O dia de Dóris

Já foi notícia, ontem, no Correio da Manhã. Com o título garrafal: "Fui censurada pelo Expresso".

No desenvolvimento da notícia, ficava a saber-se que a crítica literária Dóris Graça Dias, acusava o Expresso e o seu director, Henrique Monteiro, de lhe censurar um artigo, a publicar pela revisa Actual, sobre o magnum opus de Miguel Sousa Tavares, Rio das Flores.
A história não é entusiástica, mas permite aquilatar uma coisa simples: o director do Expresso, Henrique Monteiro, não gostou da crítica e não deixou publicar. Censura? Claro. Amigos, são para as ocasiões.
Aliás, quem é a Dóris, para criticar e escrever mal, sobre um romance histórico, com a autoridade literária já suficientemente encomiada, por Vasco Pulido Valente?

Hoje, o jornal 24 Horas, comuma edição superior à do Público, publica uma página sobre o assunto. Vejamos então, as razões, concretas, com a publicação do texto intitulado A Redacção, e ainda a reacção do visado, o sempre emproado Sousa Tavares, auto-proclamado "escritor" de romances históricos.
A crítica, acha que os redactores das Selecções do Reader´s Digest, escrevem melhor. Basta fazer clique nas imagens, para ampliar e ler.




Publicado por josé 13:55:00  

16 Comments:

  1. Tino said...
    Estamos na época dos "homens comuns".
    Henrique Monteiro é apenas um director de jornal comum.
    Miguel Sousa Tavares é apenas um escritor comum.
    Doris Graça Dias não vai além de uma crítica literária comum.
    E até o Tino não passa de um blogueiro comum.
    Eis-nos no Portugal de "homens comuns" governado por um Primeiro-Ministro comum...
    josé said...
    Essa, revela sabedoria.
    No entanto, a comunidade apreciaria outros procedimentos dos pessoas comuns, não tão sindicados a gostos pessoais.

    Um jornal tem regras que qualquer jornalista comum, deveria observar: pluralidade de opiniões em matéria crítica.

    O jornalista comum, Henrique Monteiro, defendeu-se, negando, como o Sócrates costuma fazer, indicando como exemplo da isenção do Expresso o facto de ter critidado o patrão, quando ele fora primeiro-ministro.

    Era o que mais faltava. Mas não foi o Henrique Monteiro quem o fez, +e bom que se diga. Foram outros.

    Monteiro, se fosse agora, faria o que costuma fazer: defender o poder actual.

    Em breve: Monteiro não é um jornalista comum. Para mim é uma nódoa de jornalista. Incomum.
    Tino said...
    Venerável José

    O meu comentário era apenas um lamento sobre o estado lastimável a que chegou o País, com demasiados homens comuns a ocuparem cargos pouco comuns, onde deveriam estar homens incomuns.

    O Tino é também um homem comum, com a diferença de que tem a noção clara de que não está ao seu alcance ser director de um jornal dito de referência, escrever romances históricos ou fazer crítica literária, para já não falar em ser Primeiro-Ministro.

    Depois, esses homens demasiado comuns lamentam-se das críticas pouco abonatórias que recebem.

    Esqueceram ou nunca aprenderam o provérbio: «Quem te mandou a ti, sapateiro, tocar rabecão».
    JMS said...
    Essa de o Expresso ter critidado o patrão, quando ele foi primeiro-ministro já aconteceu há tanto tempo que já passou o prazo de validade.
    Bem mais recentemente, um Jornalista do referido jornal (o falecido João Carreira Bom) foi convidado a sair. (Se bem me lembro a razão de ser de tal atitude vinha explicada na primeira página e tinha a ver com um texto desse mesmo jornalista, publicado em tal jornal).
    Quanto a MST, na sua auto-suficiência criativa, nunca deve ter ouvido falar de Doris Lessing... Presunção e água benta...
    E é sempre uma boa defesa dizer que este país é um país de invejosos (não é original, mas nem o Saramago conseguiu escapar a esse "cliché").
    Gabriel Silva said...
    não vejo onde esteja a censura. O director é pago para isso mesmo e resposanbiliza-se exactamente para decidir o que se publica ou não.

    E tendo lido a crónica da senhora e e desconhecendo o livro «rio de flores» eu decidiria no mesmo sentido, não publicava. Aquilo é execrável, não é uma crítica literária, não consegue ser sequer ser má. Não é nada. A senhora verte bílis, tem um problema pessoal com o homem, mas que vá lá tratar disso com ele e que me desampara-se a redacção!
    A publicação de tal escarreta, no 24horas é que me parece inteiramente adequada.
    josé said...
    O problema é que a senhora é crítica literária do jornal há muito tempo...

    E esta discriminação sobre o artigo crítico, e efectivamente censura.

    Deêm-lhe as voltas que derem. É um poder discricionário do director, sobre uma crítica de que não gostou.

    ~Se fosse por critérios estéticos e de qualidade, então o jornal e a Actual, muitas vezes nem se publicava....
    jpp said...
    O problema com os ataques aos livros do MST é que o são sobre coisas veniais e sempre numa pretensa má qualidade da escrita.
    Não lendo o senhor por razões que ele me desculpará (ainda me faltam tantos clássicos!!!), tendo a concordar com ele na mediocridade da critíca literária produzida.... quanto ao momento parece-me estranho colocar a acção dos livros do Eça na década 1920... só por aí eu já não publicava!
    josé said...
    E é o Henrique Monteiro que sabe dessas coisas todas?

    Será crítico literário também? A revista Actual do Expresso, não tem uma direcção e responsáveis pelos textos?

    Será que a crítica da Dóris, mesmo má, não mereceria ser publicada, por critérios de qualidade mínima?

    Tudo perguntas que me reconduzem á única resposta:

    Censura, porque se tratava de amigalhaços. Fosse uma crítica ao Saramago, por exemplo e a coisa até era estimulada.
    Laoconte said...
    A verdade seja dita, eu nunca recomendaria essa obra aos meus filhos.
    Gabriel Silva said...
    «Deêm-lhe as voltas que derem. É um poder discricionário do director, sobre uma crítica de que não gostou.»

    exacto, é um poder discricionário. Mas é exactamente essa a função de um director de jornal.

    Ninguém, nem o mais antigo jornalista com contrato vitalício tem direito a publicar coisa nenhuma sem que o director autorize. Este não pode modificar o texto, mas ou deixa publicar ou não. É o poder e a função que tem.
    Carlos Medina Ribeiro said...
    Compreende-se que se discuta um livro; compreende-se que se discuta a crítica a esse mesmo livro; comprende-se, até - evidentemente! -, que o criticado defenda o seu trabalho.

    Porém, ao usar a expressão "gentinha medíocre", o criticado coloca-se na posição de crítico do crítico, no que parece ser reincidente...

    Cada um sabe de si, mas, quanto a mim, faz mal, pois trata-se de uma posição mais consentânea com a dos cantores pimba quando alguém diz que o são.
    zazie said...
    Este comentário foi removido pelo autor.
    zazie said...
    Tirar um agora a mais.
    zazie said...
    Por acaso, nesta treta estou com o tino, é tudo medíocre, da crítica à boçalidade da resposta do MST, à esperteza saloia do Henrique Monteiro. E isto também é apenas uma opinião de uma blogueira comum.

    ":O))

    Agora o que não é resposta, é dizer-se que pelo facto da censura ter sido legal, deixou de o ser.

    Já se sabe que ele tinha poderes para censurar. O que aqui se disse foi que o fez por protecção ao amigo. E imagino que sim. Para quem conhece esse director bacoco é mesmo o mais provável.

    Mas a resposta grunha do MST é uma tremenda prova de fraqueza.
    Cosmo said...
    «Em breve: Monteiro não é um jornalista comum. Para mim é uma nódoa de jornalista. Incomum.»

    Excelente resumo.
    Mas eu ainda abreviaria mais:
    «Monteiro não é um jornalista comum.
    Para mim é uma nódoa.»
    Carlos Medina Ribeiro said...
    Uma coisa seria o EXPRESSO encomendar a alguém um trabalho (no caso uma crítica a um livro), não gostar da sua qualidade e não o publicar; outra coisa, muito diferente, é ter uma pessoa que habitualmente faz as críticas de livros, que escreve uma que não é do agrado do Director e que, por isso, impede a sua publicação.

    A aceitarmos pacificamente a segunda situação, temos de aceitar também as seguintes:

    O crítico HABITUAL de futebol faz uma crítica a um jogo (ou a um clube ou a um jogador) e o texto pode ser cortado pelo Director.

    Um dos críticos HABITUAIAS de cinema faz uma crítica a um filme (ou a um realizador ou a um actor) e o texto pode ser cortado pelo Director.

    Idem para peças de teatro, exposições de arte, etc., sendo que a "censura" não é feita pelo director da secção respectiva (o que poderia aceitar-se) mas sim pelo Director Generalista - passe a expressão.

    --

    Mas tudo isso tem de ser visto à luz da influência que, pelos vistos, MST tem no EXPRESSO.
    Como é que é possível ter uma página inteira, todas as semanas, ainda por cima - quase sempre - para falar de si mesmo ou para se repetir (como é o caso dos fumadores)? À conta desse verdadeiro enjoo já por várias vezes deixei de comprar o jornal...

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