"Juízes/Polícias"
quarta-feira, junho 02, 2004
Adelino Salvado (AS) é, como é de conhecimento mais que geral, um polícia competente, um homem que tem dedicado à investigação criminal todo o seu vasto saber, um colaborador do Ministério Público incansável e, segundo parece, foi um dia, há muito tempo, juiz num processo mediático, sendo hoje um virtual desembargador em certo tribunal de relação.
A sua competência e dedicação infinda à causa pública pode medir-se pela imponência do seu Mercedes cabrio, de fazer inveja, como é o meu caso, a um qualquer magistrado de província que, por isso mesmo, se não alapa nos sofás do poder, não tem carro do estado, nem telefones gratuitos. E ajudas de custo para tudo.
Têm processos e questões para decidir.
Adelino Salvado acha, e bem, que isso é de menor relevância. O poder, isso sim, serve, de modo capaz, o povo, pois para isso se congeminou o mesmo poder - servir.
Mas Adelino Salvado é um só um exemplo de como os que nos deviam julgar, a nós e aos outros, gastam as suas virtudes e desvirtudes dirigindo, ou fazendo que dirigem, corporações policiais. Sem desprimor, diga-se, para as mesmas corporações.
A demissão do director nacional adjunto da Polícia Judiciária do Porto, por razões que lhe são estranhas, e a quem presto expressamente homenagem pelo carácter são que demonstrou, deu ao polícia Adelino Salvado mais uma oportunidade de mostrar quem manda, como manda e para que manda...
De imediato, trocou as pedras de tudo quanto é xadrez na polícia onde manda, escolheu novos directores, afastou subdirectores. Assim se deve fazer quando se ganham eleições. Mudar tudo e responsabilizar os de antes pelo que está mal.
Diz a Comunicação Social (CS) queAdelino Salvado foi chamar os amigos júízes para ocuparem os lugares vagos. Reiniciaram-se, pois, na PJ, os bailados judiciais para os respectivos cargos policiais.
E é aqui que, mais uma vez, tenho de chegar.
Os cidadãos, e eu sou-o, pensam que os juízes são para os tribunais, são para julgar, são para fazer justiça.
Ora, por mais importante que sejam as polícias, e são-no, não estamos nós num estado policial, mas de direito, onde a justiça se concretiza pela acção dos juízes e não pela investigação das polícias.
Todos os dias o venerando Conselho Superior da Magistratura (CSM) se queixa de falta de juízes, há uma lei a permitir acumulações, outra a permitir que continuem depois de reformados ou jubilados, outra a permitir cursos acelerados de juízes no Centro de Estudos Judiciários (CEJ).
Pergunto-me,então, mas sou eu que estou de má-fé, como se explica que tantos juízes sejam polícias, outros tantos inspectores-gerais e tantos outros directores-gerais? Tem de haver uma explicação. E, como seja o CSM, sejam os juízes, se encontram nas polícias por amor à causa, só pode concluir-se que aí estão para preparar a justiça que os outros juízes fazem.
Sem eles nas polícias, os outros não têm que fazer.
Mas que os juízes são para julgar, isso são, seja nas polícias, seja nos tribunais. São actividades complementares.
Alberto Pinto Nogueira
Publicado por josé 09:57:00
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