Faltam 11 dias (LVII): o «endorsment» da Grande Loja
sexta-feira, outubro 24, 2008
Tal como sucedeu em 2004 (altura em que declarámos o apoio a John Kerry), e a exemplo também do que fizemos durante as primárias deste ano (quando apontámos, ainda com a corrida no início, o apoio a Barack Obama, do lado democrata, e John McCain, no campo republicano, muito antes de ser sequer provável que acabariam por ser mesmo esses os dois nomeados), a Grande Loja do Queijo Limiano declara hoje, a 11 dias de se saber quem será o sucessor de George W. Bush, o seu endorsment na campanha presidencial norte-americana de 2008.
Trata-se, como sabem, de uma tradição na imprensa norte-americana que, infelizmente, não tem seguimento por cá. Quem acompanhou, até agora, a cobertura que fizemos desta louca corrida à Casa Branca terá a sua opinião (legítima, seja ela positiva ou negativa) sobre a forma como informámos e/ou opinámos sobre o que se foi passando.
Arrancámos essa cobertura há mais de dois anos, quando ainda nenhum candidato havia, sequer, começado um comité exploratório. Fizemos retratos personalizados sobre todos os principais candidatos. E explicámos as razões pelas quais achámos que Barack Obama e John McCain seriam as melhores escolhas de democratas e republicanos.
Chegados à recta final daquela que será, sem qualquer dúvida, a eleição mais decisiva da história americana (além de ser, também, a mais cara e a que reúne uma carga simbólica maior, sobretudo doo lado democrata), chegou a altura de declararmos o apoio ao senador Barack Obama, do Illinois, nomeado pelo Partido Democrata após ter vencido o mais excitante duelo de umas primárias nas últimas décadas.
Fazêmo-lo por cinco grandes razões:
1 – porque Obama está em melhores condições de reerguer a confiança interna e o prestígio externo da América; a forma como os EUA, o mesmo país que elegeu por duas vezes George W. Bush, conseguiu produzir, em tão pouco tempo, um candidato com as características do senador do Illinois dá conta da fantástica capacidade regeneradora da América
2 – porque Obama mostra-se capaz de reaproximar as novas gerações (que têm dado sinais crescentes de descrédito em relação à política e às instituições) de um participação cívica que terá, num futuro próximo, uma configuração completamente diferente da estávamos habituados
3 – porque a vitória de Obama transmite ao Mundo uma carga simbólica muito positiva, numa prova de que os Estados Unidos foram capazes de ultrapassar tensões raciais e pretendem olhar para o futuro
4 – porque Obama se tem revelado um líder inovador, inspirador, com um grande poder federador de vontades, interesses e diferenças; a forma como conseguiu o apoio de antigos rivais de partido, até de republicanos e, sobretudo, o apelo mobilizador aos mais diversos segmentos do eleitorado anunciam que o senador do Illinois tem excelentes condições para vir a ser um Presidente respeitado e com um suporte numa grande percentagem de norte-americanos
5 – porque Obama passou todos os testes duros desta longa corrida: revelou-se um líder sensato, ponderado, racional, que sabe reagir em momentos de alta tensão, que consegue manter a perspectiva e que mantém, nos mais diferentes contextos, uma eloquência e um poder de persuasão e, mesmo de sedução que se revelam trunfos decisivos para, nos dias de hoje, mobilizar vontades e conseguir consensos
John McCain é um candidato respeitável, de longe a melhor escolha que o campo republicano tinha em cima da mesa. Mas houve, na nossa opinião, três pecados capitais na campanha do senador do Arizona:
1 – a escolha de Sarah Palin para «vice» foi, a longo prazo, irresponsável. Pode ter-lhe dado jeito para agarrar a base conservadora, mas retirou-lhe apelo no eleitorado independente e moderado, segmentos onde sempre foi muito forte. Manifestamente, a governadora do Alasca não está preparada para ser vice-presidente, muito menos ser a substituta do Presidente, em caso de emergência ou fatalidade
2 – McCain, um «maverick» ao longo de mais de 20 anos no Senado, caiu no erro de se aproximar da linha dominante do seu partido, quando era fundamental que conseguisse delinear claramente as suas diferenças com Bush
3 – John, que em 2000 foi vítima da campanha suja do campo de Bush na corrida pela nomeação do Partido Republicano, fechou agora os olhos aos «robocalls» feitos para eleitores de estados decisivos, dizendo coisas como «Obama é amigo de terroristas que já atacaram a América». Ao não travar esse lixo de campanha, McCain perdeu a superioridade moral que o demarcava do pior da herança de Bush
Publicado por André 01:24:00
Ah ah ah!!!
Essa declaração é tão necessária como uma declaração de Santos Silva a apoiar Sócrates...
Alguém poderia ter dúvidas, após tantos textos que marcam com tanto negrito cada vantagem de Obama?
Depois desta dificilmente o McCain dormirá descansado. Que o New York Times ou a Washington Post apoiem o Obama vá lá... o McCain aguenta... mas agora a Grande Loja do Queijo Limiano, é de mais. Agora é o que McCain começa a perceber que está derrotado...