Lavoisier... e Galp !

O incidente de Leça da Palmeira, na refinaria, é, e ao contrário do que todos possam pensar, uma verdadeira benesse para a Petrocer, accionista privado da Galp Energia. No caderno de encargos que enviou para se candidatar ao concurso foi pontuado neste critério pelos sábios com a nota 3 –pontuação máxima – tudo porque se comprometia a revitalizar a unidade industrial, mantendo pasme-se, o volume de investimentos de uma unidade que há dois anos apresenta resultados positivos. Aliás este foi uma das chaves para a vitória do consórcio Petrocer. Chaves que agora se perdem abruptamente.

A Petrocer, que agora faz papel de vítima, sabe que ganha com a situação. Ganha porque deixa de pagar a 600 empregados, que passam directamente para um plano especial de reforma suportado por todos nós contribuintes desse buraco negro chamado segurança social. Ganha porque mesmo que Pedro Santana Lopes evite a especulação imobiliária, ele que até é convidado para congressos na matéria, os terrenos da refinaria de Leça valem mais que as refinarias que por cima se encontram. Ora a Petrocer perde valor económico mas ganha dinheiro, reforçando os seus activos líquidos. E neste momento a liquidez na Galp é tão necessária como a água em África.

Perde o país, e perde a Galp, que com o encerramento da refinaria de Leça, e sem uma alternativa criada, passa a ir armazenar combustível a Vigo na refinaria local, controlada pela Repsol. Ora a Repsol é apenas o accionista da La Caixa que detêm participação no BPI que por sua vez participa no consórcio Petrocer.

Coincidências? Não, apenas a velha máxima que na natureza nada se perde, nada se ganha, apenas tudo se transforma.

O que aqui espanta, é que a Petrocer, caladinha, deixa que seja o Estado a decidir o encerramento da refinaria quando um dos critérios que a fez ganhar o concurso foi, exactamente este, reforçar a unidade industrial da Leça da Palmeira.

Mas as más notícias só agora começaram. Depois de perder o negócio a Shell em Espanha a Galp Energia pondera alienar a totalidade da rede em Espanha. Primeiro porque sem a vitória com a rede da Shell jamais a progressão e a expansão da rede será possível. Ora a Petrocer também ganhou o concurso porque se comprometeu não só a comprar a rede da Shell, que perdeu propositadamente, como em promover a marca ibérica. Ora, e o comprador-potencial é a Repsol. O tal que é apenas é apenas o accionista da La Caixa, que detêm participação no BPI, que por sua vez participa no consórcio Petrocer.

Finalmente a última notícia, Mira Amaral está em vias de substituir Ferreira do Amaral na presidência da Galp Energia tudo porque o accionista BPI assim o indica. O BPI que é apenas o tal banco português que participa no consórcio Petrocer.

Assim, a saída dourada da CGD têm mais encanto.

À atenção do Sr. Procurador Geral da República...

Publicado por António Duarte 16:31:00  

1 Comment:

  1. irreflexoes said...
    E eu que estou convencido - convenceram-me - que o homem ia a caminho da EDP.

    Será mentira? Ou será verdade? A ser verdade, e como o António nunca se engana, será acumulável com esta nomeação para a Galp Energia?

    Enfim, neste país tudo é possível. Esperar para ver.

Post a Comment