sobre a cicuta...
quinta-feira, setembro 16, 2004
A fazer fé no que veio hoje a lume em alguma imprensa, José Sócrates, será, em bom rigor, o homem ideal para gerir os destinos do PS e, mais, do País. Eu nem queria acreditar, tentei não acreditar, mas os factos falam por si. Com base nos meros rendimentos da sua actividade política e graças concerteza aos seus extraordinários e pouco publicitados (o homem é modesto, quem diria) méritos de gestão, José Sócrates adquiriu em poucos anos um portfolio de activos a todos os títulos invejável, e de valor superior a alguns, vários, milhões de €uros.
Será obviamente de alguém assim, de um gestor puro, que com os miseros tostões que um político ganha consegue o que consegue, que o País precisa. Qual aumento de impostos, qual redução da despesa, Sócrates é a solução !
Isto é o que o meu lado bom quer acreditar (e acreditem, eu até tenho um lado bom), outra coisa é a desgraçada formação matemática que me persegue. É que por mais contas que faça não percebo, não dá para perceber, a fórmula mágica de Sócrates. E não percebo eu, como não percebe ninguém que eu conheça...
Em suma, e falando muito a sério - José Sócrates é o mais que provável líder do Partido Socialista, José Sócrates arrisca-se pois, por consequência, a ser um dia primeiro-ministro. Assim sendo, o País tem direito a saber, tintim por tintim, como enriqueceu José Sócrates... sendo que o dinheiro não nasce nas árvores nem ele descobriu petróleo num qualquer quintal.
Há coisas que pura e simplesmente não são verosímeis. Até prova em contrário, José Sócrates é uma pessoa de bem, mas Sócrates não é um cidadão qualquer, é um primeiro-ministro em potência; assim, é a ele que competeria provar inequivocamente que a sua fortuna é legítima e não proveio de fontes ambientalmente menos correctas.
Sócrates, é certo, não é obrigado a fazê-lo, mas, se não o fizer (e até poderá chegar na mesma a Primeiro-Ministro, Santana já o é), estará a dar mais um contributo dispensável para incrementar o absoluto descrédito de que já goza a classe politica, e os políticos em Portugal.
Porque em Política aquilo que parece acaba por ser, o facto incontornável é que a um mero mortal o que parece é que tanto dinheiro não apareceu por acaso nem fruto do toque de Midas do Eng. Sócrates. Talvez seja injusto, talvez o Engenheiro seja um génio e ainda não o saibamos, quero crer que sim, mas na vida como na politica não basta ser-se, às vezes é preciso mesmo provar-se pública e inequivocamente que se é.
E ou a memória de José Sócrates melhora rapidamente e este explica cabalmente como conseguiu tanto a partir de tão pouco, em tão pouco tempo, e aparentemente sem grande esforço (e por menos recorda-se aqui a crucificação pública de Duarte Lima...) ou, por única e exclusiva responsabilidade sua, todas as dúvidas passam a estar legitimadas.
Tem pois a palavra José Sócrates. O seu silêncio, ou qualquer explicação mais estética, sobre esta matéria será, sem apelo nem agravo, mais dia menos dia, a sua própria cicuta. Porque o azeite, quando menos se espera, vem sempre ao de cima.
Publicado por Manuel 17:20:00
Homem discretio - nem sempre... -, havia coisas dos negócios que "não podiam ser ditas ao telefone".
O "gitápico" Sócrates já teria alguma coisita antes de entrar para o Governo, Manuel. Por lá, não sei que fez ou deixou fazer.