Desculpas trôpegas

Estava convencido que não estava a violar nenhuma lei nem nenhum regulamento. Infelizmente há essa polémica em Portugal e eu quero lamentar essa polémica. Se por algum motivo violei algum regulamento, alguma lei, lamento e peço desculpa, não voltará acontecer", declarou José Sócrates, na qualidade de primeiro-ministro, à Lusa.

O problema deste primeiro ministro, já se viu, passa muito pelo desconhecimento da lei. Por isso, é que diligenciou por um Orçamento de 180 milhões de euros, para pareceres de eminências como Sérvulo Correia e afins. Em vez de ser a Assembleia da República a legislar, tem sido o Governo. Em vez do Governo, têm sido os escritórios de advogados notáveis.
Depois, dá nisto: um Inspector da ASAE que desconhecia a lei, viola indecentemente o seu espírito e depois ainda se põe a discutir publicamente a letra e agora um primeiro ministro que depois da polémica estourar e os jornais glosarem o tema e até os apaniguados do costume o vituperarem, ainda se põe com o discurso do coitadinho, desconhecedor dos rigores da lei e por isso -pasme-se!- pede desculpa.
Mas, desculpa a quem ?! À sua própria ignorância? Ao seu embotamento de raciocínio nestas questões?

Contudo, é este mesmo coitadinho que agora pede desculpa a uma entidade mítica na sua concepção mirabolante, que se prepara para controlar directa e pessoalmente, as forças de segurança, as polícias e a breve trecho todo o aparelho do Estado que se dedica à investigação criminal.

Disso, é que o indivíduo deveria pedir desculpa e arrepiar caminho.

Publicado por josé 17:35:00  

11 Comments:

  1. zazie said...
    E viva o José de volta!
    Tino said...
    Se não tivesse havido provas da ilicitude, teria sido mais uma calúnia e um ataque pessoal.

    Desta vez havia provas e o escroque teve de assumir a culpa.

    Nome certo lhe dava o Charrua, mesmo que a mãe não tenha culpa do filho que tem...
    Carlos Medina Ribeiro said...
    Talvez valha a pena, também, matutar na diferença de tratamento que diversos jornais deram ao mesmo assunto: desde o «24 horas» (que, além da capa, dedicou duas páginas inteiras ao episódio) até ao «DN» (onde a única referência aparece na página 18, numa pequena "caixinha" de 4cmx8cm - cujo texto, aliás "desculpabilizante", vale a pena ler).
    Imagens e texto podem ser vistos [aqui].
    .
    Nuno Góis said...
    Mais rídiculo que alegar desconhecimento da lei, em vez de dizer que paga a multa ou que a lei deve ser revista, é a auto-punição que promete aos portugueses. Ora o nosso primeiro promete deixar de fumar!
    Mas que raio tenho eu a ver com o que ele faz consigo e com a sua saúde (jogging incluído) ?

    É o mesmo que um caçador matar alguém com a sua caçadeira e perante os factos prometer que deixará a caça...

    Será que este homem não morre de rídiculo???
    PJMODM said...
    Um simples exemplo do desfocar informacional de um lugar mal frequentado chamado Portugal, no blog e caixa de comentários do cinco dias.
    Na sequência de um post de crítica do jornalista Mário Crespo pela apresentação sensacionalista das socráticas cigarradas, falta do jornalismo de rigor, coloquei o seguinte comentário (podem ser vistos aqui o post e os comentários http://5dias.net/2008/05/13/jornalismo-de-rigor/#comments ):

    Comentário de PJMODM
    Data: 14 Maio 2008, 9:16
    Perdoem-me a falta de originalidade, e mal pergunte isto, o que é o «pior de tudo isto»? Noutra vez o melhor era a jornalista, desta vez, pelo menos para o parceiro blogueiro, o pior será o jornalista… critérios!
    O pior de tudo isto, porém, não é o péssimo exemplo que o dirigente do canteiro, grande inquisidor faxeado, deu ao país todo na matéria do cigarro, numa espécie de licença tácita para abandalhar. Nem a descredibilização do seu papel e do da entidade que chefia. [...]. O pior de tudo isto é a pacovice provinciana de um país que, cinco meses e meio após a aprovação da lei [neste caso até terá sido uns anos depois da entrada em vigor], acorda para a realidade como se lhe tivessem decretado de surpresa as novas regras e como se leis como esta - e mais rigorosas que esta - não estivessem em vigor, há anos, noutros países, onde, diz-se, parece que também há casinos, e discotecas, e restaurantes, e cafés, e pubs [e aviões] e, imagine-se, fumadores. E onde, consta, ninguém foi à falência ou se suicidou.
    Direitos de autor de uma jornalista de causas, aqui http://5dias.net/2008/01/04/o-inspector-a-lei-a-cigarrilha-o-casino-e-o-pais-pacovio/

    De seguida a jornalista de causas bota o seu comentário exemplar:

    Comentário de Fernanda Câncio
    Data: 14 Maio 2008, 12:13
    antónio, eu acho que com patos donalds, elefantinhos e smiles é que é (a não existir uma assim com aaa de anarca) — agora cornucópias? ó, meu querido amigo. temos de jantar rapidamente.
    o pjmodm incorre num erro muito comum: acha que as pessoas que escrevem no mesmo blogue pensam todas o mesmo da mesma maneira. nota-se que está mui pouco atento (bastaria ler esta caixa de comentários, mas as pessoas só vêem o que desejam, e há obsessões particularmente, digamos, ‘cegantes’, n’est ce pas, ricardo santos pinto?).
    pois, e porque parece que há dúvidas, eu não tenho nenhuma nesta matéria. as leis quando nascem nascem para todos (como escreveu já a este propósito vital moreira), e mesmo descontando o facto de uma viagem de trabalho, com toda a gente acordada madrugada adentro, predispor quem fuma a fumar (ainda mais do que de costume), é claro que se é proibido é proibido e quem deve dar o (bom) exemplo não se deve esquecer de o dar — sendo que os maus exemplos de outros (a ser verdade o que se diz sobre as comitivas de cavaco) não serve de desculpa.

    Lá esclareço e aplaudo a jornalista de causas:

    Comentário de PJMODM
    Data: 14 Maio 2008, 13:23
    Em lado nenhum disse que as pessoas de um mesmo blog pensam da mesma maneira, e muito menos deste blog. Se se ler o meu comentário não está lá tal coisa, pelo menos se se ler sem quaisquer «obsessões cegantes».
    Nem disse que a Fernanda Câncio veria o novo caso de forma diferente do passado, aliás a citação, para além de lhe achar graça ao estilo, foi mais por força do tom seguro e decidido do veredicto sem dúvidas na condenação… na sua coluna de sentenças no DN.
    Também apreciei o comentário da Fernanda Câncio:
    - Informa que «a lei é igual para todos» (para o que até se apresenta necessário citar um constitucionalista e socialista), embora nesta oportunidade não se esclareça o que vai implicar a sua aplicação.
    - Indica as matizes do caso: «mesmo descontando o facto de uma viagem de trabalho, com toda a gente acordada madrugada adentro, predispor quem fuma a fumar (ainda mais do que de costume), é claro que se é proibido é proibido e quem deve dar o (bom) exemplo não se deve esquecer de o dar — sendo que os maus exemplos de outros (a ser verdade o que se diz sobre as comitivas de cavaco) não serve de desculpa».
    Concordo integralmente com as diferenças do fumo oceânico em relação ao caso do sr. ASAE, já objecto de câncio julgamento transitado em julgado:
    - um inspectorzeco peca por dar mais exemplos «abandalhando-se», um primeiro às vezes falha por não «dar o (bom) exemplo».
    - um avião é diferente de um casino (quem não gostar do fumo pode sempre abrir a porta… aliás ninguém percebeu porque motivo a proibição dos aviões precedeu a dos cafés);
    -uma viagem de trabalho é muito diferente de uma farra no casino, até porque se quem fuma é o primeiro e até um segundo, que são quem paga a viagem de trabalho (o dinheiro não será deles para o caso não interessa), o inalar da fumaça pelos terceiros, quartos e abaixo destes é um privilégio ;
    - e a parte melhor, que de certeza, não será esquecido por muitos na operação de informar, informar, informar: não deixar de referir que não se justifica com base nos «maus exemplos de outros», mas, assim como não se quer a coisa, traz-se à colação, «a comitiva de cavaco» - não é o cavaco é a comitiva, repare-se pela qual é responsável o cavaco - mais um facto relativizador da pequena falta de «(bom) exemplo» ou o «desconto».
    Eu confesso pecador de «obsessões cegantes», faço a minha vénia a (mais) um comentário exemplar.

    Depois a caixa passa a ser dominada por amigalhaços discutindo o tom da gravata do p.m., uma pequena história reveladora da diferença entre um inspector abandalhado e um p.m. muito empenhado, que pede desculpa e até promete, quem lho pediu?, que vai tentar deixar de pôr na boca cigarros... Mesmo sem dupla bitola, dá vontade de nos metermos num tgv para longe daqui.
    Ricardo said...
    Se a moda pega, começo já a imaginar sessão de julgamento bastante animadas:

    - O Sr. Juíz, eu não sabia que roubar carteiras não era permitido por lei.
    - O Sr. Juíz, eu só lhe apontei uma arma à cabeça para lhe roubar o carro. Isso é ilegal?

    Costuma dizer-se que os exemplos vêm de cima.

    Sr. José Socrates, as desculpas não se pedem... evitam-se.
    josé said...
    Não vou ao cindo dias e a Câncio, para mim, perdeu o glamour depois da recente polémica, por causa da escolha para rtpizar.

    Assim, parece-me apenas que a Câncio, como os restantes cançonetistas do 5 dias, são uma orquestra de música de fundo,especializada em panegíricos a este poder que está, mas desafinada e em filarmonia catatónica, com fatos puídos pela sabujice.
    José Senra said...
    Que o nosso Primeiro desconheça a lei, vá que não vá, até porque desgraçadamente se calhar no dia da sua aprovação, estaria a fazer jogging num qualquer espaço verde. Agora só gostava era de saber onde vai ele fazer a desabituação tabágica e quanto é que nós vamos pagar por isso... Ainda o vamos ver a desembolsar umas dezenas de euros, pq essa mediv«cação não é comparticipada. Ou será que para ele até será oferecida?
    OSCAR ALHINHOS said...
    O dito devia era pedir desculpa por ter nascido...
    Carlos Medina Ribeiro said...
    O par de livros «Cândido» (Ed. Visão) e «Como Deixar de Fumar» (Ed. D. Quixote), cujas capas se podem ver [aqui], serão atribuídos ao autor do melhor comentário que, até às 20h de domingo (18 de Maio 2008) seja feito [aqui].
    zazie said...
    Não sei porquê gostei muito deste pedido de desculpa. Tem algo de relogioso.

    ehehe

    Quando vierem com jacobinadas dá para lhes lembrar. Deve-se sempre pedir desculpa pelos disparates que se faz. Nem que seja por se achar maior pecado fumar que desconhecer a lei

    ":O)))))

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