Adelino Salvado e a PJ que "mete medo"...
quinta-feira, junho 03, 2004
actualizado às 18.45
do JN de hoje...
O responsável máximo da Judiciária negou depois que a remodelação tenha algo a ver com a operação "Apito Dourado". Confrontado pelo JN com o facto de ter reforçado a sua confiança em Artur Oliveira quando este, há um ano, colocou o lugar à disposição, precisamente por se terem iniciado as investigações ao seu pai e irmão, Adelino Salvado disse que tal se ficou a dever ao "evoluir da posição intelectual de um homem honrado e sério, que foi diferente na fase inicial e na fase final". "Tratou-se de uma questão do foro pessoal", rematou.
Ainda no JN...
Este é um momento histórico e uma oportunidade de clarificar os passos dados para a consolidação da PJ. Trata-se de um corpo único, que mete medo a muita gente que não cumpre a lei e que, por isso, tem sido sujeita a sistemáticos ataques, manobras e deturpações da realidade(...). Porém, neste momento, entendo realçar que o progresso da PJ tem sido notável.
Estas declarações do director nacional da PJ são, sob qualquer prisma, espantosas!
Vejamos...
Segundo Adelino Salvado (AS), o director da PJ no Porto, Artur Oliveira (AO) demitiu-se, agora, porque a sua “posição intelectual” evoluiu...
Evoluiu de onde para onde? Analisando friamente os factos, nota-se que a evolução dessa “posição intelectual” se deu porque no início era uma coisa e agora é outra!
Magnífica lógica!
E qual seria a posição intelectual na fase inicial, ou seja, há um ano atrás, quando director Artur Oliveira colocou o lugar à disposição? Era certamente de demissão que então colocou nas mãos do director nacional e este não aceitou, sabendo no entanto do que se tratava e do género de processo que envolvia familiares do director Artur Oliveira.
Agora, nesta “fase final” qual seria a posição intelectual do director Artur Oliveira, perante o director nacional? Obviamente de demissão! Onde está a diferença?!
Estará porventura na posição intelectual do director Artur Oliveira ou na mudança de atitude do director nacional Adelino Salvado?!
Se a posição intelectual, de apresentar eventual demissão, é a mesma quem é que mudou? Foi Artur Oliveira ou Artur Salvado?
Ou foram os factos que mudaram e obrigaram Artur Oliveira a solicitar desta vez a demissão? E se foram os factos, esses factos e não outros, como compreender que Adelino Salvado não tenha pensado nessa eventualidade?
Será admissível que o director Adelino Salvado tenha aceitado manter como número dois na PJ alguém com uma espada de Dâmocles em cima da cabeça?!
Será crível tanta ingenuidade e incompetência antecipativa?!
Por outro lado, Adelino Salvado diz que a PJ “mete medo” a alguns que não respeitam as leis.
Uma polícia é para “meter medo”?! Será essa a função da polícia ou será admissível que o seu director nacional a veja por esse prisma “de meter medo”?
Ficamos à espera dos comentadores e defensores estrénuos das liberdades individuais - um António Barreto; um José Pacheco Pereira, um Vasco Graça Moura (altamente empenhado na campanha eleitoral...) se pronunciem sobre esta polícia que "mete medo"...
Se o simples ridículo chegasse, e deveria chegar, para demitir alguém, o director Adelino Salvado já estava de regresso ao posto de origem, mas ele parece estar bem preso ao lugar, como aliás a Ministra da Justiça, Celeste Cardona...
Para rematar é impossível não citar o DN de hoje, e Teófilo Santiago a quem aliás, e a João Massano, esta Venerável Loja presta a mais sentida homenagem...
Questionado pelo DN se a sua demissão estaria relacionada com o desenrolar da operação «Apito Dourado» e com o facto de a direcção nacional não ter sabido atempadamente da mesma, Teófilo Santiago respondeu: «Os resultados da directoria do Porto estão à vista e depois tirem-se as ilações que se quiser».
De facto está, mesmo, tudo à vista, e só não vê quem não quer. Resta saber durante quanto tempo mais se vai continuar a fingir... Porque os tempos da impunidade, e desfaçatez, absoluta já lá vão!
P.S. José Manuel Durão Barroso veio entretanto dizer que...
«Compete ao Governo nomear a direcção nacional da PJ. Tenho total confiança nela e os partidos políticos não devem imiscuir-se nas questões de funcionamento interno das polícias, senão teríamos as polícias partidarizadas», frisou.
«Quem responde perante o Parlamento pela PJ é o Governo, que deve dar explicações se for caso disso. Neste caso, já disse que temos plena confiança na PJ», acrescentou
Ora, o Primeiro Ministro devia ter consciência que é essa inusitada "confiança depositada na PJ e que aliás pelo menos desde meados da semana passada contagiou muitos e destacados militantes do PSD, nomeadamente do Norte, que levanta as mais sérias e fundadas das dúvidas.
À mulher de César não basta sê-lo, e em política, desgraçadamente em Portugal, normalmente quando "parece" a realidade costuma demonstrar que é sempre bem pior!
Publicado por Manuel 18:13:00
2 Comments:
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- zazie said...
6:39 da tarde, junho 03, 2004":O))) é um texto de antologia- devem estar grudados com araldite seja qual for a "posição" ":O)))- Luís Bonifácio said...
6:51 da tarde, junho 03, 2004A PJ "mete medo" ou "mete nojo"? Não se pode exterminar o Adelino "pinóquio" Salvado?
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