«Isto»
sábado, maio 29, 2004
Comício ou não, o «Congresso» do PSD da semana passada demonstrou à saciedade o absoluto esgotamento do partido. Tirando uns milhares de carreiristas, já ninguém se interessa por aquilo e cá fora já ninguém espera nada daquela gente. O que não seria mau se o PSD fosse um caso único. Mas não é. À Direita, o CDS consegue conservar a custo uma existência fictícia (porque está no governo), mas não pode resistir a uma eleição em que se apresente sozinho. Paulo Portas passou o prazo de validade: o menino-prodígio não cresceu (ou cresceu mal) e os meninos velhos não têm graça. À esquerda, Guterres liquidou o PS, que hoje anda por aí como a alma penada em que, de facto, se tornou. O «Bloco de Esquerda» já não tem a mais vaga relevância e perdeu o valor de novidade: a repetição da asneira cansa e não leva longe. E o pobre PC continua a morrer devagarinho, sem barulho e sem esperança. Há quem pense que se trata de uma «questão de homens», como antigamente se dizia. Engano. Santana Lopes não vale mais do que Durão Barroso; nem Sócrates muito mais do que Ferro. E Paulo Portas reduziu o CDS à sua (inaceitável) pessoa. Quanto ao resto, à segunda linha, não se vê (e não por acaso) um só político com alguma autoridade e algum futuro. Entrámos no deserto ou, mais precisamente, na crise do regime. Sem a «Europa», mais tarde ou mais cedo, mais cedo do que tarde, aparecia em cena o tradicional remédio para problemas desta espécie: o partido anti-partidos, provavelmente «presidencialista» e amante do «consenso» (da união nacional). Com a «Europa», as coisas não são tão simples. Donde não se segue que, sob outras formas, não suceda o mesmo (como sucedeu em Itália). O sentimento de que «isto» não é aguentável começa a chegar a toda a parte. E abre a porta a quase tudo.
Vasco Pulido Valente
Publicado por Manuel 13:30:00
3 Comments:
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O sistema partidocrático mostra à evidência a sua caducidade. Actualmente, já nem um certo pretenso idealismo nascido em Abril de 74 consegue disfarçar o estado pantanoso e dissoluto em que se encontra Portugal, sendo em cada vez maior número as pessoas que tomam consciência do o abismo para que nos levam. O que dantes se comentava à boca pequena e com a máxima discrição já se começa a ouvir na rua em voz de protesto e indignação.
O actual regime já deu provas do que é capaz; o resultado está à vista.
Quanto mais terão os portugueses de aguentar?
Mas nunca fala em regime. Fala em pessoas e em partidos compostos por pessoas. Fala no desinteresse e desencanto do eleitor.
Não se salte daqui para a alteração de regime. Alterar para onde? Comunismo, Socialismo, Anarquismo, Ditadura ou Mafia à Italiana?
Leio o texto como um aviso à renovação de pessoas e ideias dentro dos partidos.
GALO VERDE
renovação ... eheheh "será que está por aí na sala o homem novo do Cavaco" looooooooollll