Vasco Valdez considerou «inadmissíveis os processos de intenção» de que o novo director-geral dos Impostos (quadro do BCP) irá favorecer o grupo BCP e a insinuação de que poderá acumular o cargo público com trabalho naquele banco. Apesar da indamissibilidade desses mesmos "processos de intenção", o mesmo Vasco Valdez não se coibiu de defender que o novo director-geral dos Impostos deve abster-se de decisões em matéria fiscal que digam respeito a empresas onde o grupo BCP tenha participações qualificadas registadas. Mais, chegou ao ponto de afirmar que «Do meu ponto de vista, ficam de fora as empresas em que o BCP tenha participação qualificada».
Há várias conclusões a reter destas nada inocentes declarações de Valdez. Em primeiro lugar a profunda deslealdade que elas demonstram do SEAF para com Paulo Macedo já que uma coisa é termos um comunicado do ministério das Finanças em que se diz que Paulo Macedo não tratará de assuntos relativos ao BCP, outra completa e totalmente diferente é o secretário de estado da tutela vir dar "opiniões" (!) sobre o âmbito do conflito de interesses que atingirá ou não Paulo Macedo. Em segundo lugar, estas declarações provem de alguém que sempre gostou de ser Director Geral dos Impostos na sua vertente mediúnica, leia-se por telecomando, pelo que não podem deixar de ser interpretadas como um sério "aviso" a Paulo Macedo que se vê assim com cada vez menos margem de manobra, e cobertura, para agilizar a máquina fiscal. Para terminar não deixa de ser curioso que o mesmíssimo Vasco Valdez o tal que agora opina sobre as incompatibilidades funcionais de Paulo Macedo seja o mesmo que não viu em si próprio, em tempo oportuno, qualquer incompatibilidade aquando do affair Benfica...
Noutra frente o PS e o PSD entenderam-se quanto ao dossier secretas. A solução, como não podia deixar de ser, é no mínimo imbecil. Na componente política, deixaram de fora o Presidente da República, o que no mínimo é uma desilegância, e arranjaram um organigrama que na prática continua a dar para tudo e na componente operacional não resolveram nenhum dos problemas de fundo. Há boa maneira portuguesa, e na prática, aquilo a que se assistiu foi, apenas e só, foi à contratualização de uma privatização - pura e dura - dos serviços de informação por parte do bloco central. Obviamente, vai acabar mal.
Publicado por Manuel 19:35:00