclusivamente as expectativas para os próximos 12 meses) e acho que deves conseguir ficar ao menos com alguma dúvida quando ao que é que estes números querem dizer. Acima de tudo nota a dimensão da súbida, absolutamente inusitada. Não foi mais um degrau no caminha da recuperação, foram vários num só mês - em termos de indicador de confiança.
    Como disse, compara estas séries com momentos políticos marcantes dos últimos 5 a 10 anos e acho que encontras evidência clara que os consumidores são um caso à parte e que reagem de forma clara a alguns momentos políticos bem vincados.
    As expectativas parecem determinantes para o momento de inversão de tendência ainda que tenha de haver uma realidade económica latente (e percebida) a jeito para a subida ou para a descida dos níveis de confiança. Estas "variaveizinhas" ajudam a perceber muito do que se passou nas últimas eleições, foram um indicador avançado ao demonstrarem o fracasso da tentativa forçada de incutir confiança por parte de Santana Lopes, por exemplo - houve até uma reacção muito negativa deste indicador nos meses do seu consulado.
    Mas enfim, são conjecturas. Conjecturas que me pareceram interessantes partilhar depois desta subida muito mais significativa em Março do que os números alisados dão a entender. Será sustentada em Abril? Por não sabermos é que o INE cautelosamente alisa os dados com médias móveis de três meses. Mas se Março não for atípico, daqui a um mês ou dois estás a falar de máximos locais dos últimos três ou quatro anos nos níveis de confiança - ainda que nas empresas o cenário se mantenha misto e mesmo de crise em várias áreas. Alguns dos dados mais recentes já disponíveis (em termos quantitativos) não são dos mais famosos, novamente.
    Olhar estritamente para a teoria económica do costume, ou para o cenário internacional, em indicadores qualitativos é simplifar demasiado a coisa, aqui, não basta.

    Espreita lá o que aconteceu nos mêses a seguir a tomada de posse de Durão Barroso. A queda foi abrupta, tal como agora ameaça também o ser, a subida. É esta abruptidão que me leva a escrever o que escrevi e me leva deixar-te aqui mais algumas areias na tua engrenagem.

    Cá para mim, nestes momentos concretos temos os animal spirits a falar por cima da racionalidade económica.
    Se tiver tempo amanhã faço um post com bonecos - mas há-de ser difícil.

Post a Comment