Os socialistas de out sourcing
terça-feira, maio 27, 2008
A pequena crónica de Manuel Pina, no Jornal de Notícia de hoje, é dedicada ao socialistas que já foram comunistas e agora, seguindo modas recentes, vestem a casaca liberal, sem qualquer pudor ou preconceito.
Agora, sem chapéu de coco, charuto esfumegante, ou calça riscada, caricaturam-se na mesma, na irrisão de uma quadratura do círculo, com prebendas a tiracolo:
A melancolia com que Vital Moreira, prevendo a vitória de Ségolène Royale na disputa da liderança socialista em França, escreve no seu blogue que "a modernização doutrinária e política do PS francês vai continuar adiada" pois a ex-candidata à presidência da República afirma que "ser liberal e socialista é totalmente incompatível" deixa à vista os limites (ou a falta deles) do revisionismo ideológico em curso em partidos socialistas como o português. Tendo-se em poucos anos "modernizado doutrinária e politicamente" a si mesmo, passando de sectário-geral do comunismo mais ortodoxo a sectário-geral, na imprensa e na blogosfera, do "socialismo neoliberal" dominante, Vital Moreira é um exemplo acabado de que os bons hábitos nunca se perdem, sobretudo aqueles que, juntamente com o ressentimento, estruturam a "mentalidade de escravo" de que fala Nietzsche. Não, nem sempre a "modernização doutrinária e política" que tem levado alguns intelectuais e nem por isso a saltar do PCP para os partidos do poder significa mudança. Escravo uma vez, escravo para sempre. Formados na fidelidade acrítica e no "centralismo democrático", a maior parte deles (salvo as honrosas excepções que escolheram a via mais difícil, a da solidão) não se libertou, apenas mudou de senhor.
Publicado por josé 14:51:00
3 Comments:
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As ideologias e religiões têm servido para muita coisa. E essencialmente têm servido oportunistas.
Exorcisar todo um edifício teórico por causa do comportamento de pseudo-Socialistas é o mesmo que exorcisar a Física Atómica porque serviu para construir a bomba...
Se o Vital Moreira é um intelectual então não sei que nome dar a um Paul Sweezy ou a um Paul Baran (só para citar dois, que até são Estado Unidenses...). Ao pé destes os Vitais não passam de partículas infinitesimais com os quais perdemos tempo fruto do lugar a que chegaram. Se assim não fosse nem sequer dávamos por eles, tão fraco é o seu trabalho intelectual...