Ainda a Galp Energia - Mais questões pertinentes
domingo, maio 09, 2004
Os quatro consórcios que disputam uma participação entre os 33,34% e 48% - Consórcio Luso-Oil, José Mello, Petrocer e a CVC – apresentaram propostas abaixo do valor de mercado da empresa.
Uma breve consulta à actividade da empresa permite constatar que a empresa terá um valor de mercado entre os 3,2 e os 6,4 Mil Milhões de Euros, dependendo de ...
Estes cálculos resultam dos rácios normalmente utizados para avaliação do valor das empresas (PER, Price to sales, Price to Cash Flows), que a Grande Loja calculou.
Ora sabendo que o Carlyle Group terá avaliado a totalidade do capital da Galp Energia em 2 mil milhões de euros, e tendo em conta os dados acima sabemos que...
- Para uma aquisição de 33,34% - O valor mínimo seriam 870 Milhões de Euros
- Para uma aquisição de 48,00% - O valor mínimo seriam 1,25 Mil Milhões de Euros.
Ainda que possam entrar nas contas as parcerias que com a vitória do Carlyle Group – anunciada na Grande Loja a 28 de Fevereiro do corrente – as parcerias estratégicas com a Sonangol e a Petrobras, é um facto de o Governo vende a Galp agora a um preço inferior do que comprou a posição da ENI Spa, pois aquando da alienação da participação da ENI, o Estado pagou 650 Milhões de Euros pelo capital de 33,34 %, mais 17 Milhões referentes a dividendos e ainda 49,0 % do capital da futura EDP Gás, que está avaliada em 800 milhões de euros na sua totalidade.
Luso–Oil - o que pretende fazer ?
A Luso-Oil quer investir na Galp mil milhões de euros, num horizonte de três a cinco anos, verba que será repartida pela área da refinação e logística, 600 milhões de euros, sendo os restantes 400 milhões de euros canalizados para o retalho. Os investimentos incidem em unidades de transformação de fuel em gasóleo para adaptar a produção ao mercado futuro e instalar equipamentos para tratar crudes pesados. E é aqui que se poderá encaixar a parceria com a Sonangol, cujos crudes têm estas características, permitindo diminuir a volatilidade do negócio da refinação.
Luso–Oil - O Falso controlo nacional
Sobre o controlo nacional que supostamente é conferido pelo direito de preferência aos portugueses do consórcio Carlyle, não será mais realista perguntarmo-nos se terão estes capacidade de o exercer? E se sim, porque não comprarem agora que é certamente muitíssimo mais barato, pois ainda não tem a mais-valia da Carlyle. Por outro lado, estes são os mesmos que preferiram anteriormente realizar mais valias em vez de assumirem uma posição estratégica na Empresa. Juntando as peças deste puzzle, a opção Carlyle poderá conduzir a nova nacionalização da Galp, mas desta vez pelo Estado Angolano, através da Sonangol. Esta visão é tão realista quanto preocupante para o comum cidadão português.
As estranhas coincidências
Uma das provas que podem funcionar como simples e mera coincidência de como o Carlyle Group já ganhou, resulta na notícia que o Expresso ontem troxe a público. Um conjunto de 24 iraquianos está a estagiar em Portugal, pagos pelo Carlyle Group, tendo a parte prática nas instalações da GalpEnergia e a parte téorica na Universidade Lusíada, cujo reitor é o Dr. António Martins da Cruz, pai do ex Ministro dos Negócios Estrangeiros Martins da Cruz, aconselhado por Durão Barroso a ser o advisor do Carlyle Group para Portugal na operação da Galp, de acordo com a revista Tempo.
Publicado por António Duarte 18:56:00