O esclarecedor
quarta-feira, outubro 29, 2008
Segundo o Público de hoje, ( pág. 5), "Sócrates telefonou ao director do Diário Económico para esclarecer notícia sobre financiamento de partidos".
Segundo gabinete de imprensa de Sócrates, a dupla dinâmica, Luís & Bernardo inc. ( de incompet...glup, de inconveni..., glup glup, de incongruentes, assim é que é), informou o Público que sua Excelência, o Primeiro-Ministro de Portugal, se dignou esclarecer o jornal Diário Económico, por causa de uma incorrecção noticiosa. E não, nunca, jamais em tempo algum, para desmentir notícias.
Portanto, o telefonema, ao director do Diário Económico, foi apenas com uma intenção caridosa, manifesta, de esclarecimento. De quem? Pois, parece que afinal teria sido do próprio...Sócrates: "Fê-lo para esclarecer e no final até deu razão" ao director do jornal. Ou seja, em português que todos entendem: ia à lã e acabou tosquiado.
O jornal, tinha descoberto uma alteração capciosa e manhosa no Orçamento, à Lei de Financiamento partidário. As más línguas habituais, boateiros profissionais e outros eventuais da calúnia e delação difamatória da honra de um primeiro-ministro, atiraram a matar, mais uma vez, à seriedade de sua Excelência e su governo.
Vai daí, telefonema em marcha, directo ao director do Diário que o manchava na manchete.
O caso merecia atenção particular do PM, enfática até, por causa do pormenor orçamental que o PM achava despiciendo e tentou numa primeira abordagem passar como tal. Afinal, teve de inflectir direcção, desculpar-se, amochar, retrair-se e remendar o diploma mais importante do ano. A vergonha, nisto tudo?
A desfaçatez de se entender liberto de constrangimentos seja de que espécie for, para telefonar ao director de um dos poderes fácticos ( a imprensa), a fim de lhe puxar as orelhas, sob o eufemismo bacoco, do "esclarecimento".
Um Primeiro-Ministro que se preze, esclarece esses assuntos no lugar próprio, na sede própria e quando muito através dos seus assessores de imprensa. E nunca com conversetas que ficam reservadas e anódinas, a não ser que suscitem a anedota, como é o caso.
Paulo Rangel, o líder parlamentar do PSD, segundo o Público, acha o telefonema, um despautério, sendo até "inaceitável e inadmissível, numa democracia", este comportamento reiterado, porque o é.
Depois do caso triste com o director do Público, a propósito da ERC, o mesmo Sócrates, deu-se conta de uma investida televisiva no programa humorístico, dos Sábados à noite , na SIC-Notícias, com nome de Eixo do mal. Uma das participantes, Clara Ferreira Alves, deu conta pública que o mesmo PM lhe telefonou a esclarecer, mais uma vez, sobre coisas que não disse ao director do Público, e tinham sido repetidas no Eixo do Mal, com uma violência tal que até parecia um blog de boateiros maledicentes.
E assim o PM se deu à canseira de esclarecer a maga axiológica, desmentindo-a, com o sucesso relativo de nos tomar a todos como parvos e mentecaptos suficientes para entender a conversa com José Manuel Fernandes, como apenas e mais um "esclarecimento".
Um dia destes, telefona a um blog qualquer, para dar esclarecimentos ao blogueiro perplexo. Aliás, já fez pior do que isso: processou um blog - é verdade!- , por causa de uma pretensa calúnia...
Triste. Muito triste e é isto que vamos tendo na chefia de um Governo que se apresta a reganhar voto popular, porventura com maioria confortável, por falta de comparência de adversário à altura.
Revertendo para o lado mais patético, o que isto acaba por denotar é a profunda solidão deste PM que se acha pessoalmente incomodado com este tipo de notícias, ao ponto de achar necessário o telefonema pessoal, directo, ao autor da notícia, ou responsável por ela.
Em vez de suscitar a indignação, acaba por trazer pena. E não falo com ironia.
Portugal, de que é que estás à espera?
Segundo gabinete de imprensa de Sócrates, a dupla dinâmica, Luís & Bernardo inc. ( de incompet...glup, de inconveni..., glup glup, de incongruentes, assim é que é), informou o Público que sua Excelência, o Primeiro-Ministro de Portugal, se dignou esclarecer o jornal Diário Económico, por causa de uma incorrecção noticiosa. E não, nunca, jamais em tempo algum, para desmentir notícias.
Portanto, o telefonema, ao director do Diário Económico, foi apenas com uma intenção caridosa, manifesta, de esclarecimento. De quem? Pois, parece que afinal teria sido do próprio...Sócrates: "Fê-lo para esclarecer e no final até deu razão" ao director do jornal. Ou seja, em português que todos entendem: ia à lã e acabou tosquiado.
O jornal, tinha descoberto uma alteração capciosa e manhosa no Orçamento, à Lei de Financiamento partidário. As más línguas habituais, boateiros profissionais e outros eventuais da calúnia e delação difamatória da honra de um primeiro-ministro, atiraram a matar, mais uma vez, à seriedade de sua Excelência e su governo.
Vai daí, telefonema em marcha, directo ao director do Diário que o manchava na manchete.
O caso merecia atenção particular do PM, enfática até, por causa do pormenor orçamental que o PM achava despiciendo e tentou numa primeira abordagem passar como tal. Afinal, teve de inflectir direcção, desculpar-se, amochar, retrair-se e remendar o diploma mais importante do ano. A vergonha, nisto tudo?
A desfaçatez de se entender liberto de constrangimentos seja de que espécie for, para telefonar ao director de um dos poderes fácticos ( a imprensa), a fim de lhe puxar as orelhas, sob o eufemismo bacoco, do "esclarecimento".
Um Primeiro-Ministro que se preze, esclarece esses assuntos no lugar próprio, na sede própria e quando muito através dos seus assessores de imprensa. E nunca com conversetas que ficam reservadas e anódinas, a não ser que suscitem a anedota, como é o caso.
Paulo Rangel, o líder parlamentar do PSD, segundo o Público, acha o telefonema, um despautério, sendo até "inaceitável e inadmissível, numa democracia", este comportamento reiterado, porque o é.
Depois do caso triste com o director do Público, a propósito da ERC, o mesmo Sócrates, deu-se conta de uma investida televisiva no programa humorístico, dos Sábados à noite , na SIC-Notícias, com nome de Eixo do mal. Uma das participantes, Clara Ferreira Alves, deu conta pública que o mesmo PM lhe telefonou a esclarecer, mais uma vez, sobre coisas que não disse ao director do Público, e tinham sido repetidas no Eixo do Mal, com uma violência tal que até parecia um blog de boateiros maledicentes.
E assim o PM se deu à canseira de esclarecer a maga axiológica, desmentindo-a, com o sucesso relativo de nos tomar a todos como parvos e mentecaptos suficientes para entender a conversa com José Manuel Fernandes, como apenas e mais um "esclarecimento".
Um dia destes, telefona a um blog qualquer, para dar esclarecimentos ao blogueiro perplexo. Aliás, já fez pior do que isso: processou um blog - é verdade!- , por causa de uma pretensa calúnia...
Triste. Muito triste e é isto que vamos tendo na chefia de um Governo que se apresta a reganhar voto popular, porventura com maioria confortável, por falta de comparência de adversário à altura.
Revertendo para o lado mais patético, o que isto acaba por denotar é a profunda solidão deste PM que se acha pessoalmente incomodado com este tipo de notícias, ao ponto de achar necessário o telefonema pessoal, directo, ao autor da notícia, ou responsável por ela.
Em vez de suscitar a indignação, acaba por trazer pena. E não falo com ironia.
Portugal, de que é que estás à espera?
Publicado por josé 19:13:00
7 Comments:
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
“...e esse caso não é resolvido pelo seu silêncio. Esse é um caso a que não pode fugir. E é o caso seguinte: é o caso de um ministro do seu governo, que fez uma pressão ilegítima junto de uma estação privada e que conduziu à eliminação de uma voz incómoda para o seu governo. E o senhor primeiro-ministro desculpar-me-á, mas quero dizer-lho com clareza: esse episódio é um episódio indigno de um governo democrático e é um episódio inaceitável. E isso é uma nódoa que o vai perseguir, porque essa nódoa não vai ser apagada facilmente, porque é uma nódoa que fez Portugal regressar aos tempos em que havia condicionamento da liberdade de expressão. E peço-lhe, senhor primeiro-ministro: resista à tentação do controle da comunicação social. Não vá por aí, porque nós cá estaremos para evitar essas tentações.”
http://www.youtube.com/watch?v=qbAaHcPnet8
Só me espanta como lhe dão corda nos areópagos internacionais.
E os profs universitários todos, com aquela gravitas do costume, com as pregas do riso forçado...
Beurrghh.
O Santos Silva está a sair pior que a encomenda e há cada mefistófeles no Governo, do enjoado Canas ao emproado Martins, que qualquer dia, qualquer dia...
O Grande Líder está vigilante.
Treme, Portugal!
Eu só me admiro por vocês ainda se admirarem com a desfaçatez.
Cesteiro que faz um cesto
Faz um cento
se lhe derem tempo e verga
Importa que os eleitores não lhe dêem tempo porque verga já ele não tem
Tenha cuidado que ele telefona-lhe a "esclarecer".
Já andou mais longe.
Mas é verdade que nunca tivemos coisa assim, em toda a nossa história recente.
Vai acontecer-lhe o que acontece agora ao Bush: completamente desacreditado, vai desaparecer do mapa, sem deixar qualquer marca, a não ser a negativa.