Sem desculpa, nem perdão

Há uma certa classe política em Portugal que está verdadeiramente desesperada.

Desesperada, leram bem. Está em vias de acabar, definitivamente, a impunidade, os pactos de silêncio, ditos de regime, as detentes e outras coisas que tais e essa classe política não sabe o que fazer.

A net e os blogs, no seu todo, não têm acionistas, não tem editores, não tem bufos nem criaturas com a coluna vertebral do ainda (!) Director do Público. Não tem, porque por definição é um espaço de liberdade, de liberdade e também na generalidade de responsabilidade.

É um facto que de quando em vez lá aparece um ou outro papão a apontar para os perigos da net, ainda agora no Zimbabwé, isso ocorreu.



Num passado recente assistiram-se a dois grandes expoentes de como é possível usar um meio da forma mais perversa e contorcida possível - o aparecimento do muito mentiroso, de má memória, e agora d'O Acidental.

O Acidental não é um blog ideológico como por exemplo outros, à direita ou à esquerda, é uma arma e um balão de ensaio de pura desinformação, e intoxicação, onde alguns boys e lacaios do regime dão largas à maior das desfaçatezes - insultar a inteligência dos outros.

Nos últimos dias, Paulo Pinto Mascarenhas, Vasco Rato e hoje também um tal Rodrigo Moita de Deus, entretiveram-se a gozar e desconversar sobre a temática da GALP.

Em primeiro lugar focaram o tom jocozo e trocista na rapaziada do Bloco, que pegou na GALP como podia ter pegado na problemática da extinção do bacalhau - tinham a papinha feita e usaram-na como puderam e souberam (e souberam pouco, porque depressa ficaram sem pilhas ao que parece) devendo, de qualquer modo, o País e a Democracia estar-lhes grato por isso. E assim um destes dias lá tinhamos Vasco Rato a afirmar ...

Será que, afinal, foram as acusações de Francisco Louçã no Parlamento que desqualificaram a Carlyle? Será que os discursos de Louçã condicionaram o concurso? É necessário criar desde já uma Comissão de Inquérito para apurar estes factos. Uma cabala desta natureza terá de ser denunciada. Bem... nada será necessário fazer porque Louçã irá apresentar os “factos” que o levaram a dizer que “sabia” que o concurso estava “viciado”. Nós, por cá, continuamos tranquilamente à espera.

... mas hoje um badameco, desculpem os nossos leitores mas somos forçados a ter que usar uma linguagem que a malta do PP entenda, que assina como Rodrigo Moita de Deus assinou um post, e cuja definicão mais simpática para o qual que consigo encontrar é a de imbecil, onde mete esta Venerável Loja ao barulho.

Não vamos defender aqui a Honra porque só ofende quem pode e não quem se julga, efémera e temporariamente, com o rei na barriga.

Vamos só e apenas transcrever o que o Diário Económico de hoje afirma...

Governo abre negociação da Galp aos parceiros da Carlyle

Ministra das Finanças não exclui que a Petrocer e o Grupo José de Mello chamem novos parceiros para o processo negocial.

A ministra das Finanças não exclui que outros consórcios ou accionistas, tais como os que foram excluídos da selecção do comité de sábios, possam entrar no capital da Galpenergia. “Admito que qualquer deles [grupo Mello e grupo Petrocer] possa fazer qualquer tipo de parceria com qualquer outro [consórcios], ou com aqueles dois ou com outro. Admito. Isso não faz parte da condição de aquisição”, frisou.

Manuela Ferreira Leite, à saída da reunião dos ministros das Finanças no Luxemburgo, disse “o que é bom para o estado” é que a posição da ENI seja substituída.

Estas declarações da ministra surgem depois da Parpública, tutelada pelas Finanças, ter emitido na terça-feira um comunicado onde selecciona aqueles dois consórcios para negociar a venda de, pelo menos, 33,34% do capital da Galpenergia. Mas a ministra deixa tudo em aberto nestas negociações bilaterais em termos do modelo de consórcios.

Este pode mesmo vir ainda a incluir a excluída Carlyle ou apenas alguns dos seus accionistas como o BES, Ilídio Pinho, Américo Amorim e Fundação Oriente.

A ministra escusou-se a dizer se a decisão final será anunciada na próxima semana, antes das eleições europeias de 13 de Junho, mas assegurou que é um processo que “não deverá ser longo”. Os dois negociadores vão sentar-se na mesma mesa e “se houver um que diz ‘com essas condições nem pensar’, provavelmente a negociação não nem dura 24 horas. Mas se houver um processo de negociação mais longo poderá durar mais uns dias"

Estas declarações da ainda Ministra das Finanças demonstram à exaustão que o dito concurso - na prática - nunca existiu já que, afinal, para nada serviu , que foi um mero pro forma, naquilo que se assemelha - e cada vez mais desde o início - a uma absoluta e total farsa, deveriam, por sí só levar à queda imediata do Governo, e estou bem a medir as palavras.

Nós percebemos, demasiado bem, que Vasco Rato e os seu mordomos prefiram atacar o divertido Bloco de Esquerda, até admitimos que a menção a esta Loja tenha sido um deslize infeliz de quem se entusiasmou demasiado no dislate, mas não temos culpa de sermos porventura a verdadeira, única e real oposição em Portugal.

Voltando à GALP, vá lá - desinibam-se, desmintam uma vírgula do que escrevemos, se puderem...

Publicado por Manuel 18:49:00  

14 Comments:

  1. zazie said...
    mas pedes tu matéria política a quem vive de nuvens políticas

    estes analistas já atingiram a depuração total: dispensam os factos.
    ";O)
    Miguel Marujo said...
    Se não estou em erro, caro Manuel, esse rapaz é assessor de... Leonor Beleza, no Parlamento.
    PPM said...
    Mas não são vocês o muitomentiroso versão II? Julgava que sim. Anónimos e malcriados, pobre gente. Nós também lemos o Diário Económico, mas é muito pouco ao pé das vossas vossas extraordinárias investigações. Ou talvez não. E, já agora, vai chamar badameco aos teus amigos, ó palhaço.
    Manuel said...
    Ó meu caro Marujo ...

    ... Podia ser assessor do Papa. Ninguém é impune ou incriticável por estar onde quer que seja ...
    Manuel said...
    Mascarenhas,

    Gostei muito da da parte "Ou talvez não".


    .
    josé said...
    PPM:

    Já que se dignou, deixe-me esclarecer uma coisa:

    Quem aqui escreve assina com um nome e há um endereço de mail, à porta. Cada um assume a responsabilidade pelo que escreve e não há política editorial nem arranjos em comandita.
    Escusa por isso de chamar a este blog como sendo de de "magistrados". Porque é incorrecto e principalmente, porque a profissão de cada um não se confunde naquilo que se pode escrever num blog. Magistrado é uma profissão como outra qualquer, mas que tem um estatuto próprio e que obriga a uma série de deveres que aqui não se aplicam. Espero que entenda isto que afinal é simples e evita muitos equívocos.
    Não sei quem você é (é verdade, sei apenas vagamente que escreveu no Independente), por isso, para mim é mais um anónimo, como outros e não é por isso que discrimino em relação ao que possa escrever. Aliás, quanto ao anonimato nada mais tenho a acrescentar ao que disse antes.

    Relativamente à troca de galhardetes com o Manuel, que é o mentor do blog e que estimo, entendam-se, podendo ficar a saber que não aprovo o estilo, mas não me parece grave. Já tenho visto pior lá pelas vossas bandas. Lembro-me particularmente de ter por lá visto uma imagem de um terrorista suicida, com um colete de explosivos e a menção a "o anónimo da blogosfera".
    Achei de muito mau gosto, mas apenas isso.

    Espero que continue a trocar ideias e só isso.
    É apenas para isso que por cá vou escrevendo. Quem não gostar, proteste! E fundamente, como procuro sempre fazer.

    Cumprimentos e no hard feelings.
    zazie said...
    Quando se frequenta um bar ou um café não se obriga todos os presentes a identificarem-se, partindo do pressuposto que daí a pouco se tenciona andar à porrada. Também não é hábito a polícia ser chamada a intervir porque um cavalheiro chamou pateta a outro e o outro ripostou-lhe com palhaço ou palerma.
    Para se chegar às identificações é preciso porrada a sério.
    Por isso, se estiverem com ideias avisem que não me apetecia apanhar com uns nacos de limiano na tola “:O.
    Zazie
    (uma anónima só para os desconhecidos e sem explosivos à cinta)
    irreflexoes said...
    Post lá da casa:

    "Não me filio

    Mas posso bem assinar a petição para contituição oficial junto do Tribunal Constitucional:

    "até admitimos que a menção a esta Loja tenha sido um deslize infeliz de quem se entusiasmou demasiado no dislate, mas não temos culpa de sermos porventura a verdadeira, única e real oposição em Portugal.".

    Formalizem-se, meus caros, formalizem-se.

    Já tem 1.º Ministro (o fundador Manuel), já têm um super Ministro da Economia e Finanças (o António), o resto arranjam. O único problema que eu vejo é excesso de Ministros da Justiça - mas no estado em que o Estado A tem posto se calhar 2 ou 3 não são demais."

    Agora mais a sério. Os cães ladram e a caravana passa. Não se amofinem (esta palavra é deliciosa, andava há que tempos à procura de um pretexto para a utilizar) que não vale a pena.
    josé said...
    Boa, irreflectido!
    É esse, de facto, o tom ajustado a estas coisas.
    Mas às vezes, há que relembrá-lo e por isso fez muito bem escrevê-lo.
    António Balbino Caldeira said...
    O tom da resposta do criticado denota a espessura do verniz que cobra a falta de educação e de argumentação. Mas notável é o estatuto de uma Loja que põe assessores nestes rebuliços...
    josé said...
    Manuel e António:

    Este senhor Rodrigo, criatura de Deus que vos escreve e não conheço, afirma: "fiel leitor, quase sempre de sorriso na boca" !

    Além do bom tom da resposta, este enigma suplementar, é paradoxal!
    Com que então, um sorriso, quase sempre, ao ler o que se escreve?!

    Na verdade, até eu no início me ria e desvalorizava algumas coisas, como sendo "de blogs" e sem peso na opinião geral. Puro divertimento sem consequência além do mero desabafo, costumava dizer.

    Agora, já não penso tanto assim. O caso Galp e outras minudências ( tributo a expressão a VPV) que por aqui aparecem às vezes, ajudam o pobre leitor, alienado de círculos de poder real e desconhecedor de manobras de corredor ou de comensal, a perceber melhor a "whole picture" do fenómeno político, em geral.
    Por um lado, a curiosidade vai ficando saciada; por outro, aumenta a náusea.

    Felizes daqueles que sorriem, porque às vezes, os assuntos só mesmo para sorrisos...mas amarelos!
    António Duarte said...
    Caro Rodrigo

    Da parte que me toca, registo e enalteço a elevação e a educação com que nos respondeu, o que merece desde logo o respeito, normal e adequado, entre pessoas civilizadas.

    Ainda que mal lhe pergunte, uma vez que o Conselho de Sábios proferiu a seguinte frase no relatório " A opção Carlyle lesa os interesses do Estado e da Galp ", e entre os sorrisos que desde aprecio sempre que le a Loja, não terá sido diferente daquilo que por aqui escrevi.

    Mais uma vez, enalteço a sua educação na resposta.
    Manuel said...
    Caro Rodrigo,

    Começando pelo fim - "sede de justiça" ? aonde, como, aquí na Loja ? Desde quando fazer perguntas, eventualmente incómodas - mas sempre fundamenytadas, denunciar o óbvio e esperar que as coisas funcionem como devem funcionar pode ser confundido com "sede de justiça" ?

    Será que o vácuo moral já é assim tão elevado que sugerir que as coisas devem *apenas* ser cabalmente esclarecidas e explicadas já é confundido com "sede de justiça".

    Aqui não há nenhum catecismo, e não somos um coro e não perseguimos ninguém. Limitamo-nos civicamente a pensar em voz alta e o leitor que retire as ilações que quiser; não inventamos factos nem maquilhamos a realidade muito menos alinhámos em campanhas persecutórias contra quem quer que seja por axioma. Não temos é tabús, o que talvez cause algumam confusão...

    Quanto ao seu primeiro comentário inicial, registo desde já o fair play, e não lhe levaria a mal o excesso e a ironia, se ele tivesse aparecido noutro local que não O Acidental. Apesar de ser uma prosa a brincar com coisas demasiado sérias (e há um tempo para tudo - para se falar a sério e para se brincar), o facto é que a prosa que assinou não é descontextualizável do local onde foi publicada. O adjectivo com que apanhou até pode ser excessivo para sí enquanto pessoa atómica mas, conceda, que atendendo à natureza e linguagem já usada aquí nos comentários pelo seu "colega" PPM (ao qual podia desde já dar umas lições de etiqueta e boas maneiras), no passado e hoje, esse adjectivo - atribuido assim enquanto escriba no acidental - está perfeitamente condizente e proporcional com o nível com que, até aos seus comentários de hoje, o PPM d 'Acidental nos brindou ...

    ah, e como pode imaginar o problema com o seu post, não é o Tolkien, os Templários ou coisa que se pareça... O problema é que voluntariamente ou não você conttribuiu para o branqueamento de um processo que é muito, no minímo dos minímos, nebuloso...

    Um abraço Amigo

    .
    Miguel Marujo said...
    Amigo Manuel. Ainda bem que aquele senhor não é assessor do Papa! Para maus assessores, bem basta o Ratzinger. O que quis deixar claro é que o sr. Moita não é malta do PP, é "pior" e muito melhor colocado que qualquer badameco do PP...

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