As expectativas... em Debate
quinta-feira, abril 07, 2005
O Venerável Rui Branco lançou a ideia de que as alterações ao nível do indice de confiança dos consumidores, estariam relacionadas com as alterações verificadas no poder legislativo em Portugal. De facto um olhar rápido pelas conclusões extraídas pelo INE, leva a que se possa deduzir tal pressuposto.
No entanto, importa realçar o seguinte :
Os níveis de confiança na indústria transformadora , na construção e no comércio subiram. Que parte desta subida, é atribuída a proximidade com eleições autárquicas e ao acréscimo de adjudicação de obras ? Existiu alguma alteração estrutural ou trata-se apenas de um situação conjuntural, que tem como senão nalguns casos o aumento dos níveis de endividamento das autarquias.
Os níveis de confiança nos serviços desceram. Como afirmei anteriormente, num país que abdicou ao longo dos tempos de parte da sua estrutura produtiva em prol dos serviços, é mau que tal aconteça. A razão tem um nome estranho e chama-se Bolkenstein. A directiva Bolkenstein.
Finalmente os consumidores. O Rui Branco teria toda a razão, se os consumidores fossem agentes económicos racionais.
Mas não são. Que racionalidade existe quando os consumidores, movidos pela febre consumistas, transformam os níveis de poupança em dívidas a bancos e sociedades de crédito ao consumo, sem ter em conta, os riscos futuros, do serviço da dívida vir a aumentar no futuro ? Fossem os consumidores racionais, e após a reforma do PEC, teriam ido a correr aos bancos e antecipariam desde já uma negociação das dívidas através de planos financeiros, que incorporassem o prémio de risco da subida das taxas de juro. Porque as taxas vão subir até Setembro.
Depois, a curva de confiança dos consumidores sobe não desde 20 Fevereiro, mas sim desde Outubro do ano de 2004. Precisamente na altura que se soube que os funcionários públicos iriam ter aumentos reais depois do congelamento que sofreram os seus salários.
Não vejo que algo tenha acontecido de tão extraordinário na economia portuguesa desde o dia 20 Fevereiro. Pelos vistos a Standard&Poors também não, e para já mantêm o rating da república portuguesa em AA-, com um aviso forte de que se não forem tomadas medidas o rating descerá.
Poderão os consumidores ter confiança numa economia que apresenta segundo o governo um défice de quase 7% ? Parece contraditório que os consumidores que sejam racionais possam ter confiança. Se esse défice realmente existir, e o governo recentemente empossado quiser resolver esse défice tem duas soluções :
- Optar por uma política restritiva da procura. Com subida dos impostos, congelamento dos salários e redução da despesa pública. Fazendo fé nas primeiras declarações de Campos e Cunha, quando afirmou que era impossível reduzir ainda mais a despesa pública, e a parte do péssimo sinal que transmitiu, está assim posta de lado a opção por uma política restritiva.
- Optar por uma política expansionista da procura. Resumidamente, o défice financia-se aumentando o próprio défice. O Governo acredita que aumentando a procura ela gerará mais impostos. O Governo acredita que aumentando os níveis de investimento público, ele gerará mais emprego, e como emprego gerá rendimento disponível, este gerará consumo privado. Se assim for estaremos a crescer à custa do consumo privado. Algo que em Novembro sobejamente critiquei o anterior governo de estar a promover. No entanto, e porque esta deverá ser a opção tomada, esperemos que o governo não se esqueça que o investimento público não gera os cash flows esperados, fruto das externalidades que possuí, dai as suas vantagens serem difusas. Depois há ainda a pergunta de como financiar o investimento público numa economia com um défice de 7,00 % ? Segundo o novo PEC, as despesas de tecnologia deixam de contar para efeitos de défice, mas o dinheiro tem que sair de algum lado....e temos um aumento da dívida pública e consequente endividamento externo e consequente agravamento nas taxas de colocação de títulos da dívida pública.
Não vou tão longe como o blasfemo João Miranda, mas a verdade é que não houve qualquer alteração estrutural na economia portuguesa, capaz de motivar uma diferença na análise sobre as alterações nos níveis de confiança dos consumidores. Pior, os sinais que vamos recebendo lá de fora indicam-nos que o país irá sofrer com a liberalização verificada ao nível do sector têxtil na união europeia. A crise do petróleo está para durar. A Directiva Bolkenstein, irá mudar radicalmente o cenário no plano da prestação de serviços.
Eu também tenho expectativas.
Publicado por António Duarte 11:11:00
O dr. Rui não sabe fazer análise económica. Apenas análise politiqueira. O dr. Rui tem dois indicadores importantes para explicar. Um, as expectativas; outro o indicador coincidente da actividade económica. As duas variáveis estão fortemente correlacionadas.
Infelizmente o dr. Rui, qual "economista da mula ruça", não sabe analisar uma com a outra. Se estudasse mais e fosse menos influenciável pelas condições políticas e pela opinião publicada, teria compreendido que havia um profundo gap, entre a actividade económica e as expectativas dos agentes económicos. E das duas, uma. Ou a actividade económica estava a caminho do "caos"; ou as expectativas dos agentes económicos estavam deturpadas e "subavaliadas", devido à situação política vivida em Portugal.
Relembramos que a tese do "doutor da mula ruça" era que a actividade económica iria arrefecer muito, e até a caminho de um profunda recessão. E para tal indicava as expectativas dos agentes económicos, fortemente negativas, para justificar uma futura quebra na actividade económica.
Mas como a actividade económica pouco abrandou, mas os agentes económicos passaram a analisar melhor o andamento económico, o dr. Rui Branco passou de uma depressão pessoal (ele próprio o disse) para um optimismo, um tanto ou quanto exagerado.
Enfim, é costume neste tipo de fracos analistas económicos. Não conseguem separar a sua opinião enviesada da fria análise dos factos. Se estivesse ao nosso serviço, nós tinhamos aquela atitude do sr. Trump: "You are fired!"
Porque, repetimos aos quatro ventos: Dr. Rui, "é a economia, estúpido!"
Mas tem que haver carneiros, repetimos, para alimentar os lobos. Neste caso...
"É a conomia, estúpido!"
Esta malta que se põe a falar para adversários imaginários é tristemente engraçada de certa forma. ALiás, já aqui há uns meses foi assim...
Avaliam os outros pelos padrões que seguem, será?
Aquela queda de quase 20 ponto (SRE) no indicador de confinaça dos consumidores entre Abril e Maio de 2002 explica-se integralmente por essa estranha coisa a que chama economia? E esta súbida em Março também já se estava adivinhar? É essa a tese?.
Dr's Anónimos sabem por ventura distinguir um empresário formado em economia do consumidor médio português? Anaçisam tudo o que é gráfico com a mesma bitola?
Lições de economia? Prefiro outros professores.
É uma técnica curiosa essa, mas muito estafada. Porem o interlocutor a defender-se de delírios vossos que lhe atribuem. Realmente é preciso ser estúpido para dizer que "está aí a retoma, olhem para os consumidores". Foi o devino espírito de Sócrates que resolveu a economia? Foi a genialidade da política económica de Bagão Felix que se revelou tarde demais? E repito: estou a referir-me exclusivamente aos Consumidores, os únicos a registarem um comportamento claramente atípico. Onde é que eu desempenhei esse papel de tontinho apologista de tão divinas providências? Lá estou eu à defesa...
Foram vocês - e aqui incluo o António - que demonstraram estar necessitados de um personagem a esse nível. E de certa forma isso é uma dos males do debate democrático que temos tido por cá. Inquina as conversa, afasta-nos da argumentação. Ficamos todos a perder.
Tanto que continuo sem vontade nenhuma de aqui apresentar "análise económica" que vá além destas curiosidades estatísticas pontuais mas... emblemáticas.
Há demasiadas certezas em tanta gente que guardo para mim as minhas dúvidas.
É curioso que o efeito que produzem na discussão políticva e económica tem muito a ver com as condições objectivas que eu acho justificam estes animal spirits dos consumidores em meses como os de Março de 2005 ou Abril/Maio de 2002.
Não aprenderam nada com o exemplo Santana Lopes, Anónimos Doutores. O exemplo, também ser aos analistas, ó se serve.
E pronto, duvido que haja mais alguma coisa a dizer - da minha parte.
Mas a sua arrogância e, habituado que está a debater com "mancos, manetas e zarolhos", que lhe dizem amém às suas asneiras, o fez até chamar estúpido a quem o contrariou com dados, factos e uma outra versão da realidade económica.
Mas o seu papel não é ser analista sério. É propagandista. Isso sim. E é por isso, pasme-se, até admitiu que andava deprimido com o governo anterior. Ora, qualquer analista que se preze até tinha vergonha na cara de fazer este tipo de afirmações. Porque, se trabalhasse numa entidade privada e sem cunhas, era automaticamente despedido e, quiçá, processado por possíveis prejuízos causados.
Aliás, foi por causa de tipos como o sr. dr. Rui Branco, "doutor da mula ruça", que muitos investidores perderam milhões com os engodos no tempo dos seus camaradas socialistas, onde venderam empresas públicas à "carneirada" a preços exorbitantes e de um modo escandaloso. Comparável aos escândalos americanos e que fizeram alguns perderem o seu emprego e, até, ir pararem ao xadrez.
Mas como em Portugal, a burrice não paga imposto e nem se é incomodado pelasasneiras que se debitam publicamente, este tipo de analistas, como o sr. dr. "economista da mula ruça", passeiam-se com o maior dos à vontades, continuando a justificar os seus arrazoados pseudo-intelectuais. Até teve a lata de chamar estúpido ao seu interlocutor, só porque esse não concordava com as suas "brilhantes" opiniões.
Ora, se o sr. é um sério analista económico e quer mostrar que vale alguma coisa, dedique-se aos investimentos financeiros, ou tente vender as suas pérolas de analista encartado. Mas aposto que nunca o fará. Porque, quem paga para ter bons analistas não se deslumbra por "doutores da mula ruça". Muito menos empertigados.
O sr. dr. Rui estava pessimista, fez uma série de previsões, contrariou algumas outras, só porque "andava deprimido". Se o problema português então é esse, o melhor remédio é xanax... O Estado que injecte xanax por toda a economia e, então, nem sequer precisa de choques tecnológicos para nada.
O sr. dr. Rui, no fim de contas, acaba por confirmar a nossa análise económica, no sentido que a nossa retoma estava em curso, mas menos saudável que o desejável, mas melhor do que pintavam os "doutores da mula ruça", que chamam estúpidos aos demais "adversários".
(E se fosse sério e correcto, já tinha pedido desculpas por estas suas afirmações. Assim, o estúpido...)
Como analista, o doutor é fraco. Fraco, não. É péssimo. Além de péssimo, é muito arrogante e mal-criado.
Descobriu agora que os índices de confiança andavam desfasados dos indíces coincidentes de actividade económica? Ou os olhinhos do sr. eng. José Sócrates são um bálsamo para a sua alma? "É a economia, estúpido!"
Enfim, um pobre diabo armado em analista económico. Que agora diz uma coisa e ontem outra. Ou ainda acredita que estamos perto do precípicio?
"Não aprenderam nada com o exemplo Santana Lopes, Anónimos Doutores."
O sr. é que não aprendeu nada. O sr. doutor da mula ruça confunde analise económica com politiqueira, sob a capa de entendido em economia. Ora, nós nunca defendemos ou atacamos o governo do dr. Santana Lopes. Pelo contrário, chamamos à atenção para o discurso contraditório existente cá na GL entre as acusações ao governo anterior e os verdadeiros responsáveis: a dra. Manuela Ferreira Leite, o dr. Carlos Tavares, e em último caso, o dr. Durão Barroso.
Mas enfim, como não precisamos da análise política para subir na vida, nem nos pomos de cócoras perante determinado poder político, não sofremos tanto de estados-de-alma. Senão...
Passe muito bem, doutor. E medite nisto: "um burro carregado de livros é DOUTOR". lololololololol
"É a economia, estúpido!"
agradeço-lhe a sua douta argumentação que desmonta habilmente a minha inenarrável análise.
Fico também muito sensibilizado pela preocupação de vossa excelência para com a minha carreira profissional. Estou certo que continuará anonimamente a acompanhá-la com tamanha dedicação e anseios pelos valorosos conselhos.
Lamento também todas a imensas ofensas que lhe fiz, inteiramente despropositadas, mas facilmente desculpáveis pelas minhas deficiências que sabiamente enumera. E agora, se me dá licença, vou levantar as calcinhas que isto de estar aqui ao léu, ainda que com tão educado anónimo, não é digno do seu tempo.
Feliz por partilhar o mesmo ar que vossa excelência, me despeço com estupidez.