A ordenha democrática

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Segundo o jornal Sol, quatro grandes escritórios de advogados, receberam um terço do dinheiro gasto pelo(s) Governo(s), em pareceres, no período 2003-2006.

Sérvulo Correia, Rui Pena, Galvão Teles e José Miguel Júdice, são os felizes contemplados da prodigalidade de uns tantos indivíduos, eleitos por via indirecta, para nos governarem e que dispõem a seu bel-prazer, sem prestarem contas directas, nem mostrarem o que fazem concretamente, do dinheiro de todos nós. E até se dão ao luxo asiático, de recusarem mostrar números e nomes, a quem lhos pede para publicação. Têm vergonha, certamente. E com razão, diga-se.
Aqueles e mais uns tantos, receberam cerca de 15 milhões de euros, do erário público, para elaborarem pareceres... jurídicos! Sem qualquer concurso público, que isso é para os outros. A única excepção é a do ministro Jaime Silva que decidiu contratar por concurso e o escritório de Laureano Santos, recebeu 6 mil euros, durante dois anos.

O Governo, notoriamente, não tem assessores à altura destas luminárias incandescentes, para a tarefa, apesar de os contratar a peso de ouro, com ordenados fora da tabela e com justificações mirabolantes no diário da República. Os auditores jurídicos dos ministérios, também não contam, para este totobola.
Contam outros critérios, não esclarecidos pelo Governo. E fica muito, mas mesmo muito por contar.
Por exemplo, não se conta, quanto é que o Governo efectivamente gastou por via indirecta, com os famigerados Institutos públicos e as empresas de capitais públicos.
É com estes organismos que o erário público se esvai em pareceres jurídicos. Milhões e milhões, são gastos por conta de todos, nas Parpúblicas e outras que tais. Neste Orçamento que corre, há mais de 180 milhões para estas faenas, sem contabilidade directa e transparente.
Por isso mesmo, ficamos agora a saber que Vital Moreira, recebeu do Governo 21 175 euros. Para quê? Para dizer bem, certamente, em forma de parecer.
Ficamos a saber que João Pedroso, arrecadou a bela maquia de 62 910 euros, por dois pareceres ou estudos ou lá o que foi que de resto pouco deve interessar saber. Segundo consta, anda agora a receber por conta do ministério da Educação, para compilar legislação.

Porém, não ficamos ainda a saber quanto é que a Parpública pagou efectivamente ao escritório de José Miguel Júdice. E parece que não vamos saber tão cedo. A transparência democrática é um logro, com esta gente que faz de todos nós um bando de parvos.

Segundo o artigo do Sol, fica a saber-se que uma boa parte da legislação, é feita em completo out-sourcing. Privado. Afinal, o legislador, penal e não só, é uma entidade anónima ou nem tanto, que apresenta o trabalho feito, ao patrocinador, o Estado. E depois, guarda para si, o trabalho preparatório que lhe servirá para fornecer pareceres, mais tarde, a outros privados, carenciados de ajuda, na interpretação das leis aprovadas pelo patrocinador.
Entidade que sobre este assunto, nem tuge nem muge, nem mostra quem a ordenha.

Publicado por josé 17:23:00  

9 Comments:

  1. Laoconte said...
    Penso que o Governo já tem margem para baixar os nossos impostos.
    Jorge Oliveira said...
    Penso que seria oportuno perguntar à Ferreira Leite o que pensa do assunto e, sobretudo, o que pensa fazer, caso ganhe as eleições do 2009, para tornar estes processos mais transparentes, evitando fazer dos portugueses mais estúpidos do que já são.

    A minha aposta é que, se for interrogada nesse sentido, ela vai dizer uma banalidade qualquer, piscando muito os olhos e afivelando aquele ar mais sério do mundo, com que tem andado a fingir que é uma pessoa muito competente.
    Tino said...
    É por estas e por outras que este regime é tão elogiado, pelos que mamam à custa dele, já se vê.

    E é pela mesma razão que a mesma maralha tanto ataca o Doutor de Santa Comba.

    Já agora, recordo que o ministro Manuel Pinho negou que tenha deixado de contratar com a Goldman Sachs por causa do António Borges, dizendo que o seu ministério passou a utilizar a consultadoria interna.

    Pelo que se vê, não faltaram ao ministro consultores externos (pelo menos jurídicos)...

    A mentira tem perna curta... e a verdade vem (quase) sempre ao de cima...
    Balzac said...
    E o Luís Nobre Guedes e a Celeste Cardona que, também segundo o SOL, beberam do cálice dado por Paulo Portas, Ministro da Defesa? Hoje apoio-te eu, amanhã apoias-me tu. E assim ganhamos todos...
    Eric Blair said...
    está-me a "parecer" que nos andam a tentar meter o dedo no cú.
    lusitânea said...
    Veja-se como uns milhares de funcionários públicos organizados em partidos dividem entre si a coisa e como centenas de milhar de outros funcionários públicos assistem á coisa caladinhos...
    Os restantes milhões nem contam entretidos que andam com o novo colorido da nossas cidades
    Zé Luís said...
    Muito bem, caro José, mas tal não tem correspondência na exposição pública que outros meios, como a tv e os seus inenarráveis "telejornais", aproveitam das dicas da Imprensa que ainda investiga e pensa qualquer coisa em nome do jornalismo, da valia da informar e da verdade.
    É espantoso como, em muitos escândalos de circo, as tv's dão o pão aos pobres de espírito e nos escândalos de Estado nem ler sabem - só respigam a porcaria que o homem da rua está acostumado a chafurdar.
    É este o nivelamento democrático e a madurez do regime à laia de jornalismo covneniente mas pobrezinho e não honrado.
    Karocha said...
    Pois andam Eric e há já muuiiito tempo
    ferreira said...
    Ó Eric, você está insensível, homem? O dedo? O arranhãozinho que sentiu foi o relógio...

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