anatomia de uma capitulação.

O facto pode parecer menor, mas não o é. O anúncio do ingresso de Pôncio Monteiro como número dois do PSD, nas listas do Porto, às próximas legislativas é motivo de preocupação e sinal evidente da crise de identidade e representatividade que atravessa a nossa democracia e o nosso sistema político-partidário. Pôncio Monteiro não faz partes das listas por aquilo que pensa, fá-lo por uma única e exclusiva razão - representa, alegadamente, o Futebol Clube do Porto e o seu Presidente. O capital político de Pôncio Monteiro não é a sua performance televisiva passada, onde deliciava os espectadores a defender o muitas vezes indefensável com uma criatividade mirabolante, mas tão somente o facto de ser intimo confidente do Sr. Pinto da Costa. A sua inclusão nas listas representa a assunção clara e inequivoca de uma capitulação! Uma capitulação de um Partido, que vai a votos, a uma força externa, neste caso um clube de futebol. E uma capitulação é uma capitulação. É também um retrocesso sério e lamentável, depois de milagrosa e atabalhoadamente, nas últimas autárquicas, Rui Rio ter ganho a Câmara Municipal do Porto contra a promiscuidade entre o mundo da política e do futebol, também contra Pinto da Costa e o seu protagonismo excessivo e exacerbado fora das fronteiras do futebol. De novo, regressando ao passado, e imitando o pior do PS e do PP, o PSD assume axiomaticamente, cedendo à chantagem dias depois de Pinto da Costa ter aberto as goelas, que não pode arriscar ir a votos sem a benção do papa das Antas. Não está em causa a grandeza desportiva do FCP mas seria imperativa e exigivel uma separação de águas. É óbvio, à exaustão, que a inclusão de Pôncio nas listas tem um preço, o aplacar da ira de Pinto da Costa e a moderação dos comentários deste em relação ao PSD, e esse preço é a meu ver inaceitável. Porque restringe e limita a liberdade do PSD em se pronunciar, também ele, sobre o mesmo Pinto da Costa. Quanto a Pinto da Costa ganha em toda a linha, mete no saco PS, PSD e PP, mostra quem manda, e por via deste empurrão ao seu amigo Pôncio cria as condições que inviabilizam definitivamente qualquer hipótese de redenção para Rui Rio. Rui Rio, o supremo defensor da autoridade do Estado (!), há dias considerava que a atribuição apressada de uma condecoração ao FCP por parte do Dr. Lopes era eleitoralista. Não se sabe o que dirá agora, cercado que está - a ideia alegadamente foi da Distrital, da qual o seu líder da bancada municipal é vice-presidente. Se ainda estivesse vivo demitia-se, ao menos de primeiro vice-presidente do PSD, como o fez com Marcelo. Infelizmente não está.

Publicado por Manuel 13:58:00  

7 Comments:

  1. Anónimo said...
    Na sétima linha a contar de baixo, deveria ser "há" e não "à"("há dias considerava..." Este é daqueles erros que não são gralhas... e que custam a digerir...
    Anónimo said...
    Não se preocupe tanto, Manuel. Então o seu PS não ganhou já com esmagadora maioria absoluta e não vai aumentar os vencimentos gerais -públicos e privados- em 12,45%? Tenha calma, homem. O céu está a chegar!!!
    Manuel said...
    Oops. ortografia rectificada.
    Anónimo said...
    O Manuel do PS? não me parece, mesmo sem o conhecer de lado nenhum. Muito antes pelo contrário. Recordo apenas um post que há tempos escreveu em que defendia uma maior exigência em relação aqueles que não são do PS, pois com os burrices deste podia ele bem. É que ser exigente, não significa estar do lado oposto.
    Anónimo said...
    (cont)

    Aliás, os mediocres é que costumam ser mais exigentes com os outros do que consigo próprios ou com os seus.
    Anónimo said...
    Não entendo, com todo o respeito, a associação que é feita ao CDS/PP. Neste caso? E já agora quando e como é que o CDS/PP cedeu à ligação entre o futebol e a política, designadamente na escolha de candidatos eleitorais?
    Anónimo said...
    Resumindo,sem rodeios : temos a classe política que merecemos .Generalizo , pois pulo o redil : o meu voto será nulo.Há-de lá constar : A PUTA QUE VOS PARIU!

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