"O Burundi"
quarta-feira, setembro 22, 2004
O primeiro-ministro do Burundi apareceu anteontem num anúncio de página de um encontro de promoção imobiliária, a realizar no mês de Outubro.
Todos os figurantes na promoção publicitária são executivos de empresas do ramo, «os líderes do sector», com excepção do «Primeiro Ministro do Burundi e ex-Presidente da Câmara Municipal de Bujumbura», promovendo o «evento» como «ex-libris da imobiliária da Europa».
Das duas, uma: ou os organizadores do encontro usaram abusivamente a imagem e uma declaração atribuída ao primeiro-ministro do Burundi, ou o primeiro-ministro do Burundi prestou-se a servir de veículo de uma promoção comercial usando e abusando da qualidade do seu alto cargo público. Se foi o primeiro caso, tarda uma reacção indignada do primeiro-ministro do Burundi. Se foi o segundo, espera-se uma intervenção do Procurador-geral da República do Burundi.
Caso não se verifique nenhuma destas reacções, os cidadãos podem concluir que o Burundi bateu no fundo em matéria de falta de ética e de dignidade e que vale tudo. E ninguém poderá admirar-se que, seguindo este exemplo, o ministro da Defesa do Burundi venha a fazer publicidade a uma marca de submarinos, o ministro das Finanças apregoe as vantagens fiscais de um determinado produto financeiro, o ministro da Saúde anuncie um hospital privado sem listas de espera, a ministra da Educação dê a voz a um ‘spot’ de um sistema informático infalível, o ministro do Ambiente recomende um condomínio legalizado numa área protegida, o ministro do Turismo distribua folhetos de uma agência de viagens.
Ou que os comunicados do Conselho de Ministros do Burundi passem a ser intercalados por reclamos a bancos, empresas imobiliárias, refrigerantes, marcas de ‘fast-food’, lavandarias e pastas dentífricas.
As coisas que se passam no Burundi.
João Paulo Guerra, Diário Económico
Publicado por Manuel 16:18:00
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