Cassandras ou faroleiros ? ...

José Manuel de Mello deu entrevista ao Expresso de 24/1/2004. Num rodo de declarações enormes, a mais bombástica fez manchete do jornal: “Portugal deve juntar-se imediatamente a Espanha

JMM não saída airosa para os portugueses, teme pelo futuro dos netos (e já tem 76 anos...) e arrasa (é assim que se diz agora) o PSD de Cavaco, que segundo ele ninguém quer, mas se calhar vai ter de engolir, e junta-lhe o bloco centraldo silêncio e da mentira”.

Ah! E não acredita nos novos!


JMM não é um qualquer comentador de jornal,do tipo Tavares ou até do género Pacheco ou mesmo um copista anónimo.

JMM é um capitão de indústria e há décadas que lida directamente com a “classe dirigente”. Tinha esse privilégio antes do 25 de Abril e continuou a tê-lo depois, mesmo contando o intermezzo do PREC.

Sabe, de um saber de experiência feito, quem é a classe política que temos e conhece muito bem a classe de empresários que industriam e comerceiam em Portugal e no estrangeiro.



Por vias do imperiozinho da CUF, até 1974, ganhou a admiração da verdadeira e única esquerda coerente - os partidos comunistas - e de Álvaro Cunhal, para ele o único adversário real, que o apodavam de “fascista”, “reaccionário” e “latifundiário” e ainda o apontavam a dedo, como sendo um dos fautores do nosso atraso, herdado dos 48 anos de ditadura.

Muitos dos que faziam coro nesses slogans, inverteram a longa marcha e juntaram-se a esses “fascistas reaccionários”, no sistema produtivo e na super-estrutura que tanto denunciavam, eventualmente por se terem apercebido do logro.

Dois deles, são, José Luís Saldanha Sanches que assina habitualmente coluna de opinião em jornais de referência e por vezes dá entrevistas onde invariavelmente põe o dedo em feridas abertas e crónicas, a fiscalidade que temos, o sistema generalizadamente corrupto em que vivemos e nos desvirtua a democracia, e a mulher Maria José Morgado, a qual, ultimamente, tem andado numa fona militante, na denúncia do sistema corrupto que segundo a mesma, ameaça até a democracia.

Contudo, e por exemplo, quem é que em 1974 gritava e pichava em paredes “Nem mais um soldado para as colónias”?

Pois... muitos dos que agoram clamam a limpeza e outros, ainda em maior número, que também agora se encontram no epicentro da sujidade, ou seja, em posto de comando governamental.


Um outro faroleiro de renome é António Barreto, o sociólogo que em tempos tentou reformar asneiras do partido comunista, no Alentejo, disse em 7 de Dezembro de 2002, ao DN, a propósito do livro que nessa altura lançou “Tempo de Incerteza”, que “Acredito que Portugal pode desaparecer”!

E explica ...

“Era bom que os portugueses se mentalizassem que Portugal pode mesmo desaparecer, que podemos ser incluidos noutras realidades, e podemos já não ter tempo para negociar soluções nem educar as pessoas. O tempo pode faltar.”

Por exemplo quanto à descolonização não tem dúvidas ao dizer que o processo foi “Incompetentíssimo e muito irresponsável: Não se asseguraram quaisquer condições para que a transição fosse feita em paz.” E que a mesma foi “atabalhoada e covarde. Nós fugimos.



E não fica por aqui o notório sociólogo. Sobre o 25 de Abril, também não mastiga muito os verbos:, “Não é preciso muito distanciamento histórico para dizer que a nossa revolução não foi exemplar. Grande parte do que se fez foi inútil. E não vale a pena dizer que as culpas são do anterior regime ou da Pide, porque é óbvio que também são da revolução.” E mais à frente: “Tente imaginar uma democratização do País feita sem revolução e pacificamente, como fizeram a Espanha, a Grécia ou alguns países de Leste. Tudo seria diferente. (...) Não se pode culpar Salazar por tudo."

E não fica por aqui, na análise sociológico-política ...

“Era perfeitamente possível, por exemplo, evitar o 28 de Setembro, o 11 de Março...

E as nacionalizações integrais de sectores económicos não adiantaram nada.

É claro que há sempre quem diga que as nacionalizações preservaram as empresas, porque se assim não fosse os empresários tinham fugido ou alienado os seus interesses.

Mas aquilo que os revolucionários começaram por fazer foi , pura e simplesmente, destruir instituições públicas e privadas. E logo no quinto ou sexto dia oós-revolução.

Ou seja, em vez de se concentrarem na formação de um Estado de direito, só se preocuparam em aprofundar a revolução, liquidar o poder político e o poder económico, sanear, sanear...”

E conclui ...

“Quem fez a democracia acha que fez tudo bem. Se alguma coisa de mal aconteceu é sempre por culpa dos outros. Ou dos comunistas, ou dos fascistas, ou do Salazar...

Há sempre um responsável. É preciso dizer que essa análise é falsa. As responsabilidades são de todos nós. Não pode ser de outra forma. Os portugueses fizeram assim porque não souberam fazer melhor. Não há razão para a democracia ter um estatuto intocável.”


Estamos assim perante dois notáveis portugueses que coincidem num diagnóstico tão interessante quanto implacável, do País, atraso cultural e económico, analfabetismo, obscurantismo e com uma solução que poderia passar pelo desaparecimento da pátria!

Pensando bem, e olhando para alguns deputados influentes e governantes decididos, a solução é tentadora...

Publicado por josé 17:54:00  

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