pequenas mentiras entre "amigos"...

Mira Amaral

Energia
CGD abandona projecto de entrar como accionista na Galp Energia

António de Sousa manifestou intenção de a Caixa ter uma posição residual na petrolífera. Mira Amaral informou Carlyle da desistência.

O presidente da comissão executiva da Caixa Geral de Depósitos (CGD), Mira Amaral, comunicou à Carlyle, na passada sexta-feira, que o banco estatal não será accionista da Galp Energia, contrariando assim as informações avançadas pelo consórcio liderado pelo fundo de investimento norte-americano.

Mira Amaral explicou, em declarações ao Diário Económico (DE), que convocou na passada sexta-feira «o conselho alargado de crédito e risco da CGD, onde foi decidido o não envolvimento do banco como accionista da petrolífera». Na sequência dessa decisão, o mesmo responsável esclareceu que «recebi o representante da Carlyle em Espanha, Pedro de Esteban, onde lhe comuniquei essa mesma decisão, que aliás estava já coordenada com António de Sousa».

O mesmo responsável esclareceu que «o envolvimento da Caixa Geral de Depósitos na Galp decorre de um compromisso assumido entre António de Sousa [presidente do conselho de administração da CGD] e Ricardo Salgado [presidente do Banco Espírito Santo] e limita-se à montagem e financiamento da operação desse consórcio». Um compromisso que consta de um memorando de entendimento assinado entre os ‘partners’ do consórcio e que obriga a CGD a actuar em regime de exclusividade.

Mira Amaral explica que este «foi um ‘dossier’ que herdei quando assumi a presidência da comissão executiva do banco [7 de Abril de 2004] e que vou obviamente respeitar». Além destas premissas assumidas por António de Sousa, fonte oficial do consórcio assegura que houve «uma manifestação informal de interesse por parte da CGD em posicionar-se novamente como accionista da Galp, embora com uma participação residual». Desejo que fica agora abandonado.

Fora de hipótese está mesmo um futuro envolvimento accionista do banco público. Mira Amaral admite que «não antevejo qualquer posição accionista da CGD na empresa» e descarta o cenário envolvendo eventuais direitos de preferência da CGD para a aquisição da posição da Carlyle.

Recorde-se que a presença deste fundo na petrolífera, apesar de ser considerada pela própria Carlyle como estratégica, será sempre temporária. Na proposta a entregar hoje à Parpública ficará prevista a possibilidade de a Carlyle alienar aos restantes accionistas nacionais, entre eles o Banco Espírito Santo, bem como à angolana Sonangol, a sua posição num horizonte futuro.

A Caixa Geral de Depósitos foi até há cerca de um mês um dos principais accionistas da Galp Energia com uma posição de cerca de 14%, tendo alienado a sua participação à Rede Eléctrica Nacional (REN), no âmbito de reestruturação do sector energético, por indicações do accionista Estado. Esta operação, que rendeu aos cofres da instituição financeira cerca de 322 milhões de euros, destinou-se ainda a impedir que a italiana Eni, até então parceira estratégica da Galp Energia, exercesse um eventual direito de opção de compra da petrolífera que lhe daria o acesso à maioria do capital.

Troca de acusações
A posição agora assumida por Mira Amaral foi mal recebida pelo consórcio liderado pela Carlyle. Fonte ligada a este candidato à compra da Galp, diz que a decisão da CGD em não participar como accionista foi vista como um conflito de interesses. São apontadas as anteriores ligações do presidente do executivo da CGD ao Banco BPI, enquanto administrador e representante desta instituição na administração da Unicer. Empresa que é presidida por Ferreira de Oliveira, antigo presidente da Petrogal, nomeado por Mira Amaral, enquanto ministro do Governo de Cavaco Silva, e que lidera juntamente com o BPI a proposta da Viacer, um dos principais concorrentes da Carlyle.

A troca de acusações sobe de tom à medida que o tempo escasseia. Recentemente, Ferreira de Oliveira lembrou que os grupos nacionais que estão na corrida à Galp – BES, Fundação Oriente, Amorim e Grupo José de Mello – integravam a Petrocontrol, que detinha 45% da Petrogal, os quais venderam a respectiva participação à Eni. Outra das criticas incide sobre as mais-valias realizadas de 525 milhões de euros pelos accionistas da Petrocontrol, que o então Governo isentou de imposto.

RAR desmente participação
O grupo RAR, dado como integrante do consórcio da Carlyle, veio a público desmentir qualquer participação na aliança do fundo de investimento norte-americano. «Esta participação tem sido sucessivamente negada pela RAR», lê-se num comunicado emitido pela ‘holding’ liderada por Nuno Macedo Silva, que assim se coloca de fora do lote dos interessados na operação Galp.


Traduzindo, à mesma hora em que Durão se indignava com Louçã no Parlamento ainda estava em aberto a CGD participar como comprador no consórcio liderado pelo Carlyle. Obviamente ninguém se demite.

Publicado por Manuel 01:52:00  

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