D. José Policarpo - Papa ? Não, Obrigado.
terça-feira, abril 05, 2005
A notícia passou desapercebida, não devia. A presidência da república resolveu emprestar o Falcon a Sua Eminência Reverendíssima, D. José Policarpo, por estes dias Cardeal Patriarca de Lisboa, para este se poder deslocar a Roma para as exéquias do Papa.
A provar que não tem estofo nem para Cardeal, muito menos, Deus nos livre, para Papa, D. José aceitou. De facto não se está a imaginar isto a acontecer em mais nenhum país, ninguém imagina o Sr. Bush a dar boleia no Air Force One aos 10 cardeais americanos, o Sr. Lula a emprestar um jacto aos cardeais brasileiros, etc, etc, etc. Portugal tinha que ser original, e assim temos a triste honra de termos o único cardeal da Cúria Romana a aterrar em Roma de jacto privativo, e emprestado, só faltou mesmo levar uma escolta de F-16. A Igreja Católica tem uma história de 2000 anos, que dispensava episódios provincianos destes, já não nos basta termos o fransciscano mais burguês de todos os tempos, na pessoa do frade Melícias, temos agora um Cardeal ex-futuro Papa que não resistiu a dar uma voltinha num aviâo só para ele. É triste, e é pecado. Vaidade, Luxúria, infinita falta de humildade, recato e sensatez.
Não é isso certamente que se espera da Igreja Católica no século XXI, e também não é isto que se esperaria da Igreja Católica Portuguesa, mas enfim... cada um tem aquilo que se calhar merece.
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Publicado por Manuel 15:23:00
O cardeal Policarpo também vai concorrer, por inerência, à presidência de um Estado que é o Vaticano. E na segunda-feira, se calhar, já não havia lugares disponíveis nos aviões de carreira.
Um C-130 do exército, passava, paradoxalmente, mais despercebido, mas ficava mal...
Enfim, o Governo português emprestou a uma entidade externa um dos seus aviões privativos.
No outro dia, a Igreja Católica, também emprestou uma Igreja de culto religioso, para uma cerimónia pouco ortodoxa a uma alta figura do Estado e os funerais de figuras públicas do Estado e não só, fazem-se com todo o esplendor dos grandes Requiens, em Sés e Santuários, sem que se rasguem vestes de indignação.
PS. Fico a tremer só pela curiosidade em ler a catilinária do causa nossa, sobre o assunto...
De facto, nestas matérias, só...ridendo castigat mores.
Ainda todos nos lembramos das "guerras" que são para qualquer ONG Portuguesa arranjar transporte para zonas de catástrofe...
O cardeal terá sido apenas mais um passageiro e atendendo às circunstancias e aos motivos pelos quais o presidente vai a Roma não me parece justificada a sua indignação.
Se o avião só levou o cardeal então terá razão e D. José Policarpo devia ter declinado.
Gabriel
Não se tratou de nenhum favor a uma religião porque não é certamente por isso que ela vai passar a ter mais fieis ou ser mais considerada. O "politicamente correcto" neste caso seria de facto não ter metido o avião ao barulho, mas as nações não devem ser "politicamente correctas" e devem assumir o seu património histórico, cultural e religioso. Não somos um país "asséptico", graças a Deus! ;-)
Acabei agora de escrever no Blasfémias:
"Eu acho que em ocasiões realmente especiais, onde o impacto da situação é muitíssimo mais abrangente do que apenas no aspecto religioso, se justificam plenamente colocar à disposição dos envolvidos os recursos do Estado. Não sou adepto de um Estado "cinzento", que apoia todos sem apoiar ninguém.
Nesta situação concreta, com estes intervenientes, dado o património (nem que fosse apenas histórico) que constitui a participação dos portugueses na vida da Igreja, acho que foi uma opção correcta. Situações excepcionais têm que ter um tratamento excepcional."
Se o avião serviu para ir buscar a jornalista ferida ao Iraque porque é que não havia de servir para mandar o cardeal a Roma?
De mais a mais como ateu que é convêm estar de bem com Deus e o Diabo, nunca se sabe o dia de amanhã...
Acontece é que a diocese está para adquirir um jatinho para o seu serviço e maior honra de Deus. E esta boleia foi solicitada pelo vendedor à presidência da república com meros fins de demonstração.