A nova Esquerda socialista neo-liberal
quinta-feira, junho 19, 2008
Vital Moreira continua a sua luta, em prol do Estado social, defendendo agora a extinção dos serviços do subsistema de saúdo dos funcionários públicos, a ADSE.
O argumento, é verdadeiramente de Esquerda e aparece na forma de pergunta capciosa e socialmente relevante: “por que é que os contribuintes, que suportam o SNS para toda a gente, hão-de depois suportar um subsistema paralelo para benefício os funcionários públicos...?”
E tem as suas razões, Vital Moreira. Para além de passar a ideia socialmente estimulante de que os funcionários públicos são uns privilegiados, afirma implicitamente outra ideia peregrina desta Esquerda moderna que tem vindo a defender, com as cores do liberalismo mais notório: as despesas de saúde dos funcionários públicos não devem ser pagas pelos outros, em geral. Ora tomem funcionários público, que é para almoçarem.
O argumento, é verdadeiramente de Esquerda e aparece na forma de pergunta capciosa e socialmente relevante: “por que é que os contribuintes, que suportam o SNS para toda a gente, hão-de depois suportar um subsistema paralelo para benefício os funcionários públicos...?”
E tem as suas razões, Vital Moreira. Para além de passar a ideia socialmente estimulante de que os funcionários públicos são uns privilegiados, afirma implicitamente outra ideia peregrina desta Esquerda moderna que tem vindo a defender, com as cores do liberalismo mais notório: as despesas de saúde dos funcionários públicos não devem ser pagas pelos outros, em geral. Ora tomem funcionários público, que é para almoçarem.
Não lhe interessa para nada, a ideia, certamente de Direita, que já são os funcionários públicos que descontam 1,5% do seu vencimento para a ADSE.
Também nada lhe interessa saber que a receita fiscal daí adveniente é certa e resulta dos rendimentos efectivos e verdadeiramente declarados e sem escapatória para o IRS, ao contrário de outros que melhor se defendem do fisco que os funcionários públicos.
Isso, nada lhe interessa. O que lhe importa mesmo, é desfazer o sistema de segurança social em que se baseia a nossa democracia social e de matriz social-democrata.
Certamente, para lhe alternar com um de Esquerda, verdadeira desta vez. Uma Esquerda que prescinda da componente social do Estado e dê largas às novas ideias liberais de Vital Moreira que se seguem às ideias absolutamente opostas que defendia há uma dúzia e meia de anos atrás.
Só é pena que não se aplique, com o mesmo afã neófito e neo-liberal, a prescindir do Estado no local onde presta serviços, a Universidade de Coimbra.
Poderia então dar largas a essa febre neófita e em vez de se servir, para as suas aulas privadas, de um local público, financiado por todos nós, comprar ou arrendar espaço privado, contratando pessoas, privadas, para dar as aulas privadas, a alunos privados, de curso privado, no âmbito de uma associação de direito privado .
Assim, a funcionar em instalações públicas, por protocolo cujos termos não se conhecem publicamente, não diz a letra com a careta.
Desse modo é que se gostaria de ver um ex-comunista, aliás socialista, aliás neo-liberal, consequente e coerente.
Até lá, é só tretas.
Publicado por josé 15:10:00
17 Comments:
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
No outro dia soube que o novo hospital da Luz tinha acordo com a ADSE. Telefonei para marcar uma consulta de clínica geral urgente. Disseram-me que só dali a 17 dias!!! Obrigada, mas não.
Telefonei para a CUF Alvalade, onde marquei, através do meu seguro de saúde, uma consulta para o próprio dia!
Para que serve uma ADSE assim?
Porque sou obrigada a pagar uma coisa que não me serve para nada e não uso?
Estou farta de ser acusada de ter privilégios que são na realidade um pesadelo.
Resposta:
Porque os funcionários públicos são excelentes trabalhadores e o Estado tem que lhes oferecer qualquer coisinha, senão Deus nos livre eles vão todos trabalhar para o privado.
Deve ser isso.
A nota de Vital Moreira dizia claramente que os 125,6 milhões suportados pelo Estado (i.e. pelos contribuintes) tinha ja em conta as contribuiçoes dos funcionarios publicos para a ADSE (sem este contributo o custo total seria de 289 milhões).
A alusão do Sr. José "aos funcionários públicos que descontam 1,5% do seu vencimento para a ADSE" mostra apenas a vacuidade da sua argumentação.
Aparentemente no entender do Sr. José a componente social do Estado realiza-se plenamente quando os contribuintes financiam um sistema de saúde de que beneficia uma parte da população, não por razões de coesão social ou protecção dum grupo especialmente vulnerável, mas apenas por questões de estatuto.
O Sr. José provavelmente quando lê os escritos do Prof. Medina Carreira só se reconhece nos ataques à classe política e prefere ignorar a demonstração da inexorável falência da tal "componente social do Estado" (tal como é implicitamente definida pelo Sr. José).
Obviamente que é mais fácil usar e abusar de argumentos "ad hominem" em vez de discutir as ideias. Só espero que na sua actividade o Sr. José seja mais competente do que a contestar os pontos de vista de Vital Moreira.
V. é de Esquerda?
o Carlos matou o Post.
Quanto custa o Estado Social Português, ao todo?
Incluindo os serviços de Educação, Justiça, Segurança, Saúde, Empresarial ( sim, duranto anos a fio, Portugal era uma democracia a caminho de uma sociedade sem classes)?
Quem definiu, em 1976, o Estado português, como tendo uma fortíssima componente social?
Foi a Esquerda, carlos. A Esquerda de Vital Moreira que chegou a defender o que o PCP hoje defende. Sem espinhas e que mudou igualmente sem espinhas, logo que percebeu que os tempos não estavam para amanhãs a cantar.
Mesmo assim, milhares de portugueses, foram admitidos ao serviço desse Estado social e muitos são actualmente e ainda funcionários públicos.
De repente, por proclamação destes génios do vira casaquismo, são uns simples privilegiados.
E no entanto, quem lhes concedeu os tais privilégios por que agora são vituperados, foram exactamente os mesmos que agora lhos atiram á cara.
É preciso ter lata, não é, carlos?
O Estado suportado pelos partidos que apoia sempre, foi incapaz de resolver o problema que ele mesmos, e outros, funcionários diligentes de uma utopia ou apenas interesseiros da vidinha á sombra do Estado, criaram.
A falência da Segurança Social, como apontada, foi obra exclusiva deles.
Mesmo assim, têm a supina lata de atirar as responsabilidades desse falhanço para os funcionários privilegiados.
É assim, tal e qual, carlos.
E nem V. consegue destruir a lógica desta argumentação que é a do postal.
Foi sempre um funcionário público típico, na medida em que viveu sempre á sombra do Estado, na sua componente mais subtil: a da Administração Pública de patamar supeiror.
A tal que se mistura agora com a mais perfeita promiscuidade com Galps, EDP´s, etc etc.
Um estado dentro do próprio Estado, onde Vital se movimenta como peixe na água.
Desmente, carlos?
E depois, vem falar de privilegiados, de ADSE e de percentagens de descontos dos funcionários públicos.
Tenha vergonha, por favor!
Se quer desfazer a ADSE, ao menos que tenha a hombridade de reconhecer que a falência do Estado SOcial se deve exclusivamente ás políticas que sempre defendeu e que agora renega com a mesma facilidade de um descarte de consciência desmemoriada.
E principalmente, tenha respeito pelos milhares de funcionários que nenhuma culpa têm, em ter acreditado que a ADSE ou outros subsistemas de saúde foram criados com fundamentos, objectivos e valores específicos e que pouco tinham a ver com privilégios.
Este discurso costumava ser o da Esquerda, mas reconheço que esta mudou mnuito de há uns anos para cá.
Aburguesou-se, à medida que os seus cultores passaram a frequentar e a amesendar-se á sombrfa daquilo que dantes chamavam "burguesia!.
Percebe a traição, carlos?
Percebe ao menos isso?
Os professores universitários, malgrado a sua superior inteligência, não conseguem mesmo assim, desprender-se da teta do Estado e inventaram essa instituição que dá pelo nome de associações de direito privado sem intuito lucrativo, no seio das quais vicejam os cursos que ministram a interessados particularesm, com propinas generosas que entram nos cofres daquelas associações, para arredondar os fins de mês dos assistentes e outros.
COm patrocínios de empresas privadas-públicas ( as tais) ou com ligações ao sector público que as tornam alvo de filantropismo curioso.
Mesmo assim, não conseguem fazer funcionar esses cursos, fora da instituição pública e com meios próprios.
A autonomia universitária permite isto e muito mais que é pago pelos restantes cidadãos que contribuem para essa autonomia, via Orçamento de Estado.
Que tal, este privilégio?
isto já virou um monólogo.
Por acaso não foi aluno do Vital Moreira?
É que essa fixação não é fácil de explicar.
Não cheguei a ser aluno de Vital, porque em 1976, o tipo andava ocupado a preparar os amanhãs que cantariam dali a bocado, na Constituinte, onde se bateu galhardamente contra a burguesia e pelo preâmbulo de uma Constituição que assegurava que o país se destinava a ser uma sociedade sem classes.
Por isso, não é uma fixação escolar, a que me liga ao Vital.
A única fixação que posso adivinhar, resulta do incómodo que experimento em ler indivíduos, como ele, que estão sempre na crista da onda das críticas a quem se opõe ao Estado-Administração e ao mesmo tempo, para defender esse mesmo Estado em proveito próprio e da seita, arremetem contra os funcionários, professores e demais servidores do Estado, chamando-lhes privilegiados.
Para privilégios já lhes bastam os que usufruem, pela calada de quem os não denuncia.
É por isso que escrevo. Só por isso.
E claro, ligado a isso, um outro motivo de fundo:
o oportunismo sempre presente nas suas opções políticas.
Agora é pelo Sòcrates, adepto do socialismo liberal a la Delanoë. Num futuro próximo, se a coisa virar um pouco mais à Esquerda, estará na linha da frente, a defender essa Esquerda que sempre proclama por palavras, mesmo que a desminta em cada acto que pratica e no exemplo que dá.
Manuel Alegre, falou contra estes oportunistas de pacotilha que vituperam os funcionários como se eles fossm os culpados da crise económica em função dos privilégios que usufruem.
Este discurso é que me anima ao debate, percebe, Fernando?
Não são questões pessoais, embora perceba que para certas pessoas, tudo se resume a isso: problemas psicológios, pessoais, de grupo, de partido, etc etc.
A mente de algumas pessoas ( incluindo pelos vistos a sua) não concebe que possa haver uma discussão fora destes limites explicativos.
E então acham que tudo é insulto pessoal, questões fulanizadas por causa disto ou daquilo, de um despeito passado vindo da escola ou na catequeses,ou coisas assim.
Cresça intelectualmente, Fernando!
http://www.monthlyreview.org/aboutmr.htm
se você tivesse conseguido desmontar a argumentação do Carlos, até podia entender que o seu post fosse apenas um suscitar á discussão saudável.
Porque é que uma empregada do textil ou outro qualquer trabalhador indigente, daqueles que ganham uma miséria, tem que contribuir por via dos seus impostos para sustentar a ADSE da qual não usufruem??
Que os funcionários públicos não sustentam integralmente a ADSE com os descontos de 1,5% que fazem sobre o ordenado?
Que os funcionários públicos são uns privilegiados?
É essa a argumentação?
Então, cá vai:
Em primeiro lugar, diga-me qual a função relevante deste Estado, com dimensão social que seja integralmente sustentada pelas contribuições dos seus destinatários específicos.
Há alguma?
A Educação, por exemplo. A Saúde, a seguir.
Neste campo, vai também dizer-me por favor se há algum subsistema de saúde em que o Estado por esta ou por aquela via, não participe na sua sustentação.
Assim, apanhar o caso da ADSE, para demonstrar que os funcionários públicos são uns privilegiados, por causa de não suportarem integralmente o custo do respectivo serviço, é uma enormindade de vilipêndio.
Acrescida, no caso de Vital Moreira que citei, de uma hipocrisia acelerada, porque se há indivíduo que aproveita o Orçamento do Estado muito bem, é ele. Sabe-lhe a ginjas, certamente. E depois vem vituperar os privilegiados...os outros, claro.
Quanto ao segundo aspecto:
Os privilégios, são-no agora, só porque este governo de medíocres não sabe como resolver o défice que eles próprios criaram, ou outros, como eles, antes?
É isso?
É que se for, pode muito bem limpar as mãos à parede da sua honestidade intelectual.