"Epistemologia do logro"

Anuncia-se já: não li o Código Da Vinci de Dan Brown, best seller de milhões destes últimos meses.

Não li o livro, mas vi resumos e críticas e do mesmo modo que muitos se recusam a ver Farenheit 9/11 de M. Moore, também não me tento a folhear as páginas do livro que dizem ser um ataque à Igreja Católica e um vilipêndio ao Opus Dei...

O livro de Dan Brown, segundo li, planta-se a explicar mistérios antigos, à luz de putativas descobertas recentes. A mais espectacular será a revelação de que Jesus Cristo dormia com Maria Madalena, de quem teve vários filhos. Por sua vez, estes filhos deixaram descendentes notáveis e que desembocaram na dinastia merovíngia, começada com o rei dos francos, Clovis, perto do ano 500 e que se prolongou durante mais de duzentos anos. Como aparece agora, à luz do dia, tal linhagem secreta e tal genealogia fantástica?

Segundo um artigo do Nouvel Observateur desta semana, por obra e graça de um embuste! Um tal Pierre Plantard, personagem real, de origem plebeia e francesa, falecido em 2000, passou a vida a plantar sinais falsos de altos desígnios. Os sinais pareciam seguros: pergaminhos da época das cruzadas, guardados na Biblioteca Nacional francesa, davam conta da criação e existência de uma associação secreta, o Priorado do Sião! Esta seita secreta, seria a guardiã dos segredos e da mesma fariam parte, ao longo dos tempos, personalidades distintas. Uma das mais proeminentes - Leonardo da Vinci!

Tudo seria esotérico, não se dera o caso, denunciado já por alguns, de os pergaminhos serem falsificados pelo pobre Plantard, o qual, de caminho, inventou para sua glória, o Priorado do Sião, do qual fazia parte, destacada e naturalmente, como descendente merovíngico.

Segundo o antigo juiz Thierry Jean Pierre, em 1993, por ocasião de um inquérito a assuntos do estado mitterrandiano, o Plantard, que lhe escreveu a indicar a conspiração de “mon ami”, pareceu-lhe mais um doido varrido!

Se assim for, a conclusão é a de que as fantasias de doidos servem muitas vezes para construir lendas, e assegurar estatuto lendário a quem as divulga. As ideias são perigosas, mas acalentadas com factos falsos, tornam-se perversas.

Vem isto a propósito de um artigo de 1985, na desaparecida Grande Reportagem de Barata-Feyo. A pág.s 50, Vasco Pulido Valente escrevia sobre os livros da vida dele. O livro do dia era As Farpas, de Ramalho Ortigão.

Vasco Pulido Valente esclarece...


Com Eça, as Farpas não haviam sido didácticas. Quando as continuou sozinho, Ramalho decidiu instruir os seus compatriotas, a fim, evidentemente, de os salvar.

Encontrou, ao princípio, uma pequena dificuldade. Para ensinar precisava antes de saber e ele não sabia nada ou quase nada. Pôs-se, portanto, ao trabalho. Encomendou livros em Paris e Londres e aplicadamente, leu-os. Eça conta, com benevolência e como se fosse um elogio, que ele leu tudo: química e filosofia, mecânica e teoria da educação, história e biologia, física e literatura. Durante anos, armazenou energicamente na cabeça, a eito, a tralha intelectual do seu tempo. Isto deu-lhe um infinito sentimento de superioridade sobre a gente boçal que se agitava no Chiado e ele passou a considerar-se preparado para conduzir a pátria pela via dos seus autênticos interesses.

As Farpas são um típico produto português: a obra de um provinciano autodidacta. Ramalho (...) proclama sempre certezas absolutas, fornece sempre interpretações incontestáveis, indica sempre receitas infalíveis. De resto, para que os cafres locais não se atrevam a desconfiar dele, nunca esquece de lhes bradir o nome venerável das autoridades. Com perícia e método, esmaga-os impiedosamente sob uma enciclopédica mistura de luminárias: Turgot, Faraday, Darwin, Comte, Littré, Lamarque, Proudhon, Spencer, Froebel, Mill, Sain-Simon, Michelet, Adam Smith, Malthus, Mommsen, Hegel ou Bagehot. Junte-se a esta lista interminável, a interminável lista de notabilidades do momento: jornalistas ingleses, pensadores de Paris, filósofos alemães e vários outros seres, novos e prodigiosos, apanhados de fresco no Scientific American. Tanta erudição e tanto fervor persuadiram os infelizes portugueses, ainda estranhos a uma dieta que mais tarde se tornaria comum, do génio e clarividência de Ramalho. Não tardou que ele passasse a pontificar perante a universal deferência do país.

Ramalho foi o primeiro a conseguir burlar a saloiice indígena desta maneira fácil. Não percebera frequentemente o que tinha lido; só raras vezes era capaz de medir o alcance do que escrevia; tomava de página para página posições teóricas incongruentes ou contraditórias; aceitava, como a própria evidência, coisas absurdas; e, segredo da arte, vendia lancinantes banalidades, à custa de citações e pompa verbal. Com ele aprendi, cedo e em definitivo, a não levar a sério uma das pragas do meu século: os mentores, divulgadores e animadores culturais(...)

As Farpas, com a sua prosa rufante e as suas prosápias, demonstram, em última análise, a necessidade prosaia de uma educação formal. Por elas, descobri pouco a pouco a diferença entre falar fluentemente sobre um assunto e falar informadamente sobre um assunto. O azar do autodidacta é o de que ele, como jamais estudou nada do princípio ao fim, com alguma ordem e alguma minúcia, não sabe em que consiste isso de saber. Imagina que sabe, porque se adquiriu duas frases e duas opiniões, em dois autores notórios, cujos méritos, aliás, não pode sequer avaliar.

Infelizmente, as frases, opiniões e os autores, longe de lhe revelarem o que quer que seja sobre a realidade, contribuem normalmente para impedir que ele a veja.

No Notícias Magazine desta semana, numa entrevista com Roberto Carneiro, o título é ...

Inventem-se novas escolas!

No miolo, destaca-se uma frase...

O aluno tem que sentir auto-estima e estima mútua para aprender bem. Tem que sentir um bom ambiente escolar que é muito difícil de conseguir sem uma relação de confiança com o professor. Há que criar um novo modelo de escola, que permita essa relação.

Roberto Carneiro é licenciado em Engenharia Química e acumulou cursos de formação na área da educação ! Foi ministro da dita entre 1987 e 1991, perfazendo a legislatura e é professor na UC.

Antes dele, outro licenciado em Eng. Química, J. J. Fraústo da Silva, também foi o ministro da educação, entre 1982-83 e entre 1968 e 1973, foi presidente do Gabinete de Estudos e Planeamento do Ministério da Educação. Veiga Simão, ministro da Educação no antigo regime, é formado em Física. Em 1978, mandou no Ministério da Educação, Carlos Lloyd Braga, eng. Químico. Antes de Vítor Pereira Cresco, engº químico, mandar, entre 1980 e 1982, estiveram lá, Valente de Oliveira e Veiga da Cunha, engenheiros. A seguir, em 1982, esteve lá Fraústo da Silva, eng.º químico e depois veio Diamantino Durão, catedrático de engenharia no Técnico.

Só em 1993, até 1995, esteve lá um letrado - o falecido José Augusto Seabra, tendo sido substituido por João de Deus Pinheiro, eng.º químico! De 1992 a 1995, ocaso do cavaquismo, a batuta pertenceu ao engº Couto dos Santos e à inefável Ferreira Leite, versada em economia. Desde essa altura e até 1999, a pasta foi carregada pelo engº mecânico Marçal Grilo que fez a legislatura, sendo aliás o único, a par de Roberto Carneiro, antes dele, a cumprir a tarefa até ao fim e por isso a ter toda a margem de manobra para as mudanças.

A seguir ao Grilo, veio Júlio Pedrosa, engº químico! E depois dele, a história já é contemporânea - um especialista em sociologia económica (David Justino) e uma engª mecânica (Graça Carvalho).

Pode assim dizer-se que em Portugal, nas últimas décadas, à cabeça do ministério da Educação esteve quase sempre a engenharia, com predomínio da química!

Talvez seja a altura de Dan Brown, decifrador do código Da Vinci, se debruçar sobre este estranho denómeno da predominância dos químicos no centro de poder educativo, de há décadas a esta parte.

Há certamente por aqui um esoterismo a descobrir e quem sabe se nas alamedas do convento de Tomar, não estarão escondidos os pergaminhos reveladores!

Realmente, só por um estranho fenómeno, porventura alquímico, se pode explicar como se chegou onde chegou, no sistema educativo.

António Barreto, um Ramalho dos tempos modernos, aliás, já o aspergiu com o hissope dissolvente do anátema fatal - está tudo mal! Tudo errado desde os anos setenta!

Por mim, mero escriba curioso e diletante q.b., não sei e não quero fazer figura de farpa de ramalhete. Além disso, não estamos já no tempo de Ramalho e Eça.

As nossas elites diversificaram-se e alguns sofisticados escrevem já no jornal A Bola e comentam acontecimentos na TVI.

Uns tomaram o assento que lhes é devido. Outros, sentam-se onde podem e é mais confortável. Alguns procuram alterantivas. Outros, as encontraram.

Porém, nas elites, normalmente, ensina-se o que é nosso e administra-se o que é alheio. Que mais poderíamos desejar?!

De resto, parece que o diletantismo é norma e o autodidactismo um caminho seguro para o poder. Nota-se assim, alguns Peter´s, à procura de princípios.

Talvez por isso, um antigo ministro da Educação de Salazar, H. J. Saraiva, dizia na semanda passada à Focus, a propósito de Santana Lopes e dos novos líderes..

Não julgo que sejam importantes. Portugal é metade rural e metade pequeno-burguês. Uma pequena fímbria de pequenos intelectuais fazem o partido da esquerda e os grandes proprietários fazem o CDS. A grande massa pequeno-burguesa faz os partidos do centro. Estes dois partidos ( PS e PSD) defendem o mesmo e estão certos com o País que nós temos.

Sobre Cavaco, depois de ter dito, há uns tempos, que era “um pobre diabo”, refaz o discurso e remata...

foi um honesto gerente.

Pior, não podia emendar. E para mostrar de que lado está, decreta...

Neste país de analfabetos, o maior número é de primatas e são eles que mandam.

Terá razão?

Como já disse, não quero fazer parte do ramalhete das farpas, mas na verdade, no séc. XIX , o saber histórico também não se vendia ao molho, atado em cordéis, em cassetes de vídeo ou dvd, com folhetos de explicação e anúncios na TV.

Publicado por josé 19:58:00  

24 Comments:

  1. zazie said...
    José, também não li o Código nem tenho tempo para isso mas quanto a fantasias acredite que a serem-no são muito mais antigas. E vêm dos gnósticos e tradições populares. Se a literatura não nos dá pistas muito credíveis, a iconografia é um testemunho muito mais flagrante. Que me diz a uma representação do nascimento de Cristo, acompanhada do Demónio que espreita por trás? ... pois é... está lá, num capitel da Batalha, como estão 6 maõzinhas de Fátima num colar de uma Virgem toda decotada à espera do anjinho da Anunciação... A diferença é que nestas brincadeiras não se pretendia fazer história, apenas mostrar que há muitas historietas em todas as histórias. Os de hoje em dia, que as levam a sério é que não inventam nada...

    Quanto aos químicos há que não esquecer o famoso lobby do Técnico: saem uns entram outros...
    Também não inventam nada... “;O))
    Anónimo said...
    E a Grande Loja, também não é um belo ramalhete de farpas, de autodidactas que querem moralizar o país e que falam tantas vezes do que não sabem? ;) Mas, pensando bem, não é por aí que vem o mal ao mundo. Provavelmente, a grande maioria dos nossos maiores escritores e artistas foram, e são, autodidactas de pendor moralista ou moralizante. Será assim tão grave que a reflexão sobre o mundo leve a uma vontade de mudá-lo para melhor? O que me parece é que Portugal é e sempre foi um país de pseudo-elites "intelectuais" invejosas, ignorantes, arrogantes, presunçosas e mesquinhas, a atropelarem-se e a tentarem esmagar-se uns aos outros pelas luzes da ribalta! E VPV, e uma data de outros pseudo-iluminados que por aí andam sempre a falar "de cima da burra", não são excepção à regra.
    Mas o texto do José mistura alhos com bugalhos. Uma coisa é o autodidactismo moralizante nos escritores e jornalistas (que é compreensível e desculpável), outra bem diferente é o amadorismo manifesto de quem tem estado, há décadas sucessivas, à frente das pastas da Educação. Isto já não é compreensível nem desculpável: é alarmante!!!
    Anónimo said...
    Brilhante o VPV. Era uma farpa?
    Anónimo said...
    Algumas observações bem urdidas, com outras em estilo blazé, acabam por recriar o estilo iconoclasta do VPV, sempre a demolir bezerros de ouro, destilando verrina por todos os póros. Afinal, como se pode melhorar este esterquilínio em que se transformou o país dos colunáveis, do jet set lusitano. Tem remédio ou haveremos de nos associar a ele também, para ver se nos amesendamos em torno do restante orçamento do estado das coisas ?
    Respondam vossas senhorias que presumis de tanto saber.

    António, Lisboa, 13-09-2004
    Anónimo said...
    Também não li o Código Da Vinci e estou convencido de que não o farei, mas como a História é uma coisa de que muita gente gosta, é vulgar abordar o historiador para o confrontar com curiosidades. a mim tocou-me a pergunta: sabes de onde vem a ideia da sexta-feira treze ser um dia azarado?... Imaginei que tivesse a ver com velhas supertições numéricas, mas disseram-me que a resposta estava no "da Vinci": foi numa sexta-feira treze que se deu a prisão dos templários. Parece que está escrito no livro.
    Fui verificar. Não foi numa sexta-feira treze. Foi a 13 de Outubro de 1307, um domingo.
    São pequenas "mentirinhas" que passam despercebidas e que servem para compor o fantástico comercial das obras desonestas.
    mfc said...
    Antes de mais uma precisão:
    José Augusto Seabra permaneceu ME entre 1983/85 e não 1993/95. Trata-se de um mero lapso sem alguma importância.
    Quanto ao "da Vinci" também não li e tenciono não ler, simplesmente porque a ficção me aborrece.
    Porém, criticar uma obra de ficção em nome de uma outra ficção é que não me parece bem. Não quero discutir a sua fé, pois ela não se discute (como me dizia o meu pai), mas não se pode é publicitá-la sem que tenhamos que ouvir opiniões discordantes.
    Sendo íntima, nada tenho a ver com tal orientação e respeito-a... agora publicizá-la e em nome dela apoucar uma em nome da outra é que já não vale.
    É um pouco excessiva a sua posição, não concorda?
    Anónimo said...
    É um excelente policial que se lê de uma assentada. O resto é conversa.
    catarina (100nada)
    Anónimo said...
    Adenda ao meu comentário anterior: o que tem mais piada no post e em grande parte dos comentários é toda a gente perorar sem ter lido o livro...(ok, ok, o post era mais que isso). :)
    catarina (100nada)
    Mas é o proverbial 'não comi e não gostei'.
    josé said...
    António, de Lisboa:

    To be or not to be: that is the Question!
    Anónimo said...
    Ò José, ler - mesmo do que se discorda- é um salutar exercício que ninguém deve dispensar. È compreensível que rejeite liminarmente a obra de Dan Brown por lhe terem soprado que era ''um ataque à Igreja Católica e um vilipêndio à Opus Dei''. Organização esta gerada num tempo de facas longas quando os sequazes de Balaguer desfilavam co prestancia de centurias falangistas, naquela Espanha de músicas marciais unificadas entre Suspiros España e Soy el novio de la muerte, como lembra Manuel Vásquez Montalbán na sua obra ''La Aznaridad- Por el imperio hacia Dios o por Dios hacia el imperio''.
    Avaliando as suas fixações talvez sejam os ataques á Opus a principal causa da sua rejeição do best seller de Dan Brown. Não se esqueça, todavia, que a ''sagrada obra'' fundada por José Maria Escrivá de Balaguer é uma poderosa rival das lojas maçónicas que tanto incomodam muita gente e uma aliada compreensiva de ditadores em fase de recessão: Franco em Espanha e Marcelo em Portugal. Manuel Vazquez Montalban explicava a beatificação de monselhor Balaguer como um prémio a ter ajudado a moldar diversos ministros dos governos do Caudilho na fase final do seu estertor. José, conforme-se e leia o Código Da Vinci que algo deve lucrar, sobretudo no domínio da compreensão mais rigorosa das lutas subterrâneas entre as sociedades secretas:cruxifixo vs avental. Entre ambos venha o Diabo e escolha...
    zazie said...
    Mas que grande confusão que para aqui vai... isto é suposto ser uma parábola sobre o logro. O logro do conhecimento. Nem que seja o fabricado, que a audiência não é exigente.

    O livro é um pretexto, o conhecimento é que se tornou literatura e depois anseia-se por descobertas milagrosas...
    não quero ser muito mazinha mas onde é que o diabo de turmas com 20 ou 30 mecos são assim o busilis da questão educativa eheheheh “;O))
    zazie said...
    é a "auto-estima e estima mútua" na educação, é o "sentido de pertença" e "amor à camisola" na economia empresarial... ehehe parole, parole, parole ":O)))

    como diria o Gombrich (falando de outras coisas...) que era muito mauzinho: ele há novas disciplinas que só servem para se encontrarem mais rapidamente alguns livros nas prateleiras ";O)))
    josé said...
    Mais uma vez, Zazie, agarrou o ponto!
    Entre alhos e bugalhos, misturados com enxofre e azeite, permanece um velho problema: o logro das boas intenções,marinado no autodidactismo, diletância, ambição e principalmente na vaidade.
    Era isso que quis dizer e pelos vistos disse mal. Mea culpa.
    Também não escrevi que não lia o livro por causa das minhas convicções. Disse que o livro é um ataque a certas instituições- e é objectivamente, embora me pareça - sem o ler- que não tem a subtileza e maestria do Nome da Rosa e da sua parábola sobre a intolerância religiosa.
    De facto, até estou a ler O segredo dos Templários, de Lynn Picknett e Clive Prince, que é uma glosa sobre o tema do outro livro, e que aliás lhe serviu de base, contando já com os falsários.
    O livro de Dan Brown também não é novidade sobre o assunto. Antes dele, outros se inclinaram ao estudo das rosas em cruz e do mistério das catedrais, para não falar no graal, nas pirâmides, e outros mistérios do que está em baixo e em cima, afiançando que é igual.

    Se tudo fosse tomado no seu sentido simbólico e de parábola, seria mais simples, embora menos apelativo.
    Há quem prefira ler e tomar tudo á letra, perdendo uma grande oportunidade de se divertir e de usar a imaginação. Hollywood raramente me satisfaz por causa disso: prefiro ler Jodorowski e olhar os desenhos de Moebius do que ver o Blade Runner, mesmo com os carros a voar no espaço das ruas da grande metrópole.

    Enfim, pedante serei- mas rio-me disso.
    Anónimo said...
    Aqui nos comentários alguém disse:
    "Fui verificar. Não foi numa sexta-feira treze. Foi a 13 de Outubro de 1307, um domingo.
    São pequenas "mentirinhas" que passam despercebidas e que servem para compor o fantástico comercial das obras desonestas."

    Também fui verificar (já o tinha feito há uns anos, mas convinha fazer de novo, nunca se sabe...), fui a um calendário na net, que tem o calendário JULIANO e...
    tarããã... 13 de Outubro de 1307 FOI a uma SEXTA-FEIRA!!!
    (http://www.timeanddate.com/calendar/index.html?year=1307&country=15);
    (http://www.wiskit.com/calendar.html);
    (http://utopia.knoware.nl/users/eprebel/Calendar/Perpetual/);

    Assim é fácil desmontar "verdades" que se lançam para o ar, na esperança que ninguém vá confirmar...

    Quanto ao Priorado do Sião é demasiado evidente para se poder afirmar que não existe nem existiu...
    E o Plantard, bem quanto a esse o melhor é descobrir quem fez essa "investigação" sobre ele, e se o que "descobriu" foi apenas o que era suposto descobrir.

    Conclusão: Há de facto muitas fábulas, mas piores são aquelas que pessoas de boa vontade utilizam para esconder a verdade...
    Anónimo said...
    A SUPERSTIÇÃO COM SEXTA FEIRA TREZE TEM SIMPLESMENTE A VER COM A PRISAO E PAIXÃO DE CRISTO. MORTE DE CRISTO NUMA SEXTA FEIRA, 13 O NÚMERO DE PESSOAS SENTADAS NA ÚLTIMA CEIA. É DAÍ QUE HISTORICAMENTE RESULTA A SUPERSTIÇÃO. NÃO COMECEM A INVENTAR COISAS QUE SÃO SIMPLES!
    Anónimo said...
    O logro do conhecimento. Nem que seja o fabricado...

    todo o conhecimento é fabricado e anda quase sempre ao serviço de uma qualquer forma de poder ou vaidade, ainda que disfarçados de "boas intenções".
    quando muito pode-se tentar perceber esses mecanismos de poder e estar-se mais atento e ser-se mais céptico, mais resistente, em relação ao que nos tentam impingir na escola, na universidade, nos jornais, na tv, etc. Em suma, não há nada como ser-se um gajo do contra ;)

    um gajo do contra
    Anónimo said...
    José, elucide-me se puder: "Porém, nas elites, normalmente, ensina-se o que é nosso e administra-se o que é alheio. Que mais poderíamos desejar?!"
    Não percebi, e até pensava que o contrário é que andava mais perto da verdade...
    josé said...
    Pois se acha que é o contrário, pode muito bem ter razão e não serei eu a desmenti-lo.

    A minha razão é esta:

    A elite que ensina está nas universidades. Quem ensina Direito em Portugal?! Poucos. Muito poucos. Em Coimbra há uns mestres. Poucos. Muito poucos e alguns já estão mortos há muito tempo. Mas é um saber deles, dessa elite. Era bom que fossem muitos e que o saber fosse realmente próprio e fabricado por cá, pelos neurónios lusitanos. Quem ensina engenharia por cá?! Por exemplo de pontes? Havia um- o engº Cardoso! E noutras áreas também existem mestres. Na Medicina, por exemplo. Aliás, quer-me parecer que essa elite ainda é aquilo que de melhor e mais genuíno existe, em Portugal. Falo a sério mas com pouco conhecimento de causa.

    Agora, o que é que as elites administram? Será o património que lhes pertence? Há assim tanto património privado em Portugal para administrar?
    Tirando os Mellos, Champallimauds, Espíritos Santos que o terão aos molhos e sempre tiveram, quem que tem mais?! O engº Belmiro? O Jerónimo Martins? O João Pereira COutinho? Não é, porém, a estas elites que me refiro...
    As elites do poder em Portugal administram-(se) actualmente nas empresas públicas e semi-públicas, acumulando administrações. Os escritórios de advogados de grande dimensão administram de igual forma...
    Devo continuar?
    zazie said...
    looooooooooooooooolll e administram-se bem ":O))))
    o Anónimo a pensar no verbo aplicar em vez de encher ":O))))
    Anónimo said...
    A elite que ensina está nas universidades...Aliás, quer-me parecer que essa elite ainda é aquilo que de melhor e mais genuíno existe, em Portugal. Falo a sério mas com pouco conhecimento de causa.

    Ai, José, José, acho que V. é bem intencionado, mas fala realmente sem grande conhecimento de causa. Eu não estaria assim tão certo da "pureza" e méritos de grande parte da "elite" que está nas universidades, no ensino, da mesma forma que não traçaria uma linha muito nítida entre esta e as tais "elites no poder", as tais que "administram". A universidade é um poder político poderosíssimo. Há demasiadas cumplicidades, demasiados políticos- académicos, advogados-académicos, empresários-académicos, padres-académicos, e por aí adiante... É um mundo bem mais "complexo" do que à primeira vista poderá parecer... e bem mais aterrador... e mafioso...
    josé said...
    Bem, de facto, não posso afiançar grande coisa sobre essas elites. Para além do empirismo da constatação relativamente ao predomínio dos químicos e à alquimia da sus acção governativa, pouco mais poderei dizer.

    Mas insisto num ponto: a elite do saber e que ensina o que lhes pertence, é do melhor que temos. Na Medicina, na engenharia, até no Direito.
    Estou a referir-me aos verdadeiros mestres. Não aos ajudantes e almocreves que transportam as pastas, mesmo alguns que colocam capelo em alturas de foto nas escadarias dos Gerais ( da Universidade de Coimbra).

    Por outro lado, não ignoro o problema da ligação ao poder político de catedráticos e afins, como única via de sobrevivência cívica em patamares de prestígio e consideração, atapetados por prebendas em comissões.
    Já CUnha Rodrigues, numa célebre entrevista em Macau e a que já fiz referência, se lhes referia também, para dizer que afinal tinha acabado o prestígio universitário desapensado do poder político-partidário.
    Também isso será um logro.
    Contudo, ainda sobram resquícios de originalidade do pensamento. É nesses cantos esquecidos que situo a elite que me interessa.

    Mas vejo que é exactamente pelo motivo que apresenta que lhe reconheço a razão dos seus motivos.
    Presumindo-o sabedor desses caminhos e atalhos da perdição universitária, não quer aceitar o desafio de desabafar sobre isso, aqui? Sob pseudónimo se preciso for?

    Aqui vai o meu e mail: jmvc@sapo.pt

    Agradecido fico.
    Anónimo said...
    caro José
    também fico agradecido pela sua amabilidade, mas não creio estar à altura de poder dar um contributo relevante que justifique a honra de uma entrada na Grande Loja. Conheço é certo o ambiente universitário por dentro, mas o meu conhecimento acaba por ser também empírico e apenas me atrevo a um comentário generalizado. Em vez de disso, gostaria sim de ver um dia alguém, com verdadeiro conhecimento de causa, argumentos bem fundamentados e uma boa dose de sangue frio, escrever um trabalho de fundo a traçar um retrato impiedoso dos ínvios caminhos de certas "elites" universitárias que têm demasiado poder. Infelizmente, por razões várias, falta-me qualquer um desses elementos na dose necessária.
    Mas aproveito para lembrar que ainda recentemente a Grande Loja publicou um texto importante sobre os caminhos ínvios das maçonarias e da Opus Dei na sociedade portuguesa, caminhos ínvios esses que também passam, e de que maneira!, pelas carreiras académicas e pelas relações destas com o meio político-partidário e empresarial. Só por aí, já haveria pano para mangas... Aqui deixo a sugestão.
    Anónimo said...
    Eu também sou quimico, e até já fui professor.

    Mas entretanto mudei de carreira, terei sido salvo da tantação de perorar sobre a educação ?

    ;)

    Mário

    http://www.retorta.net
    Anónimo said...
    Isso de gente a "perorar" sobre a educação não me parece assim tão mau. Há algum excesso é certo, sobretudo de críticas destrutivas que nada propõem como alternativa. De toda a maneira, talvez seja sinal de que a educação desperta cada vez mais o interesse do público, o que não acontecia até há pouco. Esperemos que deste interesse crescente resultem melhorias efectivas, novas soluções e abordagens mais pragmáticas, o que até agora também nunca aconteceu...

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