sem juízos de valor

No fim, dizem, só uma coisa conta - 'É a economia'. À esquerda, no papel, José Sócrates faz o que pode - desembaraçou-se da Ota e do referendo ao Tratado Europeu, colocou os grupos de comunicação social em sentido, como se há-de desembaraçar - a seu tempo - a quem no executivo, e arredores, lhe deixar de ser útil, tem até o eixo Angola-Macau a seu lado. Sócrates não precisa de sondagens para saber que tudo vai depender do estado da economia daqui por uns meses. Se estiver 'boa', i.e. se os portugueses não sentirem na carteira crise a sério - com desemprego a disparar, juros também, etc e tal, Sócrates tem - julgam - a reeleição assegurada, assim como a maioria absoluta. À direita as coisas também não parecem nada complicadas. Uma série de alminhas enganou-se nas contas e quando queriam que Marques Mendes vencesse por uma margem mínima acabaram por entregar o PSD a Luís Filipe Menezes. Agora estrebucham, gesticulam mas não contam. Fora a sede de poder (que os levou a irem cegamente para a cama com Santana Lopes) pouco mais os une, além de não terem no terreno máquinas dignas desse nome - em directas, conta. Menezes será pois, à partida, candidato a primeiro-ministro. Menezes conta aliás para isso com Cavaco. Se, e quando, o barulho interno for excessivo bastará a Menezes agitar o papão da intervenção de Belém para tudo sossegar. O cavaquismo está longe de ser algo homogéneo e Cavaco é demasiado conservador para arriscar expôr-se a sério a uma tentativa de golpe sem sucesso assegurado.

Contudo a sobrevivência de Menezes - até às legislativas - está longe de ser um dado assegurado, como a de Sócrates... também por causa da economia. Se esta, a nível europeu europeu continuar a ir ao fundo, as hipóteses de Durão Barroso continuar à frente da Comissão diminuem a olhos vistos (nem falo do namoro descarado na convenção da UMP este fim de semana entre Sarkozy e Blair) pelo que Barroso, pode subitamente, querendo manter-se na ribalta, e olhar com outros olhos para Portugal. É o único com máquina, clientela e clique, no PSD para ir a directas e limpar Menezes, sem precisar de negociar com ninguém. Barroso apareceria como uma espécie de Salvador da Pátria que deixava a Europa para salvar Portugal. Inverosímil ? Atente-se nas declarações sibilinas de Ângelo Correia - uma das Pitonisas do regime - este fim de semana ao Expresso - indignado com o nada inocente jantar de confraternização do barrosismo profundo, na FIL. Percebe-se aliás o drama do empresário luso-árabe - o plano A - Menezes - a ir pelo cano abaixo, e o Z - Passos Coelho - a nem ter tempo de chegar a refogado.


Vamos ver se no meio disto tudo ainda não vamos ver Sócrates, a pretexto de uma questão qualquer, arranjar forma de antecipar as próximas legislativas, just in case...

É a economia... estúpidos.

Publicado por Manuel 11:29:00  

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