Casa da Música (Ia)

Depois desta posta, recebeu a GLQL o seguinte e-mail...

Agradeço a deferência mas pergunto-me qual a contribuição do Dr. Alves Monteiro para a visão estratégica e organizacional na Casa da Música. A julgar pela situação presente, com a entrada apressada de JSD’s (até a esposa do Dr. Luís Filipe Menezes lá arranjou emprego– por ventura por mérito próprio) , a não existência de equipes de produção, de meios técnicos próprios, com as concessões por definir, etc,etc, essa visão estratégica tem-se revelado desastrosa. Mas eu serei sempre suspeito a falar deste assunto, embora, infelizmente, ache que o tempo me vai dar razão.

Pedro Burmester

Com a anuência do remetente para a sua publicação, quero dizer que não só não tem razão no comentário, como é maldosa a intenção de envolver Manuel Alves Monteiro, que terminou em Setembro passado a sua ligação à Sociedade Porto 2001, SA, com o se está agora a passar na Casa da Música com apressadas entradas baseadas não na oferta pública de emprego mas noutra coisa qualquer, e a que acrescento o conhecimento de uma outra que veio parar à minha caixa de correio para responsável pela frente-de-casa.

Sobre a pergunta que faz, vou começar por dizer que tirando o ministro Carrilho, que tinha uma ideia daquele que poderia ser um enquadramento possível para o funcionamento da Casa da Música, o deserto de ideias e de orientação política por parte dos nossos governantes foi quase total em relação à Casa da Música ora porque, pura e simplesmente não tinham ideias, ora porque, calculo, tinham assuntos mais importantes para resolver. Também não me lembro de alguma vez ouvir Pedro Burmester a expor algo mais do que generalidades sobre o tema, utilizando por vezes conceitos com conteúdo muito pouco preciso e, quase sempre, com significado jurídico diverso. Note-se que este também não era um papel que dele se pudesse esperar outro desempenho, dado não estar para tal qualificado, não sendo, tão pouco, essa a área do seu "negócio" que, como se sabe, é a da interpretação musical e não a da gestão ou do planeamento.

Perante este quadro, destaquei o ex-administrador Manuel Alves Monteiro porque foi o único a apresentar um trabalho de fundo desenvolvido a partir da ideia básica que é (!) a sustentabilidade da exploração da Casa da Música, optando também pela escolha do modelo que melhor prossegue esse fim – o da fundação, com a diversificação das fontes de financiamento, não asseguradas exclusivamente pelo dinheiro do Orçamento de Estado, mas também pelo envolvimento na sua gestão do meio empresarial mais capaz e com provas de interesse pela cultura e que se pauta pelo rigor na boa aplicação dos recursos que, numa boa parte, também serão os seus, prevendo igualmente um tipo de programação musical que não é só dirigida aos ungidos do costume mas sim a todos os apreciadores de música. Isto é algo que merece relevo, tanto mais que, se eu não estou muito enganado, provocará profundas alterações à forma como o próprio Estado tem vindo a gerir os seus organismos de produção de espectáculos, quanto mais não seja pela futura comparação dos resultados de uns e outros.
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Publicado por contra-baixo 17:09:00  

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