As contas da GALP - Parte II
segunda-feira, maio 24, 2004
Depois de um primeiro post, que visava decifrar alguns dos mistérios que tem adornado, esta operação, e dadas as sequelas que o Jumento e o Irreflexões, tão bem delinearam, sou como que moralmente obrigado a voltar à carga.
O problema nesta operação de reorganização empresarial de accionistas, não surge pela entrada de capitais estrangeiros, pois os mesmos, já lá estão desde que a italiana ENI tomou 33,34% da petrolífera portuguesa, fruto de um dos piores acordos que há memória no nosso país. O seu autor – à altura Ministro da Economia – Pina Moura, conseguiu numa altura em que as dot com rebentavam, prometer por escrito, uma IPO num prazo de 12 a 18 meses, com a cláusula de salvaguarda, de que em caso de incumprimento, a Parpública alienava a sua parte das acções directamente à ENI Spa.
O problema nesta operação, surge porque nenhum dos consórcios apresenta à partida ligações ao meio petrolífero. Nenhum dos consórcios é uma empresa de petróleo, e ao invés até temos um consórcio, cujo principal activo, é uma empresa de cervejas, cuja privatização terá constituído, a pior operação do Estado Português. Ou melhor pelo menos directamente nenhuma delas apresenta isso, já que indirectamente no consórcio Luso-Oil, está lá a angolana Sonangol.
Assim, e porque a operação, consiste na venda da participação da ENI Spa, via Parpública, o que é registado, nesta é apenas a mais-valia obtida com o negócio, caro Irreflexões.
Quanto ao dedo, de facto a GALP constitui mesmo a mão, mas, como disse atrás, há muito que um terço do seu capital está fora da alçada portuguesa. Convenhamos que num negócio tão volátil como o petróleo, ter um parceiro, que seja produtor ou melhor extractor de crude, constitui uma mais valia incalculável.
Ao contrário do que possam pensar, e até pelo que tenho escrito por aqui, entendo que a junção da Galp com a Sonangol e a breve prazo com a Petrobras, trará vantagens para a GALP. Primeiro porque se fomentam parcerias entre duas produtoras de crude com uma empresa que não possui o mesmo nível de extracção, com consequente baixa do preço de aquisição.
Logicamente que a GALP ficará em risco de futuramente ser adquirida pela Sonangol. Sim é um facto que todos temos que ter consciência, ainda que não nos alertem para tal.
Publicado por António Duarte 10:13:00