White House'04
Bush vs Kerry (VIII)
quarta-feira, setembro 22, 2004
John Forbes Kerry, 60 anos, é senador pelo Massachussets. Nasceu a 11 de Dezembro de 1943, no Colorado, mas toda a sua infância e adolescência foram passadas no Massachussets.
Não por acaso, é apontado como um típico «liberal do Massachussets», uma alusão à forte influência do Partido Democrata naquele estado do Noroeste da América. Tradicionalmente, o Massachussets é um dos estados mais liberais da América e Kerry é o terceiro candidato democrata que provém deste estado nos últimos 40 anos (depois de Kennedy, em 1960, e de Dukakis, em 1988).
A comparação com o Presidente assassinado a 22 de Novembro de 1963, em Dallas, pode ser feita por alguns pontos: Kennedy foi o primeiro (e até agora único) Presidente católico, John Kerry poderá vir a ser o segundo; ambos tentam pôr fim a um ambiente republicano na América (Kennedy derrotou um Nixon muito popular, sucedendo a uma Administração Eisenhower ainda mais popular); ambos vêm da elite política do Massachussets e têm origens irlandesas; Kerry chegou a ser próximo de Kennedy enquanto este já estava na Presidência e Ted Kennedy, o irmão mais novo de John, é há muitos anos o companheiro de Kerry como representantes do Massachussets no Senado norte-americano; e, claro, há essa enorme coincidência de Kerry ser também um JFK (John Fitzgerald Kennedy/John Forbes Kerry).
Já são alguns pontos em comum, que têm até mais a ver com o imaginário afectivo dos democratas, mas a verdade é que, na prática, há um Mundo de diferenças. John Kerry não tem um décimo do carisma de Jack —nem sequer consegue transmitir o espírito de mudança e de «nova oportunidade» ou «nova fronteira» que Kennedy conseguiu inspirar nos americanos. Kerry é 20 anos mais velho do que Kennedy era quando tentou a eleição.
Estudou Direito na Universidade de Yale, mas interrompeu o curso para se alistar no exército e servir no Vietname (acabou por se licenciar em 1976, no Boston College Law School). Tem, aliás, um registo militar que lhe poderá ser muito útil nesta eleição — a menos que as mentiras da campanha republicana continuem a pegar... Esteve na Marinha entre 1966 e 1970 e foi procurador do Condado de Middlesex entre 76 e 79.
A sua carreira política, de quase 30 anos, tem sido feita de muitos altos mas também alguns baixos. As derrotas parece que o fortalecem e quando todos acharam que estava acabado para a política, voltou em grande. É perito em ganhar na recta final. Foi assim que chegou ao Senado pela primeira vez, em 1984, tendo sido reeleito por mais três vezes.
Na corrida pela nomeação democrata, voltou a surpreender. Começou mal e estava longe de ser o favorito. Os eleitores democratas tinham mais vontade de premiar Howard Dean, o governador do Vermont, bem mais radical na crítica a Bush e à guerra no Iraque. Mas o centrismo de Kerry valeu-lhe a nomeação: «Dated Dean, married Kerry» («namorámos com Dean, mas casámos com Kerry»), explicaram os eleitores.
Os democratas acharam que Kerry era mais «elegível», dado que terá mais hipóteses de roubar votos e, assim, destronar o texano da Casa Branca — e é mesmo isso que os votantes nas primárias dos democratas queriam escolher.
A quem o acusa de ser cinzento e pouco estimulante, Kerry recorda que venceu de forma indiscutível (foi o mais votado em quase todos os Estados) numas primárias recheadas de bons candidatos: John Edwards, o segundo mais votado, acabou por ser escolhido para seu vice; Wesley Clark, o general mais popular do EUA, que até contava com o apoio do clã Clinton (Bill Clinton afirmara, no início das primárias: «O Partido Democrata tem, neste momento, duas estrelas em ascensão. Uma é a minha mulher, a outra é Wesley Clark»). E como a senadora por Nova Iorque, Hillary, não avançou...
Para trás ficaram também Joe Lieberman (candidato a vice de Al Gore há quatro anos); Dick Gephardt (líder da minoria democrata no Congresso) e outros candidatos sem hipóteses de eleição, como o reverendo Al Sharpton, Carol Moseley-Braun, a única mulher a concorrer, e Dennis Kucinnich.
John Kerry é casado com a portuguesa Teresa Simões Ferreira, hoje conhecida como Teresa Heinz Kerry, viúva do multimilionário John Heinz e herdeira de uma das maiores fortunas da América.Publicado por André 16:26:00
Que conste quem até agora mentiu foram os democratas que até falsificaram documentos sobre Bush e o seu passado na Guarda Nacional. Ninguém até agora afirmou que o passado triste de Kerry no Vietname tenha sido inventado.
Será que é quando a verdade não nos serve inventa-se ?