A ética relativa

Já há dois professores de cátedra, mesmo virtual, a assegurar que o primeiro-ministro, enquanto engenheiro técnico ( até ver), podia perfeitamente acumular funções, na Câmara municipal da terra e noutras adjacentes, assinando projectos próprios e eventualmente de outros, com as funções de deputado à Assembleia.
Paulo Otero, de Lisboa, é um deles e assegura, com parecer em riste, que ofereceu ao nosso primeiro, que não existe qualquer ilegalidade, nem sequer violação de normas éticas ou de outra ordem. Tudo bem, na consciência académica dos tempos que correm.
Outro, o da causa de sempre, continua a argumentar com as leis e a sua progressão contínua e sem efeitos retroactivos, o costume, com a particular sabedoria constitucional, para provar o seguinte:

Um deputado, podia perfeitamente acumular fosse o que fosse, desde que não recebesse tusto por isso. E se recebesse em géneros, tipo agradecimentos específicos com recomendação? Ah! Isso, não conta. O dinheiro não fala-mas vê-se...

Esta gente de academias, parece não entender o básico desta questão:

José Sócrates, há vinte e cinco anos e conforme as notícias vão saindo, terá feito o que quase todos fazem, ó entendidos! Nada mais e também nada menos. Vocês não sabem o que isso é, pois não?

Então, tomem nota se quiserem ler o que um insignificante blogger vos diz diz: A QUESTÃO É DE ÉTICA POLÍTICA! É essa a essência da questão, até agora e sem adiantar mais. E por isso, argumentar com regras, leis, constituições, adianta nada de nada.
O que José Sócrates não entende nem parece capaz de entender, é que a Ética na política ainda conta para certos efeitos. Mormente, para se confrontar com procedimentos em que ele mesmo, enquanto primeiro ministro, tem que fazer passar, como mensagem essencial , essa mesma ética enquanto valor. E já o tem feito. Por exemplo, ao proclamar a excelência do MIT, assumiu como modo de excelência de procedimento ético, a regularidade e normalidade da demissão de uma responsável, por ter falsificado um currículo académico, há 28 anos atrás.
O primeiro dos ministros tem que dar um exemplo de ética a toda a gente, porque senão, os discursos que anda por aí a fazer em escolas e em lugares públicos, valem zero em credibilidade. E essa ética revela-se quando confrontado com pecadilhos passados, reage como reage, com acrimónia, negando evidências, desmentindo factos e tomando os outros por parvos.

Quando o chefe de um Governo, é apanhado em certas coisas que aparentam uma forte carga negativa e segundo Costa Andrade (que é outro dos vossos pares e com uma credibilidade um pouco mais sólida do que a vossa, mesmo sendo de um partido que está na oposição), é de "inquestionável carga ética negativa", o problema deixa de ser de legalidade estrita e passa a ser de apreciação acerca daquilo que é valor ou anti-valor, na sociedade portuguesa.

Se entenderem que estes procedimentos de Sócrates, mormente com estas negações peremptórias e catedráticas de responsabilidade ética, são perfeitamente aceitáveis na sociedade e no tempo em que estamos, podem ficar sossegados. Mas um dia destes, vão reparar noutros...e nessa altura, aposto que repetirão o que agora denegam.

Publicado por josé 22:49:00  

3 Comments:

  1. Tino said...
    Depois do que já se viu, só faltava Vital Moreira transformar José Sócrates num missionário da engenharia...

    E ei-lo, livre de qualquer mácula moral ou jurídica, a fazer engenharia "pro bono" para dezenas de clientes que ele não conhecia e que não o conheciam a ele...
    Laoconte said...
    Não me diga que apareceu uma nova classe de terrorismo - o engenheiro fundamentalista a exercer o seu manus "pro bono".
    Já estou a ver porque é que a nossa paisagem urbanística sofreu tanto nos últimos vinte anos.
    Laoconte said...
    Eis um exemplo:
    "Texas mayor resigns over Shih Tzu
    The mayor of a small town in Texas has resigned after secretly keeping her neighbour's Shih Tzu while pretending it had died."
    in http://news.bbc.co.uk/2/hi/americas/7224647.stm

    Com certeza, este "mayor" não tem ética política para servir nas nossas Câmaras, nomeadamente, as de Lisboa, Oeiras ou Felgueiras quanto mais para um pm.

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