um epitáfio
sexta-feira, dezembro 17, 2004
O dr. Rui Rio terá afirmado um destes dias, a propósito do affaire Apito Dourado e do Presidente do Futebol Clube do Porto, qualquer coisa como... "Não quero falar de futebol, até por decoro face ao actual momento, mas acho que a prática me tem vindo a dar razão. Já tinha ouvido falar no Bernard Tapie e no Gil y Gil...". Na resposta, Pinto da Costa, colando-se ao PS, promete uma intifada (liderada ou não por ele) contra Rui Rio, nas legislativas e autárquicas. Tudo isto é triste, tudo isto é fado, porque, infelizmente, nos dias que correm já pouco resta do Rui Rio do Toto-Negócio. Rui Rio é, por estes dias, um político cinzentão, parte integrante do sistema. Associou-se despudoramente a Valentim Loureiro (ficava-lhe bem, mas com limites, estar grato por ter tido condições para concorrer à Câmara do Porto) na sua cruzada cega contra Menezes, não percebendo o óbvio - acabou transformado num Menezes de sinal contrário, facto que o célebre abraço entre os dois demonstrou à exaustão. E, sobretudo, esqueceu algumas coisas básicas que tão bem soube no passado, como que às vezes é preferível perder para se ganhar (ou manter a alma). Agora, e sem qualquer espécie de decoro, associou Pinto da Costa a Tapie e Gil y Gil por causa do Apito, mas é esse mesmo Apito que já ouviu o Major, e já foi ao Metro e até, em cortesia, à Câmara do Porto, que também está incontornavelmente associado a ele. Não consta que tenha sido Pinto da Costa que tenha mantido o Major no Metro do Porto, ou na Junta Metropolitana - foi antes Rui Rio. Talvez a julgar que sobrevivia, Rui Rio suicidou-se politicamente, talvez seja essa a solução para se manter mais uns anos à tona. Pela parte que me toca, gostava mais do outro Rui Rio, do da refiliação, que foi Secretário Geral e se fartou de Marcelo e do Aparelho, do inconformado, do lutador, do perdedor incontinente, se gostava. Dito isto, as coisas são o que são, o meu Rui Rio morreu. Viva Rui Rio.
Publicado por Manuel 11:05:00
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