A inoperância do Estado
quarta-feira, abril 16, 2008
O Público, noticia hoje que no julgamento do caso Lanalgo, foram absolvidos seis dos sete arguidos. E o que foi condenado, numa pena de multa, foi-o por delito menor: peculato.
E acresenta ainda o jornal que "Os juízes do tribunal criminal da Boa-Hora que julgaram o caso Lanalgo deixaram implícita na sentença uma crítica à investigação da Polícia Judiciária (PJ), referindo que se ficou "na fronteira" e que a "única solução era a absolvição".
Deixando de lado a "crítica implícita" de quem não a deverá fazer, porque extravasa o limite das competências, atentemos no essencial.
O caso foi mencionado aqui nesta Loja, em Março de 2004. Para ecoar notícias de escândalos.
Antes, aliás, tinha sido mencionado no Parlamento, pelo PCP, nestes termos:
"De um edifício que valeria entre 800.000 contos e um milhão de contos o Estado vendeu-o por 10% do seu valor (80.000 contos) a uma sociedade sediada no paraíso fiscal (off-shore) de Gibraltar, que ninguém a começar pelo Estado, parece saber a quem pertence mas que há quem afirme que a ela não serão estranhos os próprios antigos proprietários da Lanalgo, devedores do Estado, designadamente à Segurança Social onde as dívidas ascendem a 389 mil contos.
Isto já não é só delapidação do património público, e já seria grave.
Está nas fronteiras da corrupção e no caso vertente, a opção por soluções que não asseguram a defesa dos direitos dos trabalhadores."
Isto já não é só delapidação do património público, e já seria grave.
Está nas fronteiras da corrupção e no caso vertente, a opção por soluções que não asseguram a defesa dos direitos dos trabalhadores."
Ou seja, a fronteira, parece agora, não foi ultrapassada.
Então para quê a "crítica implícita"? E a quem, já agora?
A Maria José Morgado, sem dúvida, porque se encontrava na PJ, nessa altura.
E por causa do impacto de uma acusação, afinal sem base de sustentação suficiente.
Por isso, o escândalo, à semelhança de muitos outros, acaba sempre por ser metáfora do nosso Estado de coisas.
A inoperância do Estado, dá sempre à luz, os ratinhos de montanha...que ratam o erário público e apanham umas multinhas, ficando tudo em águas de bacalhau.
As ratazanas, porém, ficam de fora, no esgoto habitual. E não há ratoeiras que as apanhem.
Publicado por josé 11:51:00
4 Comments:
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"Sete entradas para uma saída feliz"
Afinal a saída foi feliz para sete
Não sei bem porquê mas fico sempre mal disposto, irritado, e com vómitos.
Estranhamente isso não me acontece quando leio a imprensa, ou ouço as notícias pela rádio ou televisão.